Revista Jardins

Bosque encantado na Serra da Ponta do Sol

Bosque Ecantado - Serra da Ponta do Sol

 

Quem sobe o Caminho do Pomar D. João – antiga Estrada Real 28, que ligava a Ponta do Sol, no sul, a São Vicente, no norte da ilha da Madeira – não suspeita que, no sítio das Nogueiras, no alto da freguesia da Ponta do Sol, entre os 800 e os 900 metros de altitude, há uma clareira, que contrasta com o denso eucaliptal envolvente, povoada por uma enorme diversidade de árvores, arbustos, trepadeiras e herbáceas ornamentais. A mata-jardim, que ao longo do ano exibe variados espetáculos multicoloridos, é a expressão do amor pelas plantas de António Salazar e Nélio Mendes, sócios de uma pequena empresa de construção civil que, desde 2005, têm aplicado algumas das suas poupanças na criação dum bosque encantado, atualmente com uma área aproximada de 5 hectares.

Da flora da Madeira prosperam os gerânios, os massarocos, os loureiros, os tis, os vinháticos, os barbusanos, os paus-brancos, as urzes-molares, as urzes-das-vassouras, os cedros-da-madeira, os sanguinhos, os azereiros, as faias-das-ilhas, as uveiras-da-serra, as estreleiras, as abrotônas e os alegra-campo.

 

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Do arquipélago vizinho das Canárias vieram variedades de margaridas arbustivas de flores singelas e dobradas, brancas, cor-de-rosa e avermelhadas, que formam vistosas manchas e um massaroco herbáceo bienal (Echium wildprettii) conhecido por Taginaste del Teide.

Da Europa encontram-se cerejeiras, ginjeiras, ameixeiras, nogueiras, castanheiros, vidoeiros, tílias e ciprestes.

Da África do Sul brilham as flores das proteáceas, das açucenas-da-serra, dos crinos, das margaridas-do-cabo, das estreleiras-amarelas, das gnídeas e dos jarros.

A América do Norte está representada pelas sequoias, pelas magnólias de flores grandes e folhagem persistente, pelos espruces-azuis, pelos liquidâmbares, pelos ciprestes-limão e pelos sumagres-da-virgínia.

 

 

As dálias são originárias do México e da América Central, enquanto as astromélias ou lírios-dos-incas são indígenas da América do Sul, tal como as tibouchinas ou aranhas.

Da Austrália destacam-se asbanksias, as macadâmias, os martinetes, as grevíleas e as flores-de-de-cera-de-geraldton (Chamelaucium uncinatum).

As magnólias de folha caduca, cultivares criadas a partir de progenitoras chinesas, crescem exuberantes na companhia de outras espécies nativas da Ásia Oriental, como por exemplo, o cipreste-chorão-da-china, o salgueiro-chorão, a flor-franja-chinesa, o ácer-do-japão e o pinheiro-guarda-chuva-do-japão (Sciadopitys verticillata), relíquia das florestas frescas eurásicas do Triássico, anteriores ao aparecimento dos dinossauros, que se manteve nas montanhas do Japão.

Em agosto de 2016, o fogo correu bravo no eucaliptal e a plantação sofreu queimaduras graves. À primeira vista parecia que tudo estava perdido, mas a resiliência da Natureza e a vontade indomável de António Salazar associaram-se no renascimento do bosque encantado naquele lugar recôndito da serra da Ponta do Sol, que continuou a ser enriquecido com novas plantas, merecendo uma especial referência a coleção de cerca de 800 cultivares de íris, plantados em 2021.

 

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