Revista Jardins

Passeios ribeirinhos: Lisboa, Almada e Oeiras

Passeio ribeirinho Cacilhas-Ginjal- Jardim do Rio

Passeio ribeirinho Cacilhas-Ginjal-Jardim do Rio

 

Passeios ribeirinhos e marítimos do estuário do Tejo

 

O desafio é conhecer melhor as margens estuarinas do rio Tejo e as frentes ribeirinhas de Lisboa, Almada e Oeiras, assim como os seus passeios ribeirinhos e marítimos, que unem uma enfiada de grandes palácios reais e aristocráticos, quintas e jardins, que estão hoje à disposição e usufruto de todos nós. Desde o antigo Paço Real Pombalino, da Praça do Comércio, à Casa da Cerca, na outra banda, em Almada, passando pelo Paço de Santos-o-Velho, ao Paço e Quinta Real das Necessidades, até ao Palácio Real, Tapada e Jardim Botânico da Ajuda, paredes-meias com o Palácio de Belém e o Jardim Botânico Tropical. Um pouco mais à frente, a Real Quinta de Caxias e,já na Barra do Tejo, enquadrados, pela fortaleza de São Julião da Barra e pelo Farol do Bugio, fechamos este percurso ribeirinho no Palácio e Quinta de Recreio do Marquês de Pombal em Oeiras.

É uma vasta oferta gratuita de vários quilómetros de paisagens de ambientes e de património cultural e artístico de palácios quintas e jardins, mesmo ali à beira de água. O continuum de quintas e jardins está à disposição de todos, jovens e menos jovens, aliando a caminhada a essa grande oportunidade e privilégio de pontualmente entrarmos num mundo de histórias e de História e de usarmos esses momentos e visitas para revivermos e aprendermos com eles, pois pertencem ao património público e estão ali à nossa espera por serem facilmente acessíveis e totalmente abertos ao nosso usufruto.

 

Real Quinta das Necessidades – Alcantara

 

Passeios e margens ribeirinhas para todos os gostos

No antigo Terreiro do Paço, atual Praça do Comércio, ainda hoje podemos ter o prazer de visitar o Paço Real setecentista da rainha D. Maria I, construído pós-terramoto, hoje a atual Pousada da Praça do Comércio do Grupo Pestana. Daqui podemos optar pelos vários Passeios.

 

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Almada, o Ginjal e a Cerca

O percurso de cacilheiro, ainda que rápido, faz-nos sentir o prazer de navegar no rio. Chegamos a Cacilhas e ao cais do Ginjal por entre uma antiga paisagem decadente de construções e cais portuários dominada pelas escarpas rochosas de Almada. No virar de uma curva, é a surpresa máxima, entramos numa paisagem irreal de uma aldeia piscatória mediterrânica.

A praia, os restaurantes e esplanadas, os barcos que passam com Lisboa ao fundo. E, sobranceiro, o elevador panorâmico na sua modernidade contrasta com o recente Jardim do Rio, espera-nos a Casa da Cerca, o Centro de Arte Contemporânea, o jardim botânico. Um passeio verdadeiramente de tirar o fôlego com a melhor vista sobre Lisboa, já enaltecida ao longo de gerações e em muitas ocasiões da nossa História.

 

Praia do Ginjal

 

O Centro de Arte Contemporânea comemorou no ano passado os 30 anos da sua reabilitação e da abertura ao público. Pode adquirir o livro-catálogo da exposição comemorativa com as mais recentes e importantes descobertas sobre esta Quinta de Recreio, incluindo as produções hortofrutícolas, os jardins e as estadias reais do século XVI.

Filipe I elogia a vista em carta escrita às suas filhas em 1581, quando aqui permaneceu 15 dias até entrar em Lisboa: “de y una pieza alta, donde yo es-cribo, se vede una ventana todo lomás del largo de Lisboa” (in Traçar o Pensamento – 30 anos Casada Cerca – Centro de Arte Contempo-rânea, edição C. M. Almada).

