Entrevistas

Conheça a Elisabete Vila Viçosa, fundadora da Mini Mô

Entrevistámos a fundadora da Mini Mô e autora do novo livro Grandes Jardineiros de Pequenos Jardins. Trata-se de um livro que promete unir as famílias em torno da Natureza por via da jardinagem, mesmo os que não têm jardim ou quintal.

Depois de ser mãe, criou a Mini Mô. Em que consiste e de onde vem este nome?

A Mini Mô Gardens é um projeto que desenvolve minijardins decorados em vaso, usando principalmente suculentas, por serem das plantas mais variadas e menos exigentes a nível de cuidados – ideal para as crianças. Com o passar do tempo e com muito trabalho, o meu público-alvo foi evoluindo e atualmente muitos dos minijardins e até workshops são para toda a família ou mesmo só para os adultos.

Os crescidos precisam de recuperar a sua infância no dia a dia, reavivar a imaginação, explorar o saber fazer brincando, enquanto em contacto com a Natureza. Os minijardins proporcionam tudo isso.

O nome Mini Mô tem a sonoridade de uma cantilena que inventei com uma amiga, quando tinha 6 anos: “Chini mô, môná môná mô-ná má”. Nunca a esqueci e até a Lupe, a minha filha, a canta muito naturalmente. A parte do Mini é fácil de perceber, comigo é tudo em miniatura, até mesmo os jardins, que são desenvolvidos in loco. O Mô saiu diretamente da cantilena que me é tão querida e, como também é o diminutivo de Amor, ficou irresistível de usar! Quando me perguntam isto nos workshops, dou sempre um espetáculo de cantoria!

Entretanto, o seu público foi crescendo. Estão também os adultos a necessitar de resgatar universos mágicos de outros tempos?

Sem dúvida! Os adultos reconhecem a sua criança interior nos mini-jardins. Como trabalho com figuras amorosas, muitas pessoas “derretem-se” com elas e com a fofura associada às plantas suculentas. Há ainda muitas vezes uma associação de sentimentos representados na decoração dos minijardins; muitos deles contam fragmentos de histórias pessoais ou celebram memórias delicadas e, uma vez que todos são personalizados, tornam cada cliente um cliente especial, independentemente da idade.

Acaba de lançar Grandes Jardineiros de Pequenos Jardins. A que se propõe este livro?

O objetivo principal deste livro é promover o contacto com a Natureza através da jardinagem com uma abordagem dirigida às famílias, para que seja cada vez mais acessível a todos, mesmo os que não têm jardim ou quintal. Com uma linguagem simples, desmistificando a gíria específica da área, mas mantendo o rigor técnico e acentuando o sentido de responsabilidade inerente. Pretendo estimular o interesse e avivar a imaginação dos mais pequenos com o recurso a dicas, curiosidades e atividades lúdicas, levando um pouco da Natureza para a casa dos leitores.

Acredita que todos podemos ser jardineiros, independentemente do espaço e do tempo?

Sim! Essa é a ideia base do livro e uma filosofia em que acredito veementemente. Poderemos sempre jardinar e cuidar de plantas conforme as condições de vida de cada um ou de cada família, porque a Natureza ajuda-nos a ajudá-la se estivermos dispostos a recebê-la nas nossas vidas. Alguém que viaje muito poderá sempre optar por catos, porque são pouco exigentes a nível de água, ou uma família que cozinha sempre em casa poderá apostar sobretudo em ervas aromáticas, por exemplo. Há uma “verdinha” certa para cada pessoa.

Como é envolver as crianças na jardinagem, passando-lhes, com isso, a importância da Natureza?

Tenho a sorte de desenvolver workshops com os mais pequenos e em família, e as crianças são naturalmente capazes de jardinar. Ficam muito entusiasmadas no momento de mexer na terra e sentem-se realmente satisfeitas e felizes com o resultado final, que plantaram e criaram. Quando terminam e levam o seu minijardim para casa, muitos colocam-no no quarto e assumem a responsabilidade de cuidar das suas plantinhas. Essa sensibilidade é o primeiro passo para a empatia, curiosidade e respeito pela Natureza. E, para mim, estes baby steps conscientes são dos mais importantes na infância.

Que sugestões pode deixar a quem deseja iniciar-se no mundo da jardinagem, mesmo sem jardim e, quiçá, da fantasia?

A jardinagem não é uma ciência exata, por isso temos de compreender que não há um remédio santo para tudo. A jardinagem vai-se apreendendo mais profundamente através da experiência e com os erros. Errar faz parte do processo de aprendizagem e essa será certamente uma das melhores sugestões: experimentem e errem. E poderão errar um pouco menos com este livro! Outra dica é começar com plantas menos exigentes, como as suculentas, por exemplo, e ir evoluindo aos poucos. Não há necessidade de ter muitas plantas, mas conhecer as poucas que temos em casa é essencial. Quanto à fantasia, é deixar a imaginação voar! Não se retraiam, usem, reutilizem e explorem o que têm à mão. Mas, puxando a brasa à minha sardinha, eu recomendo mesmo este livro aos iniciantes e amadores da jardinagem; depressa terão o mundo a seus pés.

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