Jardins & Viagens

Santar Vila Jardim

No centro de Portugal, conheça este fantástico projeto que combina História, arte e paisagem de forma única.

Herdeira de uma grande casa, a dos Condes de Santar e Magalhães, cuja origem remonta ao século XVI, a família Vasconcelos e Sousa decidiu, em 2013, apostar na preservação e valorização do seu património, com um projecto pioneiro em Portugal, no qual fez questão de associar outras casas importantes da Vila de Santar.

A par de um conjunto de edifícios religiosos, como a Igreja da Misericórdia ou a Igreja de São Pedro, a vila de Santar preserva, ainda hoje um núcleo muito interessante de casas de várias tipologias e tempos.

O projeto Santar Vila Jardim tem como fundador José Luís Vasconcelos e Sousa que, com o seu irmão Pedro e João Ibérico Nogueira, decidiram requalificar o singular conjunto patrimonial de jardins aqui existente.

Sob orientação de Fernando Caruncho, definiram-se as estratégias de intervenção orientadas pelo objetivo de promover ligações entre os diferentes espaços para posterior abertura ao público.

O projeto Santar Vila Jardim

Uma tomada de consciência fez surgir a ideia geradora. Inserida numa região vinhateira, a vila de Santar possui a particularidade única de ser atravessada por terraços de jardins em contínuo: Casa dos Condes de Santar e Magalhães, Casa da Magnólia, Misericórdia, Jardim dos Linhares, Casa Ibérico Nogueira, Paço dos Cunhas, Casa das Fidalgas.

Em todos os jardins, as vinhas marcam forte presença. Valorizar este património paisagístico é o grande objetivo.

Através da reinvenção dos jardins históricos da vila de Santar, o visitante poderá partir à descoberta do património edificado, dos segredos, das vistas, das histórias, das gentes e das tradições de uma das mais antigas e bem preservadas vilas do País.

Artealização

Como pedra angular do projeto Santar Vila Jardim, está a cultura vinhateira ancestral na região. Esta não só determinou uma paisagem e um modus vivendi próprio, como desde há séculos está presente nos costumes e tradições populares e religiosas.

ATRAVÉS DA REINVENÇÃO DOS JARDINS HISTÓRICOS DA VILA DE SANTAR, o visitante poderá partir à descoberta do património edificado, dos segredos, das vistas, das histórias, das gentes e das tradições de uma das mais antigas vilas do País.

As procissões, as festas das vindimas, o trabalho dos campos e os ciclos do vinho são ainda uma realidade. Assim, a artealização – inserção de uma modulação artística – dos jardins de Santar proposta por Fernando Caruncho vem respeitar e reforçar esta identidade cultural.

O que se pretende é que quem aqui chegue possa usufruir de uma experiência única, de sabor genuíno, tomando contacto com uma ambiência ancestral que soube evoluir no tempo adaptando-se à realidade presente.

Diz Fernando Caruncho que os jardins têm uma linguagem universal que transcende diferenças civilizacionais e culturais, isto por tocarem primeiro o coração antes de chegar ao espírito, podendo assim modificar o nosso pensar.

O autor e o seu processo criativo

Nascido em Espanha, o paisagista Fernando Caruncho é uma referência mundial. A obra deste paisagista é marcada por três elementos essenciais, a geometria, a luz e a água.

Do seu processo criativo fazem parte três passos: o contacto físico com o espaço a intervencionar, os desenhos preparatórios e a construção de uma maquete.

No primeiro passo, ao tomar contacto com a topografia, paisagem envolvente, vegetação, arquitetura, cor do céu, etc., Caruncho mergulha no espírito do lugar.

Depois, são necessários desenhos para passar do sonho à realidade. Finalmente, desenvolve uma maquete tridimensional – geralmente à escala 1/250 – onde tudo o que idealizou se materializa.

A construção da maquete é um exercício fundamental para este arquiteto de paisagens que nela pode antever e ajustar os reflexos, o equilíbrio estético, o sombreamento, os pontos de água e a ligação ao edificado.