 

 

Retomando a margem norte e o passeio ribeirinho

De regresso no cacilheiro ao Cais do Sodré, temos pela frente 19 quilómetros de passeios ribeirinhos e marítimos até São Julião da Barra e Oeiras. A pouco mais de 800 metros, uma paragem obrigatória no primeiro conjunto palaciano, Santos-o-Velho, a Igreja dos Santos Mártires, Veríssimo, Máxima e Júlia, que remonta ao século XII, e o antigo Paço Real, hoje Embaixada de França, visitável mediante marcação, com os seus jardins e a mesa onde D. Sebastião tomou a sua última refeição antes de embarcar para Alcácer Quibir.

 

Paço de Santos

 

O Paço e a Quinta Real das Necessidades

As Necessidades remontam ao século XVIII. Atualmente a cerca é gerida pela Câmara Municipal de Lisboa e está aberta a todos, é um privilégio entrar neste parque e nestes jardins, nas suas várias facetas; a mais notória é o projeto do século XIX saído do imaginário do nosso rei artista D. Fernando II, projetado e construído pelo jardineiro Monsieur Bonnard. Quando lá entramos, sentimos todo calor de um espaço familiar, a paisagem romântica e naturalista que se prolonga para lá dos muros para o oceano e para os edifícios e a paisagem rural da Tapada da Ajuda.

 

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O Paço de Belém e o Jardim Botânico da Ajuda

Coladinho ao passeio ribeirinho “Carlos do Carmo”, junto à estação fluvial de Belém, temos oportunidade de visitar o antigo Paço Real de Belém, construído nos séculos XVI e XVIII, atual Palácio Presidencial, que oferece visitas guiadas em vários horários e entradas pagas. Destaca-se pelo valor histórico arquitetónico e artístico, nomeadamente pelos jardins da rainha D. Maria I, a Cascata de Hércules o Pátio dos Bichos, a Menagerie Real.

Com acesso separado estão à nossa disposição os cerca de 10 hectares do Jardim Botânico Tropical que são parte da antiga Cerca Real. Outros pontos de interesse são os Jardins da Praça do Império, recentemente reabilitados, e, no cimo da Calçada da Ajuda, o Palácio e o Jardim Botânico da Ajuda, o mais antigo de Portugal, construído no século XVIII.

 

Palácio de Belém

 

Oeiras: A Quinta Real de Caxias e a Quinta de Recreio do Marquês de Pombal

Já no concelho de Oeiras, no Passeio Marítimo, com início em Algés e a cerca de seis quilómetros mais a frente de Belém, encontramos o Paço e a Quinta Real de Caxias, acessível a pé, de bicicleta ou, para os menos atletas, tomando o comboio da linha de Cascais, que tem uma paragem na estação de Caxias mesmo em frente à quinta real.

A Quinta Real de Caxias, de acesso gratuito e gerida pela Câmara Municipal de Oeiras, é uma visita obrigatória nestes passeios primaveris pela sua qualidade ambiental, pelo conjunto escultórico da autoria de Machado de Castro, com o episódio da mitologia greco-romana do banho da deusa Diana e do castigo do caçador Atião, sendo ainda de destacar o jardim da cascata monumental. Não menos espetacular é a subida à cascata para a leitura dos desenhos de topiaria de buxo e pelo alinhamento com a entrada dos navios na barra.

 

Passeio marítimo de Algés a Oeiras

 

A Quinta de Recreio do Marquês de Pombal, a vila de Oeiras e o passeio marítimo

A nossa proposta de visita primaveril a estas quintas de recreio e paços reais culmina precisamente frente à barra e ao oceano Atlântico, marcado pelo fantasioso ilhéu do farol e Torre do Bugio. E termina com chave de ouro no mais ousado e proeminente investimento das quintas de recreio do século XVIII; a propriedade da família Pombal em Oeiras, além de construir esta enorme paisagem cultural, promoveu uma total transformação urbanística no núcleo histórico de Oeiras, com praças e arquitetura erudita que lhe valeu várias visitas e estadias reais, principalmente pelas suas três cascatas monumentais. Hoje a quinta é parcialmente propriedade da Câmara Municipal de Oeiras, a visita é gratuita e estão disponíveis visitas guiadas e inúmeros programas culturais.

 

Bugio

 

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