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Flores pelo Brasil

Fotografia de Matheus Koelho

 

O Tivoli Palácio de Seteais, em Sintra, foi o palco da nova edição da websérie “Flores pelo Brasil”, pela primeira vez gravada em países europeus. Oito decoradores “ocuparam” oito espaços e transformaram-nos em ambientes floridos e cheios de cor. No dia 12 de abril, o hotel esteve aberto ao público.

Criada em 2020, numa altura em que o setor esteve parado devido à pandemia, a websérie tem o objetivo de dar visibilidade e novos sentidos à decoração de eventos.

Vários decoradores e floristas brasileiros fizeram parte da equipa que deu uma nova vida à unidade hoteleira: Andrea Kapps, Cláudia Perdigão, Daniel Cruz, Dannilo Camargos, Harley Vix, Juan Azevedo, Naiane Carvalho e Paulo Perissoto.

 

Arco triunfal – Harley Vix

Fotografia de Matheus Koelho

 

O espaço de fronte para o arco triunfal foi o escolhido por Harley Vix. “Quis que as flores bailassem pelo jardim de seteais sem agredir o monumento, sem competir com ele. Esse foi o desafio!”.

As espécies de flores selecionadas para integrar a composição são túlipas por serem plantas europeias, as frésias devido ao aroma e o bambu que traz um toque do Brasil. As astes de bambu estão atadas com tubos de vidro que trazem luz. Segundo Harley Vix, “As flores têm a capacidade de aromatizar, decorar e alegrar o evento. Não servem somente como ornamentação.”

Sobre estar em Seteais, o decorador, que apenas conhecia o espaço através de fotografias e por ter feito um trabalho de faculdade sobre ele, diz que foi muito especial para ele e também para o projeto pois significa que “Flores pelo Brasil” cruzou o oceano.

 

Mesa imperial – Dannilo Camargos

Fotografia de Matheus Koelho

 

Este espaço foi criado para lembrar o banquete pós-cerimónia. O decorador, Dannilo Camargos, explica: “Tentámos trazer a cultura de Portugal, nomeadamente, o azul, tão importante e forte, presente nos azulejos e noutras peças. Escolhemos loiça da Vista Alegre que remete para os azulejos e plantas como hortênsias e glicínias que vão do tom azul até ao violeta, harmonizando ambos os elementos.” Para o autor, este evento coloca-lhes o desafio de tentar reproduzir o casamento de forma universal, considerando que cada país tem os seus próprios costumes e gostos.

Segundo Dannilo, Seteais foi uma inspiração. “Trabalhar nestes sítios históricos é como ter uma moldura muito boa que eleva o valor do quadro.”

 

Salão Principal – Harley Vix e Dannilo Camargos

 

As paredes do salão estão cobertas por representações mitológicas, o que inspirou os decoradores a criar um conceito de mistério cheio de cor. Segundo Harley Vix, “Quisemos fazer arranjos grandes e monstruosos, quase agressivos, o que não é possível fazer no quotidiano porque as pessoas não se conseguem ver e conversar. Este conceito é mais teatral e explosivo, de acordo com o contexto da sala.”

 

Piquenique no miradouro – Paulo Perissoto

Fotografia de Matheus Koelho

 

Perissoto, habituado a intervir em espaços maiores, diz que o desafio foi fazer um espaço pequeno, um piquenique. O conceito da intervenção é um piquenique entre os noivos e os seus pais, sentados no chão em torno de uma mesa baixa, para passarem uma tarde prazerosa. Musgo e flores estão sobre a mesa, numa ordem cruzada e natural, como se o próprio prado subisse até lá. A escolha da loiça da Vista Alegre em tons de azul e laranja definiu a paleta dos arranjos.

Foram utilizadas tulipas, cravos e ranúnculos, flores com características mais europeias, que combinam melhor com o ambiente e com o próprio palácio.

Tendo conhecido o Palácio de Seteais apenas com esta visita, refere que o lugar o deixa a pensar em todas as pessoas e histórias que já passaram por ali e que fica muito agradado por ver o cuidado com a preservação deste espaço para que não se percam essas histórias.

