O CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, um dos festivais mais importantes de cinema ambiental da Europa, celebra a sua 30.ª edição em 2024, de 10 a 18 de outubro, em Seia. A entrada é gratuita.
A 30.ª edição será uma homenagem às pessoas de Seia e à sua ligação especial à natureza onde são apresentados 30 rostos locais para representar essa comunhão. Madalena Cunhal, do Município de Seia, explica que a comunidade local “não só participa do evento, como também se identifica com os seus valores, especialmente no que se refere à sustentabilidade, um tema central tanto no CineEco quanto nas políticas do Município de Seia”. Esta ligação é ainda incrementada por várias iniciativas, por exemplo, “o convite feito a membros da comunidade para apadrinharem filmes em competição internacional, permitindo que o festival seja um motivo de orgulho local e garantindo uma participação ativa da população”.
Por se realizar fora do litoral e longe dos grandes centros urbanos, organizar o festival é desafiante. Madalena Cunhal refere que “um dos principais desafios no caso do CineEco é a necessidade de montar uma programação diversa e de qualidade, à altura dos festivais internacionais, como Cannes ou Toronto. Isso exige um esforço adicional para atrair filmes de prestígio, muitas vezes envolvendo negociações diretas com distribuidoras, produtoras e realizadores, e explicar que, embora o festival tenha um foco ambiental, é também um evento de cinema de qualidade, sem que uma coisa exclua a outra.” Garante, ainda assim, que há oportunidades. Este evento “permite diversificar a oferta cultural [no interior] e descentralizar a cultura, levando-a a públicos que, de outra forma, teriam acesso mais limitado a estes conteúdos”.
Quanto ao impacto socioeconómico do festival, Madalena Cunhal considera-o positivo. A atração de visitantes, realizadores, produtores e outros profissionais ligados ao cinema ambiental gera receitas para o setor hoteleiro, a restauração e a hotelaria. Acrescenta que “além disso, o festival promove a visibilidade do município a nível nacional e internacional, posicionando-o como um ponto de referência no panorama cultural e ambiental, o que, por sua vez, potencia oportunidades futuras de turismo e investimento”. Numa perspetiva social, enaltece a importância do festival em dar à população local o acesso a uma programação cultural diversificada e de qualidade. Madalena destaca que “este envolvimento cultural enriquece a comunidade, fomenta a educação ambiental e contribui para o desenvolvimento de uma maior consciência ecológica”.
Programa
Este ano, o festival apresenta 64 obras cinematográficas de 27 países, selecionadas entre cerca de 1800 filmes submetidos à competição, oferecendo novas perspetivas e narrativas sobre os desafios enfrentados pelo planeta, habitats e espécies. Além da secção competitiva e vários ciclos de cinema, o festival inclui também diversas atividades paralelas, como conferências, concertos, workshops, exposições, contribuindo para uma cidadania ativa no domínio do desenvolvimento sustentável, valorização do território e enriquecimento do conhecimento ambiental e cinematográfico.
Na programação do CineEco serão exibidos filmes que se estreiam em Portugal, outros que foram premiados ou nomeados em diversos festivais de cinema como Festival de Tribeca, Semana da Crítica do Festival de Cannes, Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, Festival de Veneza, Festival de Locarno, Festival do Rio de Janeiro, Festival de Toronto, Festival de Tóquio, Asian Film Awards, Visions du Réel, Festival de Toulouse, Festival de Guadalajara, Festival de Sarajevo, International Documentary Film Festival Amsterdam, Mostra de Cinema de São Paulo, Festival de Animação de Annecy, Curtas Vila do Conde, entre outros.
Nesta edição mantém-se uma relação de memória com o cinema português através da programação de clássicos com a exibição de dois filmes recentemente digitalizados pela Cinemateca Portuguesa – Trás-os-Montes e Cerromaior. Esta dupla sessão permite celebrar os 50 anos do 25 de abril de 1974 através de duas produções cinematográficas rodadas, produzidas e estreadas em plena democracia.
Pelo segundo ano, regressam as Conversas no Jardim da Biblioteca Municipal de Seia sobre cinema ambiental.
Novidades
Nas atividades paralelas, o CineEco 2024 apresenta como principal novidade os Encontros no Mercado, um espaço de encontro e networking entre estudantes e players do mercado cinematográfico português. Com uma postura pedagógica e formativa, a ideia é proporcionar experiências profissionais aos estudantes que lhes garantam competências acrescidas para o seu futuro no mundo do trabalho.
Exposições
Este ano é apresentado um novo espaço de exibição de filmes com formato mais artístico, mas não menos importante, o Videoarte.
Haverá ainda três exposições na Casa Municipal da Cultura: O Estado da Água apresenta seis propostas artísticas de Eunice Artur, Iana Ferreira, Inês Teles, Joana Patrão, Jorge Leal e Thierry Ferreira com foco na interpretação da presença da água na paisagem; Plastic Bitch, de Cláudia Clemente, que espelha a situação atual de consumismo desenfreado, poluição extrema, esgotamento de recursos naturais e produção exacerbada de lixo; e Line, de Clo Bourgard, que aborda o desperdício dos materiais.
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