Ornamentais

Beleza além da copa

A diversidade das árvores pelo seu ritidoma.

De acordo com a organização BGCI (Botanic Gardens Conservation International) existem mais de 400 mil espécies de plantas conhecidas no mundo, cada uma delas com as suas particularidades. A cor, textura e forma são características estéticas cuja combinação permite criar uma infinidade de ambientes nos jardins. A cor da folhagem e a sua presença ou a ausência durante a estação fria, a cor e a época de floração e a sua frutificação são quase sempre as principais características morfológicas que despertam a nossa atenção numa planta, mas a beleza do mundo natural está nos detalhes. Quantas vezes olhamos para todas as partes que compõem uma planta? Este mês queremos divulgar uma particularidade que pode não ser imediata, a beleza dos diferentes tipos de ritidoma. E o que é o ritidoma? O ritidoma é a casca seca e morta das árvores e arbustos, geralmente fendida, que pode ser mais ou menos rugosa e que constitui uma camada de proteção da planta. Cada espécie tem uma aparência de ritidoma que lhe é característica, quer seja pela sua tonalidade, aparência (áspera, lisa, fissurada, estriada, etc.), forma de desprendimento (placas, tiras, escamas, etc.), presença de estruturas especiais (acúleos, espinhos, cicatrizes peciolares, etc.) e exsudação (resina, látex, etc.), o que as torna únicas e especiais. O desafio que lançamos este mês ao leitor é o de apreciar a beleza dos ritidomas que caracterizam as diferentes espécies de árvores com que temos o privilégio de nos cruzar diariamente nos jardins, parques e arruamentos.

CUPRESSUS SEMPERVIRENS L.
CIPRESTE-COMUM

Família: Cupressaceae
Altura: Até 30 metros
Espécie característica da região mediterrânica, muito utilizada como ornamental. O cipreste-comum é uma árvore perenifólia, de copa cónica ou piramidal, originária da Europa, Ásia ocidental, África de Leste e mediterrânica. O seu tronco apresenta um ritidoma castanho acinzentado, finamente estriado, com pernadas numerosas, bastante próximas, ramos levantados ou patentes. As suas folhas são verde escuras, lustrosas, simples, escamiformes, com inserção oposto-cruzada, cobrindo todo o ramo. A sua floração é pouco expressiva e ocorre no fim do inverno, em fevereiro-março. O seu fruto é um gálbulo globoso-oblongo, castanho-amarelado a acinzentado.

BRACHYCHITON POPULNEUS (SCHOTT & ENDL.) R.BR.
ÁRVORE-GARRAFA

Família: Sterculiaceae
Altura: Até 15 metros
Árvore perenifólia, com copa densa piramidal em jovem e arredondada em adulta, originária da Austrália. Tronco ereto mais largo na base, de ritidoma verde-acinzentado com fendas. Folhas de cor verde, glabras, brilhantes, alternas, inteiras de limbo ovado a largamente ovado. Flores unissexuais campanulado-lobadas, de cor brancoamarelada por vezes com máculas vermelhas, dispostas em cachos pendentes. A sua floração ocorre em maio-junho. Fruto múltiplo de cinco folículo lenhosos.

LAGERSTROEMIA INDICA (L.) PERS.
FLOR-DE-MERENDA

Família:Lythraceae
Altura: 7 a 8 metros
Planta originária da região da Ásia tropical à Austrália, muito cultivada nos jardins portugueses, sobretudo no sul, devido à beleza das suas flores e por exigir pouca manutenção. Caracteriza-se por apresentar um tronco com um ritidoma liso, de cor ocre e destacável, particularmente decorativo. Esta pequena árvore ou arbusto de grande porte apresenta folhas de regime caduco e uma floração exuberante, reunida em panículas cónicas, de cor rosa, branca ou púrpura. A sua época de floração é de junho a outubro.

ARAUCARIA HETEROPHYLLA (SALISB.) FRANCO
ARAUCÁRIA-DE-NORFOLK , PINHEIRO-DE-NORFOLK

Família: Araucariaceae
Altura: Até 70 metros
Árvore perenifólia, com copa piramidal, geralmente regular e simétrica, originária da ilha de Norfolk. Tronco colunar, até 1,75 m de diâmetro, com pernadas regularmente verticiladas horizontais e de ritidoma castanho-escuro, rugoso desprendendo-se em tiras horizontais em árvores novas e nas adultas em pequenas escamas. Folhas polimórficas, dispostas em espiral, verdes, brilhantes, as dos indivíduos novos diferentes dos das plantas adultas, nos indivíduos novos aciculares. Flores unissexuais, as masculinas amarelo-acastanhadas a amarelo avermelhadas, inseridas em raminhos jovens laterais, e as femininas inseridas em raminhos curtos. A sua frutificação é um estróbilo, vulgarmente designado por pinha.

PINUS CANARIENSIS C.SM.
PINHEIRO-DAS-CANÁRIAS

Família: Pinaceae
Altura: Até 30 metros
Árvore perenifólia, resinosa, de copa piramidal, originária das ilhas Canárias. O seu tronco ereto, de ritidoma espesso castanho-avermelhado, destacando-se em placas irregulares, apresenta pernadas robustas, quase horizontais. As suas folhas verdes, brilhantes, de secção triangular, são aciculares, reunidas aos grupos de três. A sua floração é pouco expressiva, ocorre entre os meses de março e maio. A sua frutificação é uma pinha grande (10-14 cm de comprimento) oblongo-cónica.

CEIBA SPECIOSA (A.ST.-HIL.) RAVENNA
PAINEIRA

Família: Malvaceae
Altura: 30 metros
Árvore de grande porte, originária das regiões da Argentina e do Brasil. O seu tronco apresenta uma forma peculiar, mais larga na base do que no topo, sendo por isso vulgarmente apelidada de barriguda. O seu ritidoma de tonalidade cinzento-esverdeado, é estriado verticalmente, dilatado na base com acúleos cónicos, fortes no tronco e ramos, mais afiados nos ramos mais jovens. Com o passar dos anos, a árvore vai perdendo os acúleos no tronco. A sua folhagem é caduca e apresenta uma exuberante floração cor-de-rosa. A paineira é apelidada de árvore da memória, uma vez que floresce na época correspondente à primavera do seu local de origem (Brasil e Argentina), o nosso outono.

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