 

Sala Oval – Cláudia Perdigão

Fotografia de Matheus Koelho

 

Inicialmente, a decoradora ia apenas apoiar a produção do evento visto estar estabelecida em Portugal há 36 anos. Depois, convidada a integrar a equipa de decoradores, selecionou a Sala Oval muito utilizada pelo Palácio para fazer pequenos jantares e o conhecido Chá das Rainhas.

A intervenção tem como imaginário um “Chá das Rainhas”, um evento realizado várias vezes no Palácio para grupos seletos e que requer um ambiente mais intimista. Tanto a loiça da Vista Alegre como as flores foram selecionadas de acordo com o ambiente e não chocam com ele. As flores, como as túlipas e as próteas, foram escolhidas inclusivamente por estarem representadas na loiça. A paleta em tons pastel cria harmonia entre a decoração e a própria sala.

Segundo a decoradora, tem que existir harmonia entre a decoração e parte floral. “Não adianta colocar um bonito arranjo floral numa mesa para que esta fique vestida. Apesar das flores serem as protagonistas, tem que haver todo um ambiente, mobiliário e acervo de decoração colocados na medida certa e no local certo.”

 

Sala D. João VI – Daniel Cruz

 

A sala é pequena, íntima, com uma mesa de jantar para apenas seis pessoas. Para o decorador, a inspiração foi um jantar para um pedido de casamento ou um jantar para um pré-pré-wedding.

Como o espaço é totalmente clássico, optou-se por não utilizar tudo branco nem monocromático, e introduzir cor, com equilibro, para trazer alegria. “Estamos em frente ao Palácio da Pena que tem uma parte amarela e outra coral. É colorido.” Para os arranjos foram selecionadas flores como túlipas (flor muito desejada pelas noivas no Brasil), hortênsias e camélias e glicínias colhidas diretamente do jardim de Seteais. Para o decorador, “Quando falamos em flores, falamos em romance e, se tivermos flores, a perceção do espaço e do evento, mesmo que tudo o resto não esteja bem, muda completamente”.

 

Quarto Agatha Christie e escadas exteriores – Naiane Carvalho

Fotografia de Matheus Koelho

 

Para Naiane Carvalho, estar no Palácio de Seteais é tanto desafiante quanto inspirador. A própria inspiração para o quarto está lá mesmo, nos móveis e nos tons de vermelho. A paleta de cores influencia o mix de plantas de onde se destaca a rosa vermelha, a “mãe das flores”, conjugada com túlipas, uma planta que é muito querida por todos.

A decoradora menciona ainda que as flores ficam bem em todos os espaços, mesmo nos quartos, um fator que se torna ainda mais importante estando num palácio que é também um hotel. Na decoração, as flores são tão importantes como a loiça ou os móveis, nunca estando nenhum espaço terminado até estas serem introduzidas.

 

Receção – Juan Azevedo

Fotografia de João Bacalhau

 

O espaço escolhido por Juan foi a receção, pois a sua carreira está marcada pela decoração do lóbi do Copacabana Palace.

O conceito foi inspirado por Seteais, tanto que foram utilizadas várias flores e folhagens colhidas no jardim, como glicínias e hera. Além disso, é um arranjo sentimental em homenagem à sua amiga Graziela Vieira, gerente do Tivoli Palácio de Seteais. “Ela adora hortênsias, uma planta que não é possível ter no Brasil devido à temperatura, e tulipas.”

Mais do que às cores, apesar da sua capacidade de apelar a diferentes sentidos, Juan diz-se apegado aos formatos da flor.

 

Miradouro de S. Cristóvão – Andrea Kapps

Fotografia de Matheus Koelho

 

Andrea escolheu um espaço no exterior por ser especializada em decorações integradas na Natureza e para mostrar às pessoas que é possível fazer algo nestes moldes.

O espaço pretende servir um mini-casamento, com 12 lugares sentados, a acontecer pela manhã. Foram escolhidas flores brancas para criar contraste com o jardim totalmente verde em redor. Foi usada hortênsia branca e gipsofila que, segundo a decoradora, é muito usada em Portugal e acessível, permitindo que as pessoas percebam que é possível criar espaços elegantes com flores mais baratas. O arranjo conjuga-se com a cerâmica branca da Vista Alegre.

A entrada com glicínias é inspirada em Seteais e composta por flores colhidas no próprio jardim.

 

Em geral, todos concordam que as flores representam romance, alegria e, sobretudo, vida. São elas as protagonistas e a vida dos eventos.

 

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