Conta-nos como apareceu a empresa João Valério Vicente Unipessoal, mais conhecida como Horto Praia Grande. Sendo educadora social de formação, foi parar ao ramo das plantas por causa do marido, João Vicente, produtor desde 1980.
Como e quando nasceu a empresa?
A empresa foi fundada em 1980 pelo João Vicente, em Colares, mais precisamente na Praia Grande, e começou com meio hectare de produção de ciclâmenes, prímulas e petúnias.
Qual a localização geográfica e área de produção?
Temos três pontos de produção na freguesia de Colares, Sintra. E outra área de produção, adquirida há um ano, em Monte Redondo, Torres Vedras. Temos agora um total de área de produção de sete hectares.
Quantas pessoas trabalham na empresa permanentemente e sazonalmente?
Temos 26 pessoas a trabalhar permanentemente e mais quatro a trabalhar sazonalmente, nos períodos de maior trabalho.
Esta é uma atividade sazonal ou conseguem ter produção ao longo de todo o ano?
Temos uma produção de plantas que se mantém ao longo de todo o ano.
Qual o tipo de plantas que produzem?
Produzimos essencialmente plantas de época; como, por exemplo petúnias, prímulas, sálvia, viola (amores-perfeitos, etc.), e também herbáceas perenes como Osteospermum, felícias, fúchsia (brincos-de-princesa), Cuphea, pelargónio. Produzimos também alguns arbustos como hortênsias, eugénias, Metrosideros, plantas aromáticas, plantas suculentas, tais como Echeveria, Haworthia, Gasteria, Sempervivum e flores comestíveis como viola, borragem, calêndula, fúchsia, tagetes.
A produção de plantas destina-se ao mercado nacional, para exportação ou ambos?
A produção destina-se na totalidade ao mercado nacional, pois ainda não temos dimensão para a exportação.
Quem são os maiores compradores das vossas plantas a nível nacional e internacional?
Um dos nossos maiores clientes é uma grande superfície em que realizamos uma programação para fornecimento de todo o tipo de plantas. Fornecemos também garden centers e empresas de jardinagem.
Têm alguns pontos de venda direta ao público das vossas plantas?
Temos um garden center na Praia Grande onde vendemos as nossas plantas.
Qual o impacto económico e social que a pandemia de COVID-19 causou neste sector, uma vez que atingiu a época de maior produção e comercialização de plantas?
O maior impacto para nós foi nas flores comestíveis, nas quais tivemos uma quebra de 99 por cento – com o fecho da restauração, o cancelamento de festas e casamentos, deixámos de ter procura. Tivemos três semanas após o Estado de Emergência em que a quebra da faturação foi muito significativa. Não optámos pelo lay-off, pois tínhamos programação com a grande superfície e por isso tínhamos de manter as plantas e os fornecimentos. Após essas três semanas, as vendas começaram a normalizar aos poucos.
Como é que vê o futuro deste sector tão importante para a sociedade portuguesa, quer em termos económicos quer em termos sociais, pela criação de emprego e pela ocupação de solos de forma produtiva em zonas muitas vezes deprimidas economicamente?
Nós temos muita sorte, pois estamos muito bem localizados. Estamos numa zona nobre do concelho de Sintra, onde existem muitas vivendas e onde as pessoas dão muita importância aos jardins, por isso, o consumo de plantas é elevado. No entanto, temos de ser versáteis, principalmente nestas situações de crise e adaptar o nosso produto às necessidades dos nossos clientes. No início do confinamento, notámos um grande consumo nas aromáticas e nas plantas hortícolas e demos logo uma resposta adequada com um grande leque de produtos hortícolas e uma grande variedade de aromáticas.
O facto de não termos entrado em lay-off tranquilizou muito os nossos colaboradores, foi sempre passada a mensagem de que somos uma equipa e que temos que ser criativos para arranjar soluções para atrair os nossos clientes. Optámos também por escoar escoar a produção, com preços mais baixos, tanto na nossa loja ao público como através de promoções para os nossos revendedores. Achámos que seria a melhor solução para evitar deitar plantas fora.
Quer deixar alguma mensagem ou apelo aos leitores da Jardins em relação a este sector, uma vez que são consumidores de plantas?
A mensagem que eu queria deixar era que devemos consumir produto nacional. Falo por mim, já que a nossa produção não é feita em estufas aquecidas e outra parte é feita na rua e por isso temos uma planta muito resistente ao nosso clima. Temos uma planta mediterrânea forte. Ao optarmos por comprar produtos nacionais, estamos a dinamizar a economia portuguesa.
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