No bairro de São Miguel, em Alvalade, esconde-se agora um outro jardim com desenho tropical, ao longo de uma parcela de 11 metros.
Há muito que Luísa se dera conta das possibilidades e do privilégio do pequeno jardim da casa onde mora. Afinal, praticamente toda a casa tem janelas debruçadas para o lugar que ambicionava revitalizar, faltando apenas trazer para ali o verde que confiava ser possível, sem, até recentemente, saber como.
Anteriormente, tentou instalar um jardim, bem distante do que mais tarde haveria de ver nascer. Essa primeira tentativa, embora privilegiasse espécies que, de forma geral, são perfeitas para Lisboa, não tinha em conta o microclima do local húmido e umbroso.
Este ano cruzou-se com o trabalho de Nuno Prates, um jardineiro lisboeta já conhecido dos leitores, associado à criação de exuberantes ambientes tropicais. Foi assim que teve contacto com novas propostas de design de jardins, com espécies menos vulgares para uso exterior, porém bem-sucedidas quanto ao estilo e, principalmente, perfeitas para o microclima que tantos jardins entre prédios e construções acabam por propiciar.
Os seus olhos brilharam quando soube que, naquele espaço em que tanto acreditava, poderia ter espécies exóticas, que remontam ao seu imaginário tropical. Enquanto assimilava o desenho que ia sendo traçado pelas palavras do Lisbonian Gardener, conseguia escutar, ver, quase sentir, uma grande chuvada que presenciou no Brasil e que, no dia seguinte, tinha iluminado as plantas de forma arrebatadora. A estrutura do espaço é simples, reta e sem desvios para variações.
O muro corrido como pano de fundo falava por si: húmido, cansado, com um charme que ajudava a realçar qualquer exemplar que contra ele fosse plantado. Restava apenas pincelar com os exuberantes tons, padrões, dimensões e formas tão expressivas das espécies tropicais.
A ausência de sol mas também a preferência de Luísa fizeram concluir que seriam as texturas, cores e padrões das folhagens, os conceitos que levaram ao elenco final de espécies escolhidas. A interação e integração das plantas evidenciou-se, de facto, perfeita.
Uma vez feita a triagem das espécies indicadas para as particularidades do espaço, o jardineiro, cujo mote do seu trabalho assenta em trazer a espontaneidade da Natureza nas intervenções que faz, dispôs as plantas com uma dinâmica e instinto naturais, resultando a sua decisão numa paisagem imediata que, seguramente, não poderia ter sido desenhada em nenhum formato digital.
Aos 57 anos, o seu sonho de viver na cidade rodeada de Natureza está concretizado. Fica agora a ânsia de que a luz do verão lhe permita partilhar o seu oásis com os mais próximos.
Com um cocktail numa mão, olhos postos nos verde, ouvidos no silêncio — apenas interrompido pelo chilrear dos pássaros —, podemos facilmente viajar para um fuso horário diferente sem sair do coração de Lisboa.
ESPÉCIES INTRODUZIDAS
Archontophoenix cunninghamiana
Dracaena draco
Dracaena reflexa var. angustifolia cv. “Sunray”
Cordyline australis cv. «Pink Passion»
Cordyline australis cv. «red star»
Phoenix roebelenii
Strelizia nicolai
Ctenanthe setosa
Rhaphidophora tetrasperma
Guzmania lingulata
Neoregelia johannis
Syngonium podophyllum
Vanda coerulea
Philodendron erubescens cv. “Imperial Green”
Dypsis decaryi
Stromanthe thalia cv. “Triostar”
Goeppertia zebrina
Dicksonia antarctica
Executado por Raiz Urbana – Jardins: [email protected] / @raizurbanajardins
Gostou deste artigo?
Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no Facebook, Instagram e Pinterest.