Para o caso de Santar foi construída uma maquete elítica de 4,20 metros por 2,44 à escala 1/250.

Como em trabalhos anteriores, a maquete não se restringe aos jardins onde irá intervir. Abrange toda a vila e a paisagem vinhateira – Ele utilizou a elipse por esta forma estar presente nos dois elementos estruturantes dos jardins da Casa dos Condes de Santar e Magalhães de Santar, o tanque e o lago, duas peças barrocas do século XVIII.

Para o desenvolvimento do projeto de execução e da implementação da obra, Fernando Caruncho teve o apoio das arquitetas paisagistas portuguesas Susana Morais e Teresa Chambel, ambas com larga experiência em intervenção em jardins patrimoniais.

Casa dos Condes de Santar e Magalhães

Remonta ao século XVI, com o morgadio instituído na altura.

Possui várias fases distintas de construção, a primeira mais antiga iniciada por João Gonçalves do Amaral, seguindo-se outras fases ao longo do século XVII, nomeadamente a capela e a cozinha velha, e do século XVIII, caso da grande varanda/loggia voltada ao jardim, tal como vários painéis de azulejos figurativos existentes no jardim, na varanda e fachadas da casa.

O jardim

Possivelmente de influência italiana, datado do final do século XVII e início do século XVIII, com grandes intervenções nos séculos XIX e XX, encontra-se a sul, junto à fachada posterior da casa, e possui mais de 1,5 ha dentro de muros.

O acesso ao jardim é feito por portal armoriado, junto à fachada lateral da casa, ladeado por grande mirante coberto por estrutura de ferro.

Uma vez dentro do jardim, tem-se à esquerda um mirante coberto por estrutura de ferro a revestir por trepadeiras e depara-se com a extensa fachada com varanda aberta sobre o jardim.

O jardim divide-se em cinco patamares, os primeiros quatro atravessados por um eixo central e divididos em duas grandes quadras. Todos eles são delimitados por canteiros de buxo talhado, pontuados por grandes topiárias em pirâmide e estatuária, com origem francesa atribuída, do século XIX.

No segundo patamar, separado por alameda de camélias com hidrângeas, encontra-se a piscina e relvados.

O terceiro possui canteiros com roseirais e, a delimitá-lo, muro com conversadeiras e alegretes. A oeste, um outro mirante com mesa redonda e coberto por estrutura de ferro.

Próximo deste mirante, encontra-se o novo acesso criado no âmbito do projeto Santar Vila Jardim materializado numa escada de madeira que vence o desnível entre os dois jardins e nos leva ao jardim da Casa da Magnólia.

Em quota mais baixa, com acesso por escada, encontra-se o quarto patamar com quadras preenchidas por vinha delimitadas por buxos talhados e que termina numa balaustrada, dando acesso ao quinto patamar com um grande lago elítico rodeado por bosquete de exemplares notáveis de árvores.

Painel de azulejos Gabriel del Barco

Junto à cozinha velha encontra-se uma fonte barroca com nicho, revestida a azulejos monocromos a azul, de 1700, atribuídos a Gabriel del Barco.

Fonte dos cavalos

Lateralmente surge um terreiro, separando a zona das adegas, com a chamada Fonte dos Cavalos, com a data de 1790, mandada construir por Francisco Lucas de Melo, revestida a azulejos de José Maria Pereira Cão (princípio do século XX), que apresenta quatro painéis representando cavaleiros com os costados da família de Santar.

Estes painéis terão sido mandados fazer por Pedro Paulo de Melo de Figueiredo Pais do Amaral, 2.º conde de Santar.

Casa dos Linhares/Casa Ibérico Nogueira

A norte da casa, fronteiro a esta, encontra-se um pequeno jardim de buxo, chamado Linhares em quota elevada relativamente à rua, com a Fonte da Carranca adossada ao muro exterior.

