Em agosto, a 10ª edição do Eco Festival Azores Burning Summer volta à Praia dos Moinhos, em Porto Formoso, São Miguel, Açores.
O Azores Burning Summer é um projeto cultural com um programa multidisciplinar, inclusivo e de intervenção socioambiental, com impacto positivo nas comunidades locais e na experiência de quem visita a ilha de São Miguel. Nas palavras de Filipe Tavares, diretor do festival, funciona, de certa forma, como um evento guardião da Praia dos Moinhos.
A sustentabilidade assenta no equilíbrio de três áreas: Económica, Social e Ambiental. A organização do Eco Festival Azores Burning Summer olha para a vertente ambiental como sendo a base para o sucesso económico e social. A organização do festival tem como objetivo evitar o desperdício e promover a alteração de hábitos de consumo, sendo que a maior meta a alcançar é o despertar da consciência ecológica coletiva.
Além do programa sociocultural voltado para as temáticas da sustentabilidade e ecologia, o festival adota algumas medidas logísticas e de funcionamento também elas mais amigas do ambiente. Segundo Filipe Tavares, esse foi o ponto de partida para tornar o Azores Burning Summer num evento mais sustentável.
Primeiro identificámos os problemas, os focos de poluição e analisámos a nossa capacidade de resolver o que estava mal. As dificuldades principais foram a resistência à mudança, por parte de alguns fornecedores e membros da equipa, e também a capacidade de investimento para promover as alterações pretendidas. Com sensibilização e alguma criatividade, fomos ajustando o modo de funcionamento do evento ao longo das várias edições. Primeiro estabelecemos objetivos e foi assim que surgiu a nossa primeira meta ambiental “desperdício zero” – analisámos tudo o que os fornecedores e público traziam para o festival, tudo o que saía dos nossos balcões de atendimento para público e o que as diferentes equipas que participam no evento utilizavam durante o seu trabalho, seguimos a política do R’s, ou seja, reduzimos consumos, recuperamos e reutilizamos materiais e por fim reciclamos, mas não desperdiçamos. Depois introduzimos a meta “ruído visual” que consiste na inibição de publicidade física no recinto. Não queríamos contribuir para a produção desses materiais e passámos a promover os nossos patrocinadores apenas nos Led Screens e no digital. Esta medida exigiu alguma sensibilização dos nossos parceiro. A princípio pareceu uma medida radical, mas o efeito é maravilhoso pois permite um maior contacto entre o público e a Natureza que circunda o recinto do festival, despido de publicidade. Mais tarde introduzimos as metas “beatas zero” e “car sharing”, ambas a evoluir de forma gradual. Estamos atentos ao que temos de melhorar e desafiamo-nos continuamente para que o festival seja mais sustentável. Com a introdução de uma série de medidas, surgiu a vontade de reforçar o nosso compromisso ecológico com uma programação de sensibilização.
O festival é o primeiro evento nos Açores a obter a certificação “Evento mais sustentável”, atribuída pela SGS, líder mundial na certificação. Em 2024, os Iberian Festival Awards atribuíram-lhe o prémio nacional e ibérico na categoria de Melhor contributo para a sustentabilidade.
Sobre o impacto ambiental inerente à deslocação das pessoas à ilha para participar no festival, Filipe refere:
O turismo é um sector importante para os Açores, tem um efeito multiplicador na nossa economia, simplesmente precisa ser organizado, distribuído ao longo do ano e dimensionado para a realidade da nossa Região. O Azores Burning Summer é um festival de pequena/média dimensão, acontece no pico do Verão onde a ilha de São Miguel, de uma forma natural e inevitável, está repleta de visitantes. Estamos conscientes de que tudo nos Açores deve ser pensado com sentido de escala. Não somos um festival de massas, defendemos sim um acesso equilibrado, e por isso estabelecemos uma lotação equivalente a dois terços do máximo permitido por lei precisamente para garantir que o festival não altera o lugar onde acontece e não se torna em algo insuportável para quem o frequenta. É um evento com reduzido impacto ambiental, com excelentes níveis de segurança e conforto. Cerca de 40% do nosso público são turistas que estão de férias nos Açores, são muito poucos os que se deslocam de propósito para participar no festival, não é essa a nossa ambição. Defendemos este festival neste formato e dimensão.
Programação
A ligação do festival às músicas do mundo é uma das características mais marcantes deste evento cada vez mais cosmopolita que tem como um dos principais objetivos unir os povos através da cultura e reunir esforços para a construção de um mundo melhor através da conjugação de um programa artístico e cultural de dimensão internacional com um posicionamento ecofriendly que irá contar com música, cinema, ecodesign, veículos elétricos, debates, land art e ações comunitárias.
Nos dias 30 e 31 de Agosto teremos o Moinhos Revival que junta músicos locais com músicos visitantes, com os DJ Sets dos Djs Narco Paulo e FLiP e duas jam sessions organizadas pelos músicos Jaime Goth e Ricardo Reis. A programação musical conta na primeira noite, especialmente dedicada a Cabo Verde, com Mayra Andrade, Princezito e Ferro Gaita, DJ Sets de Novo Major, Adrian Sherwood acompanhado pelo MC Ghetto Priest, Milhafre e Mesquita & Laura. Na segunda noite teremos Moullinex Live, Da Chick, Xinobi Live, os DJ Sets de Isilda Sanches, Herberto Quaresma, Pedro Tenreiro e encerra com a dupla Moullinex & Xinobi num back-to-back. O festival terá ainda duas iniciativas que pretendem despertar a consciência ecológica coletiva: o Eco Market e a Expo Veículos Eléctricos. Para encerrar o festival em agosto, o público poderá presenciar a instalação de fogo BURNING LOVE.
Filipe Tavares refere que a seleção dos conteúdos do festival é baseada na sustentabilidade, o que por sua vez consiste no equilíbrio de três pilares: Ambiental, Social e Económico, sendo o Ambiente a base de tudo.
“Seguindo esta ideia, o Festival, para além das medidas ecológicas implementadas em função de objetivos ambientais traçados, promove, também, um conjunto de atividades que constituem o designado programa ecológico. No campo social desenvolvemos o programa comunitário de saúde VIVE (dias 29 de Junho e 6 de Julho), de acesso gratuito e que tem como objetivo estreitar os laços com a comunidade local, melhorar os níveis de literacia em saúde da população, promover a atividade física e promover a saúde mental e desenvolvimento pessoal. Ainda no campo social temos o programa comunitário HABITAT (entre 2 e 4 de Setembro) dedicado aos mais jovens que pretende fortalecer o sentimento de pertença e o gosto pelo lugar onde se vive, através da valorização e preservação da história, das vivências e tradições, do património cultural e natural (este projeto está muito centrado no conhecimento e defesa do nosso mar). Temos também a programação de cinema ao ar livre (Cinema na Praia, de 12 a 15 de Agosto), com o intuito de abrir portas à reflexão. A seleção de filmes pretende promover mudanças de comportamento e sensibilizar o público para questões ambientais e sociais.”
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