Jardins & Viagens

Marrocos: Visita ao jardim de Veere Grenney

Terraços

 

Tânger foi uma grande surpresa, e Vieille Montagne, um local privilegiado com magníficas casas e jardins.

 

Embora conheça muito bem Marrocos, onde fui umas duas dezenas de vezes por razões profissionais nos anos 1980, Tânger nunca foi das minhas cidades preferidas, ultrapassada pela beleza de Fez, Marraquexe, Essaouira, o vale de Ourika ou o Oukaïmeden num alto planalto do Atlas.

Desta vez, com o desafio de visitar jardins privados nos arredores de Tânger, foi irresistível fazer a viagem. E foi uma grande surpresa porque muito perto da cidade situa-se a Vieille Montagne, um dos locais mais requisitados pelas famílias abastadas marroquinas e por estrangeiros aí residentes, o que levou à construção de casas com maravilhosos jardins. Uma das razões será a frescura do clima e o facto de estar banhada em simultâneo pelo oceano Atlântico e pelo mar Mediterrâneo, o que favorece fantásticas vistas às várias casas lá situadas. Também não será alheio o facto de o rei aí ter uma das suas residências de verão, o que atrai toda a aristocracia.

 

Lago de nenúfares

 

A Vieille Montagne é assim um local privilegiado de magníficas e sofisticadas casas com belíssimos jardins e uma população de residentes famosos e semi famosos dedicados às artes e com assinatura na vida boémia. Decoradores, marchands d’art, arquitetos paisagistas e artistas plásticos animam a vida cultural da zona com a organização de concertos, recitais,  peças de teatro, oferecidos aos privilegiados aí residentes ou amigos visitantes.

Jantei e almocei em casa de alguns destes proprietários e pasmei-me com o grau de cosmopolitismo e sofisticação que encontrei quer nos ambientes, quer na magnífica forma com que nos receberam.

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De todos os locais que visitei, talvez o que mais me tenha encantado tenha sido Gazebo, a casa marroquina de Veere Grenney. Objeto de artigos em revistas prestigiadas como a Architectural Digeste a House & Garden, casa e jardim deixam qualquer um encantado e não admira que o proprietário aí se instale a maior parte do ano, preterindo a sua outra magnífica casado século XVIII, The Temple, situada no Suffolk.

Veere, embora pouco conhecido em terras nacionais, é famoso em Inglaterra, para onde emigrou da sua nativa Nova Zelândia. Decorador de interiores e escritor, Veere alia à britânica inspiração em David Hicks e nos famosos Colefax and Fowler, elementos islâmicos locais, criando um ambiente de bom gosto único quer na casa quer nos jardins.

 

 

Gazebo era originalmente uma pequena cottage pertencente a uma escritora escocesa que de imediato se encantou com a dimensão do terreno, com cerca de um hectare e com a maravilhosa vista sobre o mar. Em 2012, começou o trabalho ciclópico de transformação da casa e dos jardins então inexistentes, uma amálgama desordenada de plantas que obstruíam a visão do mar.

Com a ajuda de Umberto Pasti, seu vizinho (que também visitei e conheci), e do arquiteto paisagista Christopher Masson, foi-se dando forma à piscina e ao design do jardim, um difícil parto de cerca de quatro anos, dada a pobreza do solo e a floresta de flora local há anos instalada.

Passear pelo jardim de Veere é um verdadeiro deslumbramento não só pela variedade dos percursos (o jardim é todo em terraços), como pela originalidade dos cenários encontrados: um sofisticado gazebo para refeições desenhado por Cosimo Sesti; um lago de nenúfares; uma fonte islâmica; uma maravilhosa piscina discretamente afastada da casa; e árvores, muitas árvores, de palmeiras a eucaliptos e jacarandás, além de coloridos canteiros habilmente plantados com canas-da-índia, Plumbago, rosas, múltiplas variedades de begónias gigantes que fizeram a minha inveja.

 

 

Magnificamente mantido por três jardineiros full-time, não me cansei de tudo fotografar e, pela primeira vez, senti que aquele era talvez o meu segundo jardim preferido, a seguir ao meu, claro.

À entrada da casa, um pátio de laranjeiras com uma pequena fonte central fornece a assinatura islâmica do local.

Da casa não vou escrever porque não é este o local próprio, mas não quero deixar de dizer que também me encantou e, para quem queira conhecer melhor o bom gosto de Veere Grenney, recomendo a leitura do seu profusamente ilustrado livro A Point of View, publicado pela Rizzoli, que dá ideias e sugestões para os vários ambientes de uma casa.

 

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