Plantas

Empatia pelas árvores

A empatia, entendida como a forma de ver o mundo com os olhos do outro, por oposição a ver o nosso mundo refletido nos olhos do outro.
 

2022 – Aguarela, Joana Pires, Arquiteta Paisagista e Arte-Terapeuta

Pede-se um exercício de empatia pelas árvores.

Uma árvore é um ser vivo. Uma árvore é constituída por um eixo central, a que designamos por caule principal ou tronco; inúmeros ramos laterais que seguram as folhas, as flores e os frutos, e uma raiz com múltiplas ramificações a diversos níveis. Numa árvore, cada detalhe tem uma designação própria, e, por exemplo, ao ângulo que uma folha faz com um ramo chamamos de axila.

A forma e a aparência das árvores são variáveis. A cada tipo de solo e a cada tipo de clima pertencem certas árvores que só encontramos em condições específicas. Na Natureza, cada árvore traduz-nos as condições do meio. Depois, há aquelas árvores cuja área de distribuição foi alargada graças à atividade humana, seja pela importação de espécies exóticas e ornamentais, seja pela ação das atividades da silvicultura ou da fruticultura.

Contemplação

Talvez apenas pela sua aparência, as árvores não sejam fáceis de admirar pelos humanos. Admirar quer dizer, obter uma sensação de tranquilidade só por se saber da sua existência, porque nos conectamos com os ritmos do tempo natural; porque através das árvores vemos as estações mudar; porque nos lembramos do fresco, do abrigo, das aves ou do som subtil das folhas a estremecer.

2019 - Plátanos no Parque Botânico 
				
			
									do Monteiro-Mor - Lumiar

2019 – Plátanos no Parque Botânico do Monteiro-Mor – Lumiar

Empatia pelas árvores

Uma árvore é um ser vivo que pode viver muitos anos. As árvores, tal como nós, mas com outro tipo de supertecnologia natural, já que não têm boca, olhos, polegares oponíveis ou pernas para se deslocar, respiram, transpiram, alimentam-se, reproduzem-se e morrem.

O sobreiro, por exemplo, que foi reconhecido como a árvore nacional de Portugal, tanto pode viver mais de 300 anos, como 150 a 200 anos no caso de ter sido descortiçado. Ou seja, as ações humanas têm implicações na duração da vida das árvores, que tanto podem encurtá-la, como no caso acima enunciado, como também podem ampliá-la, sobretudo se pensarmos numa árvore que por qualquer motivo apresente sinais de doença.

O sobreiro, sendo uma árvore considerada de médio porte, pode atingir 20 metros de altura, o equivalente a um edifício com cerca de seis andares. Ou seja, para cada árvore consegue-se ter uma noção aproximada da dimensão que irá ocupar.

2021 - Azinheira Secular do Monte Barbeiro - Mertola

2021 – Azinheira Secular do Monte Barbeiro – Mertola

Reflexão

Todos nós podemos ter o poder de derrubar uma vida, mesmo que seja apenas a de uma árvore. Mas fará sentido derrubar essa vida que tanto tempo demora a criar? Queremos um mundo só de humanos, sem árvores, sem outros animais ou sem insetos para nos incomodar?

As árvores têm uma forma e uma aparência natural que podem ser variáveis. Para lhes alterar essa forma e aparência, deveríamos estudar muito bem as árvores; deveríamos entender que a cada interação estão associadas consequências; e deveríamos atuar de uma forma muito cautelosa e extremamente delicada. 

Afinal, a Natureza, em princípio, sabe bem qual o mecanismo que necessita para se autorregular e garantir a sua existência. Porque haveríamos nós, humanos, de querer interferir indiscriminadamente nesse mecanismo?

 

Referências bibliográficas:
Livros:
CABRAL, Francisco Caldeira, TELLES, Gonçalo Ribeiro (1999), A Árvore em Portugal. Lisboa: Assírio & Alvim
HUMPHRIES, C. J.; PRESS, J.R.; SUTTON, D.A. (2005), Árvores de Portugal e Europa. Porto: FAPAS
MOREIRA, José Marques (2008), Árvores e Arbustos em Portugal. Lisboa: ARGUMENTUM
Internet:
(2019) 25 Árvores de Lisboa – Guia Ilustrado. Câmara Municipal de Lisboa | Lisboa E-Nova
(2022) Programa Eusinto.me | #6 Empatia. Ordem dos Psicólogos Portugueses
AZEVEDO, Carine (19-02-2021), O que procurar no inverno: o sobreiro. Revista online Wilder – Rewilding your days
FREITAS, Helena (13-05-2013), O fascínio das plantas. Jornal diário Público
Flora Ibérica.

 

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