A enxertia é uma técnica de multiplicação vegetativa que consiste em unir partes de plantas distintas.
Há uma planta que fornece as raízes e que se designa por porte enxerto ou cavalo e outra planta que irá formar a aérea e se designa por garfo ou enxerto.
Porque se recorre à enxertia?
Os motivos pelos quais se recorre a esta técnica de multiplicação são muito variados. Entre os quais, permitir reproduzir espécies que sejam estéreis e, portanto, não produzem sementes.
Este é o caso de muitas roseiras e fruteiras. Também é de grande importância em variedades de plantas com dificuldade em criar raízes.
Permite ainda adaptar as plantas a diferentes condições de solo e clima, através da utilização de porte enxertos com características específicas, como sejam a maior resistência à seca ou ao excesso de água, à salinidade, a solos ácidos ou alcalinos, ao frio, nomeadamente geadas, entre outras.
Do ponto de vista da jardinagem e do pomar caseiros, permite ter uma planta enxertada com várias variedades.
Geralmente, as enxertias fazem-se entre plantas da mesma família, muito embora haja exceções.
Antes de fazer enxertias, é conveniente consultar alguém que já tenha experiência na técnica ou bibliografia da especialidade para que não ocorram incompatibilidades entre o porte enxerto e o enxerto.
Enxertia de borbulha ou gomo
Nesta época do ano, a técnica de enxertia a que se recorre é a de borbulha ou gomo.
Esta técnica consiste em destacar um fragmento de casca munido de um gomo (o garfo ou enxerto) da planta que queremos que constitua a parte aérea, inseri-lo no caule de outra planta (o cavalo ou porte enxerto), que tem as raízes e lhe fornecerá água e alimentos para o seu desenvolvimento.
Esta técnica é utilizada para grande parte das fruteiras e plantas ornamentais como as roseiras.
Porquê fazer estas enxertias no verão?
Com o calor, a seiva circula em grande quantidade e é muito rica em nutrientes; é fácil destacar a casca das plantas sem as ferir.
Como fazer passo a passo
Material necessário: Tesoura de poda; Canivete de enxertia (devidamente limpo, desinfetado e afiado); Pano húmido (para guardar o enxerto); Fita para atar o enxerto.
- Escolher o enxerto. Os gomos ou borbulhas devem ser escolhidos em ramos de plantas já em produção e apresentarem-se suficientemente desenvolvidos e bem visíveis.
- Cortar o limbo da folha. Uma vez escolhido o gomo ou borbulha a destacar, o passo seguinte é cortar o limbo da folha que lhe está associada, deixando uma parte do pé (pecíolo) da folha.
- Remover o gomo ou borbulha. O gomo deve ficar com casca com pelo menos 1,5 cm acima e aproximadamente 1,5 a 2 cm abaixo.
- Conservar. Para que o gomo não seque, deve guardar-se num pano húmido.
- Preparar o porte enxerto. Prepara-se o porte enxerto para receber o enxerto. Com o canivete faz-se um corte em “T” no local do tronco onde se quer enxertar o gomo.
- Destacar a casca. Uma vez feito o corte em “T”, há que destacar a casca abrindo os seus bordos com a parte saliente do canivete de enxertia, como de fosse uma “janela”. Esta parte saliente do canivete é macia e não fere a casca.
- Introdução do enxerto. Uma vez aberta a “janela”, introduz-se o enxerto, com o gomo voltado para cima e de forma que fique sensivelmente a meio.
- Ajuste do enxerto. Com o canivete, acerta-se a parte de cima, cortando o excedente de forma que haja uma justaposição perfeita entre os tecidos do enxerto e do porta-enxerto; encosto perfeito de casca com casca. O enxerto só será viável se ocorrer união destas partes, pois só assim conseguirá ser alimentado de seiva elaborada de cima para baixo.
- Atar o enxerto. Ata-se firmemente o enxerto da parte de cima e da parte de baixo deixando o gomo destapado.
Passado um mês, os tecidos já deverão estar unidos, caso contrário, o enxerto não terá pegado. Uma vez pegado o enxerto, o gomo irá desenvolver-se e emitir um ramo.
Geralmente, corta-se a parte do porta-enxerto acima do enxerto, para que a parte aérea seja apenas constituída pelo ramo emitido do nosso enxerto.
Fotos: José Pedro Fernandes
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