Isabel foi a minha primeira e excelente Directora da Pais e Filhos, revista que lancei no início dos anos 90 e a partir daí teve/tem uma brilhante carreira como jornalista e autora de livros históricos. Possuidora de fino e mordaz humor a Isabel dedica-se à jardinagem com o mesmo entusiasmo com que se faz à vida.
Onde se situa o seu jardim e que área tem?
Em Sintra, perto do centro histórico. É pequeno, e o mais complicado é que tenho a concorrer comigo o grande jardineiro da paisagem natural de Sintra, o rei D. Fernando II.
O que faz no seu jardim? Tem ajudas?
Tenho fases de envolvimento mais ativo com o jardim, em que faço tudo desde arrancar as ervas daninhas (é terapêutico) a podar, mudar plantas de sítio e plantar novas, e outras em que o deixo em paz.
Tenho um jardineiro que faz a manutenção e corta a relva, arruma as tesouras, as pás e os ancinhos que vou esquecendo pelo caminho. E os meus netos, que são os jardineiros mais entusiastas que conheço.
Quais as ferramentas de jardinagem que usa no seu dia a dia?
Todos os tipos de tesouras e pás. Graças a um vídeo da Jardins, apaixonei-me por um corta-sebes pequeno e portátil – pedi (e recebi) de presente de anos em 2021.
Odeio luvas, gosto de sentir a terra nas mãos (e tenho um truque para não sujar demais as unhas — antes de começar a jardinar, arranhá-las num sabonete).
Esta entrevista foi conduzida pelo fundador da revista Jardins. Conheça-o!
Quais os jardins em Portugal que prefere?
Gosto muito dos jardins do Parque da Pena, em Sintra, do Jardim Botânico da Madeira, e do jardim do meu genro, em Bolembre.
Recomenda algum livro sobre jardins? Que revistas e/ou jornais lê sobre o tema?
Não é para dar graxa, mas leio sempre a revista Jardins e “passeio” muito no site. Para a escrita dos meus romances históricos, leio todos os documentos antigos que consigo encontrar sobre plantas medicinais, são fascinantes. Para entusiasmar os mais novos pelos jardins recomendo O Jardim Secreto, da Francis Burnett, em livro ou em filme, na versão com a Maggy Smith, e [umas] cartas de jogar lindas, com as famílias das árvores — Tree Families, da Laurence King Publishing Families.
Qual foi o último objeto relacionado com jardinagem que comprou? E que ofereceu?
Tesouras, estou sempre a perdê-las! Ofereço muitas vezes luvas bonitas de jardinagem e regadores. E adoro receber plantas, porque, sempre que as vejo no jardim, lembro-me de quem mas ofereceu, mesmo quando já não estão entre nós.
O que aconselha aos jardineiros amadores?
Que, quando planeiam o que plantar, estudem primeiro as características de cada planta — até que altura cresce, se precisa de mais ou menos água, etc. — para depois não terem surpresas. É frustrante ver desaparecer as flores lindas de uma azálea atrás de um arbusto que desatou a crescer como um feijoeiro mágico.
Fez algum curso? Onde?
Não fiz nenhum curso e não tenho a certeza se gostava de fazer, porque o que me dá prazer em jardinar é seguir a intuição e aprender com a
experiência. É claro que, de vez em quando, preciso de mais informação. Vou procurá-la diretamente ou pergunto a quem sabe, mas, à exceção desses momentos, gosto de ter a cabeça mais vazia.
Qual é a sua planta ou flor preferida?
Neste momento, o meu voto vai para as romãzeiras. Também gosto muito de amores-perfeitos.
Em que horto compra as suas plantas e porquê?
Habitualmente, o Jardim Primavera, em Sintra, ou o Horto do Campo Grande, no Linhó. Respondem a todas as minhas perguntas.
Que móveis de jardim tem e quais considera indispensáveis? Trata-os regularmente? Como?
Uma mesa e cadeiras que resistem com dificuldade à humidade de Sintra. Todas as primaveras é preciso ressuscitá-las, mas gosto muito de as lixar e recobrir com Bondex.
Qual foi o momento/acontecimento que a fez interessar-se por jardins?
O meu pai adorava jardins e ia-me dizendo os nomes das plantas nos nossos passeios. A arte de fazer bailarinas a partir de papoilas já passou para os bisnetos.
Tem roupa específica para jardinar?
A mais confortável e sujável que conseguir, mas há momentos em que, no impulso de “resolver” um problema no jardim, precipito-me diretamente sem mudar de roupa – tenho marcas de relva nos meus melhores jeans.
Leia também “No jardim com… António Bagão Félix”
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