Revista Jardins

O Cymbidium devonianum e os seus híbridos

É um dos meus Cymbidium favoritos e não tem flores grandes nem muito vistosas, as suas pequenas flores esverdeadas são simplesmente adoráveis.

Cymbidium Devon Gala

Muitas vezes as nossas preferências ou paixões são inexplicáveis e é deste modo que posso justificar a minha adoração por este Cymbidium. O meu exemplar foi comprado há mais de uma década, numa exposição em Londres em que o produtor exibia uma bonita planta em plena floração e vendia pequenos exemplares com dois ou três anos, quase com tamanho suficiente para florirem pela primeira vez.

O que me atraiu inicialmente foi a beleza das hastes florais, a cair em cascata, repletas de pequenas flores, com cerca de 3 cm, de uma cor pouco comum, com sépalas e pétalas esverdeadas com umas sombras carmesim e um pequeno labelo mais escuro, púrpura, quase roxo. Uma maravilha.

A planta

Esta espécie é originária do Nepal, nordeste da Índia, Butão, norte da Tailândia, sul da China, Laos e Vietname. Cresce a diferentes altitudes entre os 1200 e os 2200 metros de forma litófita, em maciços de arenito ou granito vermelho cobertos por uma camada de folhas e líquenes, em zonas sombreadas ou debaixo de arbustos em rocha nua e ainda de forma epífita, em troncos de árvores cobertos por musgos e fetos em zonas mais sombrias.

As plantas são compostas por pequenos pseudobolbos arredondados com folhas não muito compridas e mais largas que as dos Cymbidium mais comuns. As florações são tardias, no final da primavera (entre abril e junho), e as hastes florais são pendentes ou espalham-se pela superfície da rocha ou tronco onde a planta está a crescer.

Dados históricos

Os primeiros exemplares trazidos para a Europa foram coletados por John Gibson no norte da Índia em 1837, numa expedição botânica encomendada pelo sexto duque de Devonshire, para a sua coleção botânica instalada na sua propriedade – Chatsworth – no norte de Inglaterra. Joseph Paxton, o responsável pela coleção botânica de Chatsworth, conseguiu a primeira floração em 1843, sendo também o responsável pela descrição e registo da espécie. O nome ‘devonianum’ foi dado em honra ao seu patrão, o duque.

As informações dadas por Gibson revelam que os espécimes foram coletados nas montanhas de Khasia e que cresciam em troncos de velhas árvores mortas e já em decomposição.

Cymbidium Cliff Hutchings

O cultivo

Em Portugal podemos manter o Cymbidium devonianum todo o ano no exterior, protegendo-o no inverno de geadas e neve, devendo ser recolhido para o interior em locais onde as temperaturas descem abaixo dos 8 oC. Os vasos devem ser altos, pois as hastes florais são pendentes, ou podemos optar por cestos suspensos. O substrato deve proporcionar uma boa drenagem, logo, um substrato para orquídeas composto por casca de pinheiro, fibra de coco, um pouco de musgo de esfagno para manter a humidade e um pouco de carvão vegetal são ideais. As plantas devem ser mantidas num local à sombra com boas e frequentes regas nos meses mais quentes, e, mesmo no inverno, o substrato deve ser mantido húmido. O excesso de sais diluídos na água ou excesso de fertilização provocam nesta espécie queimaduras castanhas na ponta das folhas. Se isto acontecer, deixe de fertilizar e regue com água da chuva.

Os híbridos

Quando Joseph Paxton descreveu as flores do Cymbidium devonianum, estava maravilhado por ser o primeiro Cymbidium que via com as hastes pendentes, e essa característica levou a que, quando se começaram a fazer hibridações entre Cymbidium, esta espécie fosse uma das escolhidas para cruzamentos. O primeiro híbrido com esta espécie foi feito em 1911, sendo registado como Cymbidium Langleyense (Cymbidium devonianum x Cymbidium lowianum), e até hoje existem várias dezenas de cruzamentos com o Cymbidium devonianum. As características principais que se procuram nos descendentes são os labelos largos e com desenhos ou veios coloridos e uma boa quantidade de flores formando cachos pendentes. 

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