Revista Jardins

Roma e Toscânia (parte I)

Roma: Jardins do Vaticano

 

A nossa segunda viagem do ano, do programa Jardins do Mundo foi fantástica. Durante dez dias fizemos um percurso que começou em Roma e terminou em Florença.

 

Começámos da melhor forma, com uma visita aos jardins e galeria da Villa Borghese, terminando o dia com um beberete na varanda do Palácio Médici, com Roma aos nossos pés. O grupo era de 33 pessoas de todas as idades e foi uma viagem mesmo muito animada.

Visitámos os maravilhosos jardins do Vaticano, que são únicos e impecavelmente mantidos. Tivemos ainda ocasião de ver os Museus do Vaticano e a Capela Sistina, o Castelo de Santo Ângelo, passeámos nas ruas de Roma, passando pela escadaria da Praça de Espanha, Fonte de Trevi, Praça Navona, etc.

 

A Galeria Borghese

 

 

Este é um dos museus imperdíveis em Roma; além de ficar localizado no pulmão verde da cidade A Villa Borghese, alberga uma magnífica coleção de pintura e escultura dos grandes mestres, Bernini, Caravaggio, Rafael, Canova, etc. O edifício também é muito bonito, a coleção foi iniciada no século XVII pelo cardeal Scipione Borghese, sobrinho do Papa Paulo V.

Entre muitas obras, podemos destacar uma sala que tem a maior coleção de obras de Caravaggio do mundo, da qual se destaca um quadro muito original, o do Rapaz com cesta de flores.

As esculturas de Bernini são absolutamente fascinantes e mudaram a forma como se fazia escultura. Pudemos ver peças como o Rapto de Prosérpina, David com a cabeça de Golias, ou a escultura Apolo e Dafne, em que ela está a transformar-se em árvore. Uma das peças centrais é a escultura de Paolina Borghese deitada numa cama, feita por António Canova.

 

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Villa Médici

 

 

Desde o século I a.C. que nesta colina existia um jardim, mandado construir por um antigo comandante romano Lúcio Lúculo. Mais tarde, este jardim, descrito como muito bonito, cheio de fontes e esculturas, foi cobiçado por Messalina, mulher do imperador Claúdio, tendo passado a ser propriedade do imperador. Foi no século XVI que passou para a família Médici, que mandou aumentar o palácio, construindo uma nova galeria e área, e também fez várias intervenções no jardim, introduzindo plantações, caminhos, elementos de água, vasos e estátuas romanas, etc.

No final dos anos 80 do século XVI, os Médici tiveram de partir para a capital do ducado da Toscana, Florença, para governar a Toscana no lugar do seu falecido irmão e o palácio foi saqueado por ordem de Leopoldo II – quase todos os objetos de valor cultural foram transportados para Florença. No início do século XIX, Napoleão Bonaparte ordenou a instalação da Academia Francesa de Artes no palácio, permanecendo até hoje. Infelizmente o estado de manutenção do jardim não é o melhor, pois a prioridade do investimento é na arte contemporânea, como se pode ver pela exposição que estava na entrada do palácio.

 

Jardins do Vaticano

 

 

Visitar estes jardins magníficos foi uns dos pontos altos da viagem e uma ótima forma de a começar. Estes jardins envolvidos integram o conjunto monumental do Vaticano e são, desde a Idade Média, o paraíso terrestre para os Papas e demais entidades eclesiásticas.

A reformulação dos jardins foi maior no período renascentista e no barroco, estando decorados desde essa época com uma profusão de fontes
e estatuária diversa.

O traçado serpenteado e suave dos arruamentos ao longo da colina, pontuado de grutas e fontes, e a existência de vários jardins de época (jardim “à italiana”, “à francesa”, “à inglesa” e “à americana”) tornam o passeio delicioso mesmo com o dia de calor que se fazia sentir, pois a
sombra das árvores monumentais ajudava a dar frescura ao caminho. Os bosques de carvalhos, cedros, ciprestes, oliveiras e azinheiras ocupam as zonas mais declivosas, numa área de cerca de três hectares.

Estes jardins existem desde que o Papa Nicolau III, no século XIII, deixou o Palácio de Latrão para residir no Vaticano e começou por plantar
simbolicamente um pomar.

Onde hoje existem o Pátio do Belvedere e os restantes pátios dos Museus do Vaticano, teve lugar o Circo de Nero, onde os primeiros cristãos, incluindo São Pedro, foram sacrificados. Segundo a tradição, Santa Helena (mãe do imperador Constantino I) espalhou simbolicamente a terra trazida do Gólgota (monte do Calvário, Jerusalém) para unir o sangue de Cristo ao derramado por milhares de cristãos primitivos que morreram sob a perseguição de Nero.

Tivemos a oportunidade de conhecer e falar com um dos jardineiros que cuida do jardins do Vaticano e que diz que todos os dias se cruza com o Papa Francisco.

 

Viterbo

 

 

Em direção à maravilhosa Toscânia, parámos em Viterbo, uma cidade com um bonito centro histórico, para visitar o Palácio do Papa e a catedral, onde vimos a sepultura do único Papa português, João XXI, e tivemos em seguida um excelente almoço. Esta é conhecida como a Cidade dos Papas, uma vez que no século XIII vários Papas tiveram aí a sua residência e passaram aqui mais tempo do que no Vaticano. Foi em Viterbo que foi feito o primeiro Conclave e que foi eleito o único Papa português, João XXI. O conclave teve este nome, pois vem do latim cum clavis, que significa fechado à chave, pois foi exatamente isso que aconteceu. Depois da difícil e longa escolha do Papa Gregório X, que nunca mais se decidia, os populares, fecharam os eclesiásticos no palácio papal com poucas provisões e retiraram uma parte do telhado. Rapidamente chegaram a um consenso e a partir daí este ficou a ser o procedimento para a eleição papal.

