As cidades portuguesas têm uma potencialidade ainda muito subtilmente explorada, a criação de coberturas ajardinadas no topo dos edifícios.
Fomos visitar um último andar de um prédio em Lisboa que, ao longo dos anos, por via das experiências e intuição do corajoso residente, ganhou um jardim dentro de vasos. Graças a uma infância com vista voltada para um sublime jardim de condes, que estava ao cuidado dos avós, além de uma curiosidade pela Natureza, este jardineiro desenvolveu uma mão verde. Isto é algo que se viria a manifestar em todas as casas por onde passou, ajardinando.
É, no entanto, nesta residência que isto se faz notar com maior ênfase, o que se deve à particularidade de um generoso espaço exterior – maior do que o que está entre quatro paredes –, e que convidaria qualquer um a trazer todas as plantas para a rua.
Numa ação que não parece ter fim à vista, tal como os Jacaranda mimosifolia que se avistam nesta avenida, mais e novos exemplares cuidadosamente escolhidos são adicionados à coleção. Enquanto, nas caves, as escolhas recaem essencialmente em plantas tolerantes à sombra e à humidade, num nono andar de um prédio lisboeta, o desafio é escolher plantas que se adequem aos elementos que a altitude amplifica.
Algumas escolhas recaíram em plantas que no nosso clima resistem muito bem, com a vantagem de inundarem o jardim de cores vibrantes, tais como: Lantana camara, Pelargonium zonale, Agapanthus africanus. Além destas, podemos observar o quão bem se instalaram a Beaucarnea recurvata, Crassula ovata, Agave attenuata, várias espécies de aloés, entre outras.
Este é também um espaço de refúgio e meditação, realçado pelos budas que foram encontrados ao abandono e que, entre as plantas, tiveram lugar. Dizem os entendidos que a sua presença a boa sorte traz. Pelas sardinheiras impregnadas de cor, diríamos que assim é.
Ladeado de vasos, este é um ótimo exemplo de como podemos e devemos tentar ajardinar e cultivar todos os recantos disponíveis para isso, trazendo o verde e cor para a porta de casa. Além dos benefícios evidentes para quem vive no prédio e na cidade, assim se criam verdadeiros corredores verdes de vasos para abelhas e pássaros – que seguem voo com uma barriga cheia de pólenes, néctares e sementes, tudo furtos naturais que não perturbam o jardineiro nem a felina residente.
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