Infusões e condimentos preparados com plantas aromáticas de produção própria e colhidas à mão.
Nesta conversa com Ana Ferreira, ficamos a conhecer as origens de uma loja que utiliza plantas tradicionais para fazer produtos contemporâneos, com a preocupação de assegurar a qualidade dos ingredientes.
Como surgiu a ideia de criar este projeto e quais foram os desafios iniciais visto que a inauguração aconteceu mesmo antes do confinamento?
Na altura, estava a trabalhar em Lisboa e queria voltar para Óbidos. A minha ideia inicial era a criação de uma casa de chá, mas, em conversa, o meu irmão disse-me “então, por que não produzes tu o chá? Tens as plantas, tens os terrenos e o conhecimento…”, e assim foi. No final de 2019, demiti-me, voltei para Óbidos e comecei a fazer as primeiras plantações. O processo de legalização, e até chegar ao produto finalizado, demorou até ao final de fevereiro de 2020, sendo que na semana seguinte entrámos todos em confinamento.
O confinamento fez-me dar um passo atrás e fazer com calma algumas coisas nas quais tinha investido pouco tempo, como, por exemplo, a imagem da marca e a rotulagem dos produtos. Permitiu-me também lançar a loja online.
A sua formação como arquiteta paisagista influenciou a criação da Infusa?
Claro! Quando fui para Arquitetura Paisagista, fui por gostar de plantas, por vocação. Os meus pais são floricultores e sempre vivi rodeada de flores. Inclusive, é no terreno onde antes eles plantavam as flores que eu agora faço as plantações da Infusa. Facilitou o processo ter já algumas estruturas e, sobretudo, o conhecimento.
Uma das características da marca é vender produtos produzidos por si. Explique-nos como seleciona as plantas e o processo de produção, desde a plantação à desidratação.
A Infusa dedica-se à produção de plantas aromáticas tradicionais do nosso País. As infusões são a lúcia-lima, a cidreira, a menta e a erva príncipe, que são sabores que normalmente as pessoas cultivavam nos seus quintais, e o objetivo é fazer com que estes sabores não se percam. Ao saborear, por exemplo, uma infusão de cidreira, existe uma nostalgia que remete para experiências partilhadas em família.
As cerca de 20 plantas diferentes são produzidas nos terrenos dos meus pais, onde anteriormente produziam flores de corte, nas Gaeiras, Óbidos. São colhidas e levadas para o gabinete que tenho na incubadora Caldas Empreende, onde são mergulhadas numa solução desinfetante para retirar toda a sujidade, são enxaguadas e vão para um desidratador de ar forçado, onde desidratam num curto espaço de tempo (24h) a uma temperatura baixa, mantendo assim propriedades, como a cor e o sabor, muito semelhantes às do produto fresco.
É este processo de desidratação que permite a qualidade adquirida e atestada pelos prémios já alcançados nas edições de 2021 e 2022 do Concurso Nacional de Ervas Aromáticas.
Além de infusões e condimentos, que produtos podemos encontrar na loja?
Temos também os kits para bebidas, que foi um produto criado para tentar combater a sazonalidade do consumo das infusões. São sete sabores diferentes de kits para o gin tónico. Posteriormente, lançámos os kits para a sangria, nos sabores tropical e frutos vermelhos e, na época do Natal, temos também o kit para o vinho quente.
O que distingue os chás das tisanas?
Existem três conceitos diferentes que muitas vezes confundimos.
Chá é a infusão feita com folhas da planta do chá (Camelia sinensis) e da qual resulta o chá verde, chá preto ou chá branco, consoante a parte da planta utilizada. A infusão é quando utilizamos plantas que não a do chá, como a lúcia-lima, a cidreira, a menta, entre outras. A tisana é uma mistura de várias plantas ou botânicos, ou seja, um produto com vários componentes.
Qual a melhor forma de preparar e degustar um chá?
Se formos à China, temos todo um ritual de preparação da bebida e temos até mesmo especialistas que são os sommeliers de chá.
Se quisermos simplicar um pouco, o primeiro passo é colocar a água, se possível filtrada, a aquecer até começarem a aparecer as primeiras bolhinhas, o que deverá rondar os 90 graus. A água não deve ferver, para não alterar as propriedades e sabor do chá.
Após a água aquecer, deve-se vertê-la sobre as folhas de chá colocadas num infusor, tapar e esperar uns cinco minutos antes de consumir.
Fotografias de João Fernandes Rocha
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