O aroma dos jacintos, a cor dos crocos e a beleza das túlipas começam a despontar nos jardins, encantando quem já almeja a primavera. Mas o que têm em comum estas plantas?
Embora muito diferentes entre si, as três plantas são bolbosas, ou seja, plantas que se desenvolvem através de uma estrutura subterrânea/órgão, onde reservam nutrientes que garantem a sua sobrevivência. Há muitíssimas espécies de plantas bolbosas e estamos familiarizados com muitas das suas flores por serem frequentemente utilizadas pelas floristas para arranjos (flores de corte). Normalmente são plantas da família das Liliaceae, das Iridaceae e das Amaryllidaceae e são plantas com comportamento perene, que têm um período de desenvolvimento e floração seguido de um período de dormência onde “regressam” ao solo. O seu mecanismo de armazenamento é tão eficaz que, mesmo sujeitos a condições climáticas adversas, como geadas ou calor intenso, resistem e voltam a repetir o seu ciclo vegetativo.
Se não precisa de ler mais para ficar convencido a plantar bolbos no jardim, saiba que, ao dirigir-se a um centro de jardinagem, vai encontrar três tipos de bolbos que se organizam pela época em que florescem: os bolbos de primavera, os de verão e os de inverno. Esta organização tornará muito mais simples o planeamento da sua varanda ou jardim.
Bolbos de primavera
Túlipas, narcisos, jacintos, Crocus, amarílis, iris e Aliuns florescem após um período frio intenso e, por isso, são plantados no final do outono. Neste momento consegue encontrá-las floridas nos viveiros, e resistir-lhes é uma tarefa quase impossível.
Bolbos de verão
Dálias, lírios, gladíolos e jarros plantam-se no final da primavera para florir no verão. Não são tão resistentes ao frio intenso pelo que é frequente tirar-se o bolbo do solo e preservá-lo em local fresco e seco.
Bolbos de outono
O açafrão é um exemplo de uma especiaria recolhida das flores (mais propriamente dos estigmas) do Crocussativus que despontam quando as temperaturas começam a descer. São flores muito bonitas e não é acaso se vir Crocus em flor nesta agora esta planta pode fazer uma floração no inverno e outra novamente no outono.
Aprenda a plantar bolbos de inverno
Embora, na generalidade dos casos, se tratem todas as plantas bolbosas por bolbo, existem cinco classificações botânicas para os estes órgãos de reserva: bolbos, cormos, rizomas, tubérculos e raízes tuberosas.
Os bolbos funcionam como caules modificados em que as folhas podem armazenar nutrientes. Podem ser tunicados, com folhas em camadas justapostas entre si (como é o caso das túlipas, dos jacintos ou da cebola), ou escamosos, como o lírio, cujas folhas se organizam da mesma forma com uma aparência mais suculenta. Os cormos são caules modificados, de aspeto sólido e rijo. Um bom exemplo é o Cornus ou o gladíolo. O rizoma é mais uma reserva subterrânea de nutrientes que cresce horizontalmente no solo. Nesta tipologia encontram-se os íris e, por exemplo, o gengibre. Por sua vez, as raízes tuberosas como a batata-doce e as dálias, crescem subterraneamente, sendo ricas em substâncias como o amido. O mesmo acontece com os tubérculos (caules engrossados que são capazes de originar novas raízes, ramos e folhas) de que são exemplos o ciclâmen e a begónia tuberosa.
Agora que já tem umas noções sobre bolbos, sabe como utilizá-los?
Vejamos três opções.
Plantar na terra
Plantar bolbos em bordadura é sempre uma boa opção para quem não prescinde de um jardim florido e fragrante em qualquer época do ano.
Se pretende uma mancha colorida e fácil de manter, aponte para plantar pelo menos seis bolbos de cada espécie e deixe-se encantar pela mancha de cor que daí resultará! Pequenos aglomerados distribuídos por entre plantas perenes criam recantos maravilhosos. Para este efeito, use e abuse de bolbosas de flores grandes – narcisos, túlipas e Alliuns são alguns exemplos e intercale-os com Muscari sp. (jacinto-uva) e Crocus, que originam manchas incríveis quando florescem às centenas.
Plantar em vaso/floreira
Os bolbos não precisam necessariamente de ser plantados em canteiro. Podem ser plantados em vasos com outros bolbos ou mesmo combinados com outras plantas. É importante garantir um substrato de plantação arejado, ter em consideração a profundidade de plantação e a distância a que se coloca cada bolbo, devendo a distância de plantação estar entre os 5 cm e os 15 cm entre si (dependendo da espécie). Quanto à profundidade, um bom ponto de referência a ter é a dimensão do próprio bolbo: a profundidade de plantação deverá ser duas a três
vezes o tamanho do bolbo.
A drenagem não pode ser deixada ao acaso: colocar, na base do vaso, uma camada de argila expandida ajudará a que, mesmo que regue em excesso, os bolbos não apodreçam. Em vaso, a fertilização antes da floração levará a que a flor dure mais tempo e a aplicação de fósforo garantirá um desenvolvimento radicular melhorado.
Plantar em água para decoração
Cultivar bolbos em água é uma tendência que alegra e aromatiza a casa mesmo no inverno. Embora seja simples, nem todos os bolbos são boas escolhas mas pode considerar narcisos, túlipas, e Crocus como opções, assim como os jacintos ou as frésias, os meus favoritos! Com o recipiente certo (um recipiente de vidro vai permitir acompanhar o desenvolvimento das raízes), luminosidade, água limpa e frio na altura certa, terá bolbos em casa e poderá mesmo utilizá-los na decoração de uma mesa ou num arranjo com outras plantas.
Ideias para estar mais próximo da natureza não faltam! Aproveite os dias cada vez maiores e renda-se ao jardim.
Leia também “O fascínio dos bolbos”
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