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Academia dos Produtores: Bambuparque

O maior viveiro da Europa especializado em bambus.

É uma história de amor aquela que levou Yves Crouzet a cruzar-se com os bambus e que mais tarde o trouxe para Portugal. Em 1990 fundou o Bambuparque que hoje produz mais de 100 espécies de bambu, numa produção de 86 hectares dividida entre Odemira e Vila Velha de Rodão.

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Em 1990, fundou o Bambuparque, que hoje produz mais de100 espécies de bambu, numa produção de cerca de 86 hectares dividida entre Odemira e Vila Velha de Ródão.

Origem

Yves Crouzet é francês, mas neste momento já se sente português, uma vez que vive em Portugal desde o ano em que fundou o Bambuparque. Os bambus surgiram na sua vida por intermédio da sogra, que detinha a coleção mais antiga de bambus da Europa, La Bambouserai e d’Anduze. Quando ele ficou encarregue de a gerir, decidiu viajar pelo mundo, principalmente pela Ásia, para aumentar a já numerosa coleção de bambus, tendo-se apaixonado por estas plantas maravilhosas.

Como algumas espécies não se adaptavam bem ao frio do inverno francês, Crouzetcomeçou a procurar um sítio com invernos menos frios para que o bambu pudesse crescer no exterior. Encontrou o seu lugar de sonho em Portugal, que sente como o “país do coração”.

Produção

O Bambuparque tem os seus viveiros em Odemira e em Vila Velha de Ródão, numa área total que ronda os 86 hectares. Ali alberga uma coleção de mais de 260 espécies de bambu, produzindo para venda mais de uma centena. Considera-se que no planeta existem mais de 1500 espécies. Um dos bambus mais apreciados é o bambu-negro (Phyllostachys nigra), cuja cana escura contrasta com o verde vivo da folhagem. Esta espécie pode crescer até aos oito metros e é muito usada em decoração. O Phyllostachys edulis é um dos bambus mais conhecidos na China e, em condições ideais, pode alcançar 28 metros de altura. No Bambuparque, produzem-se bambus de diferentes dimensões: anões (até 1m de altura), pequenos (1-3 m), médios (3-8 m) e gigantes (mais de 10 m). Podem ser vendidos em vasos de três, 50 ou até 210 litros. Os exemplares de maiores dimensões destinam-se, por norma, aos arquitetos paisagistas.

Qualidades do bambu

O bambu é uma das plantas do mundo com crescimento mais rápido. Pode crescer mais de um metro em 24 horas durante a época de crescimento. Comparativamente a outras plantas, o bambu produz mais 35% de oxigénio e absorve 35% mais dióxido de carbono. Ainda contribui para restaurar solos degradados, pois aumenta a quantidade de matéria orgânica no solo após a sua fixação. É uma das poucas espécies que consegue sobreviver em terrenos onde anteriormente estiveram culturas de eucalipto. Neste contexto, Akash Thapaliya, CEO do Bambuparque desde 2022, considera que o bambu é uma das melhores plantas para combater as alterações climáticas.

Ao contrário do que muitos pensam, o bambu não carece de muita água depois de instalado. A necessidade de rega é efetivamente maior nos primeiros dois anos após ser plantado, mas depois de ter as raízes bem desenvolvidas, esta necessidade reduz-se consideravelmente. No viveiro, a água utilizada provém da barragem de Santa Clara, sendo previamente filtrada e armazenada.

Quanto às vendas, o produto é maioritariamente enviado para o estrangeiro. Cerca de 70% da produção é exportada.

Potencial e versatilidade

Apesar de o foco estar na produção e comercialização de bambus, a empresa começou a dinamizar eventos e workshops para mostrar todo o potencial dos bambus. Alguns dos temas abordados são gestão financeira e operacional das plantações, plantação e cuidados a ter com bambus ou ainda técnicas para a criação de produtos, estruturas e materiais de construção.

Esta planta é tão versátil que toda ela pode ser aproveitada. As canas podem ser usadas para construção, e o material sobrante pode ser encaminhado para produzir vinagre de bambu, usado na agricultura, carvão ativado de bambu, que serve como filtro de água, ou hidrolato de bambu, que faz bem à pele. A cana processada pode ser transformada em ripas prensadas, conhecidas como plywood, um material resistente e leve. Das folhas do bambu pode-se preparar um chá com propriedades medicinais que fortalece as articulações e o sistema ósseo.

Dada a versatilidade do produto, o destino dos bambus também é diferenciado. Exemplo disso é o facto de o bambu produzido no Bambuparque estar a alimentar os pandas residentes nos jardins zoológicos de Madrid, Málaga e Qatar.

Futuro

Yves Crouzet não se considera um homem de negócios; diz-se um “homem da terra” que tem uma visão clara para o futuro. Quer desenvolver a agricultura com bambu e, simultaneamente, envolver os agricultores na indústria do bambu. Atualmente, estão a desenvolver em Portugal uma plantação de 500 hectares de bambu que irá alimentar a primeira fábrica da Europa de produtos feitos a partir de bambu. A fábrica irá transformar esta matéria-prima em contraplacado e móveis. Se cada hectare produz 1500 canas por ano, que podem ser vendidas a 5-7€ cada, com a fábrica estimam multiplicar por dez as receitas.