Revista Jardins

Os parques dos santuários: Santuários raianos

Santuário do Almurtao

 

Nossa Senhora do Almurtão, Idanha-a-Nova. Nossa Senhora de Mércoles, Castelo Branco. São Caetano, Chaves. Nossa Senhora da Penha, Castelo de Vide. São Salvador do Mundo, São João da Pesqueira.

 

Na Raia de Portugal existem santuários ‘perdidos na paisagem imensa’ de onde ‘lá ao longe via Espanha…’. Raramente localizados em lugares de passagem, de um modo geral, são destinos em si próprios e de origem muito antiga. Estão equipados com extensos arraiais, zonas de merenda, zonas de parque, capelas e ermidas, por vezes unidas por um escadório ou um modesto caminho processional mais ou menos rampeado, mais ou menos envoltos por matas onde abundam espécie autóctone e pontuam algumas espécies exóticas.

Pela sua autenticidade, integridade e simbolismo selecionámos cinco: Nossa Senhora do Almurtão, em Idanha-a-Nova; Nossa Senhora de Mércoles, em Castelo Branco; São Caetano, em Chaves, Ermida de Nossa Senhora da Penha, em Castelo de Vide; por último, São Salvador do Mundo, em São João da Pesqueira, que não sendo propriamente raiano tipifica igualmente os nossos territórios do interior, ditos de baixa densidade: e pontua magnificamente sobre ovale do rio Douro.

 

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Nossa Senhora do Almurtão

Nossa Senhora do Almurtão em Idanha-a-Nova é um lugar de culto muito antigo já mencionado no foral de D. Sancho II. Lugar de continuada peregrinação até aos dias de hoje, faz reverberar na memória o cantar popular “Senhora do Almurtão/Minha tão linda raiana/Voltai costas a Castela/Não queirais ser castelhana… Senhora do Almurtão/a vossa capela cheira/cheira a cravos, cheira a rosas/cheira a flor de laranjeira…”. A ermida, com a sua entrada alpendra da suportada por arcos, abre para a imensidão da paisagem e é rodeada por amplos espaços de arraial, recentemente equipados com extensos telheiros de abrigo.

 

 

Nossa Senhora de Mércoles

A Ermida de Nossa Senhora de Mércoles já foi um lugar ermo, mas hoje insere-se na periferia da cidade de Castelo Branco, embora mantenha a sua singeleza e singularidade. Construída, no século XII, pelos Templários num suave cabeço, está envolta por extensos arraiais onde pontuam azinheiras e oliveiras centenárias com impressivas copas. A ermida mantém-se rodeada de amplos espaços que acolhem os peregrinos na terça-feira que segue o segundo domingo depois da Páscoa. Envolta em lendas, a origem da romaria remonta ao século XVI.

 

 

São Caetano

O Santuário de São Caetano localiza-se na encosta da serra da Pena d’El Rei, próximo da povoação de Soutelinho da Raia e da fronteira com a Galiza, rodeado por frondoso parque, com cerca de 20 hectares com recinto para missa campal, arraial e ampla zona de merendas. Chegando ao recinto do santuário, uma alameda de cedros culmina na capela oitocentista. Atrás desta, situam-se os quartéis de peregrinos, construídos no princípio do século XX e, numa quota mais baixa, está a capelinha dos Milagres, do século XVI, uma fonte e uma outra capelinha. Aqui terá existido o mosteiro beneditino medieval de São Paio de Osso de apoio ao caminho de Santiago.

 

 

Nossa Senhora da Penha

A ermida de Nossa Senhora da Penha fica no alto de um monte, sobranceiro à vila de Castelo de Vide, em pleno Parque Natural de São Mamede. Foi construída no século XVI e acede-se a ela por uma longa escadaria que termina no pequeno adro da ermida pontuado por um cruzeiro. Na base da escadaria, encontra-se um singelo parque de merendas com um pequeno bosque e uma fonte. A meio da escadaria, encontra-se um assento de pedra em que a tradição manda sentar e pedir desejos. Tem a seguinte quadra inscrita: “Cadeirinha de Nossa Senhora,/Cadeirinha do meu bem;/Onde se sentou Nossa Senhora/Sento-me eu também”.

 

 

São Salvador do Mundo

O Santuário de São Salvador do Mundo encontra-se no Monte do Ermo, sobranceiro ao rio Douro sobre o cachão da Valeira, hoje local da barragem do mesmo nome. O santuário é constituído por nove capelas com figuras de tamanho natural no seu interior representativas dos passos da Paixão de Cristo ligadas por um caminho ascendente intercalado por toscos lanços de escada. Na base do santuário, encontra-se a Capela de Cristo no Horto antecedido por um cruzeiro. A seguir vem a capela da Traição de Judas, seguida da do “Ecce Homo”, depois ade Cristo no Caminho do Calvário, que leva à capela principal, a quinta capela, dedicada ao Calvário e a de construção mais antiga, rodeada por quartel de peregrinos e casa de ermitão. Entre as fragas, através de escadas, alcançam-se as capelas do Senhor Morto, do Senhor Ressuscitado e finalmente a de Nossa Senhora da Graça, bem no topo, e próximo fica a capela de Nossa Senhora da Penha. O monte está envolto numa mata constituída por sobreiros, medronheiros e carrascos que emergem das fragas graníticas.

 

 

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