O Jardim Botânico de Bordéus existe desde 1629 na margem esquerda do rio Garona e é um jardim público desde o século XIX.
No ano de 2003 , nasceu este novo espaço na margem direita do rio, integrando toda uma nova temática e problemática, relacionada com a sustentabilidade de forma a dar conhecer todo este mundo botânico a um novo publico que está muito afastado da natureza, mas que de alguma forma se vai interessando e quer saber mais.
Tive ocasião de visitar este jardim em dezembro e foi uma fantástica surpresa. Pois todo o jardim é uma descoberta da vegetação natural cronologicamente conforme a sua aparição na terra.
Primeiro a vegetação a aquática, depois atravessamos os onze ecossistemas característicos da região da Aquitânia (onde se situa Bordéus). A vegetação conta-nos uma história, primeiro com as formas vegetais que saíram da água e conquistaram o terreno, nas regiões mais alagadas e pantanosas, até às regiões cultivadas.
Em todo este caminho, percebemos a forma como o homem foi conduzindo a natureza, como foi tomando consciência da sua enorme diversidade e utilidade nas mais variadas funções: alimentação, aquecimento, vestuário, caça, construção, medicina, transportes, etc.
Neste espaço estão representadas maioritariamente espécies mediterrânicas e esta foi uma escolha com uma razão muito vincada. Num contexto de alterações climáticas, um verdadeiro problema que nos preocupa a todos como sociedade, a opção de utilizarmos a vegetação da nossa latitude é provavelmente o caminho certo para um futuro menos negro.
O jardim aquático
São 1250 m2 onde podemos encontrar mais de 65 espécies de plantas medicinais, depuradoras, utilitárias, depuradoras, comestíveis, aromáticas ou simplesmente decorativas.
Um espaço de uma enorme beleza, que nos recebe mal entramos no jardim, pelo portão mais perto do rio.
Galeria das paisagens da Aquitânia
Uma das grandes originalidades deste jardim é a recriação de 11 paisagens naturais da Aquitânia , desde os prados húmidos, às florestas de carvalhos, prados de sequeiro, zonas húmidas, vales e encostas calcárias, cordão dunar, matas de fixação dunar, floresta atrás da duna, lagoas.
Os portões de entrada do jardim, são peças muito originais feitas em ferro por um artista Pascal Convert, a partir de desenhos das crianças.
O pomar
Aqui podemos encontrar uma grande coleção de variedades de fruteiras tradicionais, macieiras, pereiras, ameixieiras, pessegueiros, damasqueiros, citrinos, vinha, etc.
Tudo cultivado em modo biológico, sem utilização de qualquer tipo de pesticida. Neste espaço o respeito pela biodiversidade e pelos insetos polinizadores é enorme.
Campos de cultura
Campos de cultura
A diversidade de hortícolas, aromáticas, plantas medicinais e outras plantas uteis aqui cultivadas, misturadas com flores de época para que tudo funcione bem em termos de equilíbrio ecológico.
A rega é feita com recurso a sistemas tradicionais, por alagamento. É feita uma compostagem de todos os resíduos.
Este é um espaço muito dedicado ao ensino, as escolas e a população são convidadas a participar nas atividades e no dia a dia da manutenção destes campos produtivos.
A Ágora
Este é um espaço aberto, com um amplo prado/relvado dedicado a múltiplas atividades , jogos, animação, lazer, os visitantes são convidados a usarem o espaço da forma que melhor entenderem. Um espaço polivalente, multiusos e que ao longo do ano é palco de inúmeras atividades e eventos.
Ágora
O arboretum
Esta é uma zona muito interessante, desenhada pela paisagista Catherine Mosbach e faz a ligação entre o jardim aquático, o jardim terrestre e o espaço público envolvente. Toda esta envolvente de vegetação, valoriza todos estes espaços interligando-os.
Duna e floresta
As estufas
A visita é completada com as estufas, que para além de serem uma peça de arquitetura muito bonita, têm um coleção de plantas tropicais muito bem organizada e mantida exemplarmente (aliás como todo o jardim).
O anfiteatro em madeira no meio da estufa é também ele um elemento notável de simplicidade, beleza e bom aproveitamento do espaço.
Como visitar
A visita ao jardim é gratuita, apenas se pagam as exposições permanentes e temporárias.
Exposição Insecta Corporation- Jardim Botânico de Bordéus
Uma das razões que me levou a querer visitar o Jardim Botânico de Bordéus (gosto sempre de visitar jardins botânicos onde quer que vá) era ter visto numa revista que compro sempre L´Ami des Jardins , que estava a decorrer neste jardim uma exposição muito interessante sobre insetos até dia 2 de abril. Nesta exposição para além de muitas outras coisas havia uma coleção de insetos esculpidos em metal da autoria do artista Metalamanu (Emmanuel Jimenez) que me despertou muita curiosidade.
Depois de visitar o jardim, fui visitar a exposição e aqui aprendemos muito sobre a vida dos insetos, e a sua enorme importância no planeta. Os insetos são os heróis desta exposição e vamos de forma inequívoca perceber quais são os seus superpoderes. A Cereja no topo do bolo, tal como eu esperava foi a coleção de esculturas de insetos em metal do artista Metalamanu, que para além de serem absolutamente originais e geniais, feitas com restos de ferro velho e materiais metálicos reciclados, são dotadas de grande sentido de humor.
O Jardim Botânico é um enorme refugio na cidade para milhares de insetos como abelhas, vespas, libelinhas, borboletas, etc.
A exposição está muito bem feita e é mesmo muito interessante e leva-nos a ver os insetos de formas diferentes, fotografia, vídeo, apresentações, insetos naturalizados, quizz, documentários, infografias, etc.
Chegamos ao final da exposição com a certeza de que os insetos são absolutamente indispensáveis não só como polinizadores, na produção de alimentos, mas também na produção de medicamentos, no tratamento dos lixos, na preservação do planeta nas mais variadas formas. Para além disso são omnipresentes em quase tudo e em 400 milhões de anos de evolução desenvolveram uma diversidade de formas de vida enorme. Eles conseguem colonizar todos os ambientes desde os polos até aos oceanos.
Escultura de inseto
Informações
Horário de abertura
Verão – 7.00- 20.00
Inverno – 7- 18.00
Preço
Entrada gratuita no exterior
Exposições permanentes e temporárias : 5 € / valor reduzido 3€
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