Este jardim, com acesso por pequeno portão, possui canteiros de buxo com quatro quadras separadas por caminhos e preenchidos por laranjeiras e roseiras. Inicialmente possuía um pomar e hortas.

Atualmente integrado no projeto Santar Vila Jardim, está ligado ao jardim da Casa Ibérico Nogueira por uma pérgula em ferro e granito revestida a trepadeiras.

Situada no coração da vila de Santar, a Casa Ibérico Nogueira é um bom exemplar de casa beirã urbana com passado agrícola. Ao que tudo indica, esta construção é de inícios do século XIX.

Após a morte de Francisco Ibérico Nogueira, em 2009, a propriedade foi herdada pelo seu filho João. A partir do pátio atrás da casa, tem-se uma imensa vista quer sobre as novas hortas instaladas no âmbito do projeto Santar Vila Jardim.

As hortas e pomares de Linhares

O Jardim Ibérico Nogueira, situado numa quota mais elevada em relação aos Linhares, com cerca de 8500 m2, é composto por pomares e hortas, confinados por videiras, onde se promove a agricultura biológica e o cultivo é da responsabilidade de alguns santarenses.

Casa das Fidalgas

Classificada como Imóvel de Interesse Público (2002), a quinta é cercada por muros. O acesso é feito por um largo com uma fonte barroca, de 1789, conhecida como Fonte da Torre.

A casa foi mandada construir no século XVII por Domingos de Sampaio do Amaral. Passou de geração em geração até que, em 1975, Pedro Brum da Silveira Pinto a doou a, D. Duarte Pio e ao seu irmão D. Miguel de Bragança, duque de Viseu.

Passando o portão, encontra-se um terreiro que liga a uma alameda com exemplares notáveis de árvores. Para o lado esquerdo do portão, o terreiro conduz à zona de jardins, hortas e pomares, com arruamentos de buxo talhado.

Os campos da quinta a poente, atravessados pela alameda, são hoje uma imensa vinha plantada e projetada por Fernando Caruncho e Pedro Vasconcelos e Sousa no âmbito do projeto Santar Vila Jardim.

No ponto mais alto, foi construído um grande pavilhão panorâmico de onde, no primeiro plano, se avista a nova vinha, tendo a Casa das Fidalgas e a vila de Santar em segundo plano e, ao fundo, uma imensa planura beirã, aos pés da serra da Estrela.

AS CASTAS PRINCIPAIS SÃO:

TINTO:

Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto, Alicante Bouschet

BRANCO:

Encruzado, Arinto, Malvasia fina

Casa da Magnólia

A Casa da Magnólia é vizinha da Casa dos Condes de Santar e Magalhães, propriedade da família Pinto Amaral Homem.

Atualmente, além da imponente magnólia, no jardim da casa existem inúmeras cameleiras, um tanque de granito e um poço e, contiguamente, numa área que foi de cultivo, existe uma nova vinha jardim bordeada a buxo.

As carreiras levam o visitante a percorrer o jardim e a admirar a paisagem com a serra da Estrela ao fundo. Deste patamar acede-se ao jardim da Casa de Santar mediante uma escada, construída no âmbito do projeto Santar Vila Jardim.

O vinho e a vinha de Santar

As condições biofísicas do território a que Santar pertence e a sua exposição solar determinaram desde sempre a predominância do cultivo da vinha, que aqui se enquadra na paisagem de forma diferente.

Segue um padrão geométrico que poderia ser descrito como um jardim formal. A vinha em mosaico é rematada no horizonte por serras, ladeada por muros de pedra ou por edificado, o que lhe confere grande impacto cénico.

O projeto Santar Vila Jardim reúne os jardins de vinha da Casa dos Condes de Santar e Magalhães, Fidalgas, Ibérico Nogueira e Magnólia.

Neles, conjugaram-se grandes castas num terroir de eleição. Um jardim de vinha é aquele que desperta todos os sentidos.

Os segredos da Natureza e de vinificação ao longo de séculos nas Famílias de Santar foram reunidos e foram criados os blends Vila Jardim e Memórias de Santar.

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