Foi nesta época que o cardeal português Pedro Julião Rebolo (conhecido por Pedro Hispano) foi eleito Papa, tendo escolhido o nome de João XXI. Apesar de ter sido Papa apenas oito meses, nunca foi esquecido, pois foi um grande médico, filósofo, matemático e professor. Pudemos ver a sua sepultura na catedral de Viterbo.

 

Giromagi

Já na Toscânia, fizemos a nossa primeira paragem em produtores de plantas, uma das novidades nas viagens. Perto de Cortona, visitámos a Giromagi, eu tinha visitado esta produção e fiquei absolutamente rendida.

 

 

História

Esta empresa teve início há 25 anos, quando Patrizio Pipparelli começou a produzir plantas numa pequena estufa e as vendia numa carrinha porta a porta. O nome da empresa – Giromagi – foi uma homenagem do mesmo aos seus quatro filhos, Gi (Gianni) Ro (Romano) Ma (Marcello) Gi (Giulio). Neste momento, a empresa continua a ser da família, liderada por Romano e Marcelo Pipparelli. Hoje em dia, esta empresa é a maior produtora de catos e suculentas de Itália, liderando o mercado não só pela quantidade de plantas comercializadas, mas também pela grande variedade. Tínhamos à nossa espera o dono, Romano Pipparelli, Luca Quilici, diretor de Exportação da Flora Toscana que nos acompanhou a todos os produtores, e Daniele Emiliano, diretor de Marketing.

Aqui produzem-se mais de sete milhões de plantas por ano de mais de mil variedades diferentes e há neste momento mais de três hectares de estufas de plantas em produção só aqui.

 

 

Garden center e Design studio Giromagi

Além da produção, visitámos também o garden center e studio da empresa, um local onde as plantas estão expostas de forma a criarem os melhores ambientes e a brilharem como merecem. Este é um local onde o consumidor final pode vir comprar, mas também é o sítio que serve de showroom para os clientes estrangeiros, que desta forma percebem como podem organizar também as plantas nos seus pontos de venda.

O difícil é escolher, porque a variedade de formas, tamanhos, cores, texturas e florações deixa os amantes de plantas com vontade de levar tudo para casa.

 

Cortona

Seguimos para Cortona, onde ficámos instalados no boutique hotel Villa Marsili, com uma localização magnífica, na encosta e uma vista sobre o vale e a paisagem. Foi o hotel onde ficou o elenco do filme Sob o sol da Toscânia, e o guião está na sala de estar do hotel para quem quiser ver.

Cortona é uma típica vila toscana com uma enorme riqueza patrimonial. Vimos a muralha etrusca, a Basílica de Santa Margarida de Cortona, a padroeira da terra, de enorme importância para a história de Cortona, – o seu túmulo está no altar-mor da Basílica que se situa ao lado de um convento de Clarissas que ainda hoje funciona.

 

 

Eremo de Celle

Visitamos o eremitério franciscano “Eremo de celle”, um sítio magnífico de beleza e paz, por onde passou São Francisco de Assis e onde podemos admirar a cela onde ele ficou. Neste eremitério ainda vivem hoje vivem sete frades franciscanos. Eu tinha visitado este local em 2021, mas como estávamos em plena pandemia de covid, não tinha conseguido entrar, tendo visto apenas do pátio de cima, mas fiquei maravilhada e com vontade de voltar.

Este local foi fundado, em 1211, por São Francisco, que passou aqui muito tempo, pois este local fazia parte do caminho entre Assis e a Toscânia e há muita documentação que relata a sua presença aqui.

Além de toda a simbologia religiosa, a integração arquitetónica e paisagística da estrutura é perfeita.

Ainda tivemos tempo de fazer um passeio pela muralha etrusca, pelas ruas de Cortona e para almoçar na famosa praça principal.

 

Floramiata

 

 

Seguimos viagem para a Floramiata um produtor de plantas de interior associado da Flora Toscana, com uma área de produção de cerca de 27 hectares e que produz mais de três milhões de plantas por ano. Luca Quilici da Flora Toscana, continuou a acompanhar-nos na viagem e fomos recebidos pelo CEO da empresa, Roberto Leo, que nos mostrou como se faz a produção desde a planta-mãe até à planta final.

A propriedade onde se insere tem uma área de 127 hectares, sendo 27 hectares de estufas para produção de plantas tropicais utilizadas como
plantas de interior.

A Floramiata produz cerca de três milhões de plantas por ano. Está localizada numa antiga mina que foi desativada nos anos 1980 e reconvertida em viveiros. Como nesta zona existem águas termais quentes, todo o aquecimento das estufas é feito por geotermia. Esta é uma energia limpa que não polui o ambiente e que representa uma enorme poupança energética. Um dos grandes objetivos desta empresa é a sustentabilidade ambiental, pretendendo chegar a um valor de emissão zero de dióxido de carbono, visando tornar-se a primeira empresa italiana com a denominação Carbon Free.

São muitas as plantas de interior produzidas como Scindapsus (planta-jiboia), Spatiphyllum (lírio-da-paz), zamioculca, Ficus benjamina, Philodendron, Croton, Nephrolepsis (fetos), Pachira aquatica (planta-do-dinheiro), sanseviéria (espada-de-são-jorge), Anthurium (antúrios), Dieff enbachia, etc.

O Spatiphylium da variedade Martina é uma variedade exclusiva da Floramiata, para os quais detêm royalties – mais ninguém pode produzir esta planta sem autorização.

 

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