
Jardim do Chiado
Conheço o Nuno Prates (@TheLisbonianGardener) há mais de 30 anos, pois uma prima dele era uma das minhas melhores amigas da faculdade. Estivemos algumas décadas sem nos vermos, reencontrámo-nos por razões profissionais e agora vemo-nos muitas vezes. Os seus jardins são absolutamente fascinantes, únicos e lugares mágicos de bom gosto e sensibilidade, e o seu conhecimento sobre plantas extraordinário.
Sei que tem vários jardins. Onde se situam e que área têm?
Consegui criar quatro jardins que ainda mantenho, todos em Lisboa, cuja área é sempre pequena para quem ama jardinar, mas enorme se se pensar no privilégio de ter espaços verdes em Lisboa.
Quais são as principais tarefas a que se dedica nos seus jardins? Conta com alguma ajuda?
Todas as tarefas são sonhos que ponho em prática, quando o objetivo é criar paisagens com plantas ornamentais exuberantes. Conto comigo, com a paixão e a harmonia que a Natureza me devolve.
Quantas horas dedica à jardinagem?
Todas, exceto as que ocupo para dormir.
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Quais são as suas maiores preocupações na manutenção dos seus jardins?
Os efeitos do frio, sobretudo das ondas de baixas temperaturas que se prolongam durante os meses de inverno e no verão, a radiação solar excessiva que danifica os tecidos das plantas tornando-as pouco atraentes.
Que ferramentas de jardinagem costuma usar no dia a dia?
As mãos.
Quais são os jardins em Portugal e no mundo que prefere?
Em Portugal, considero o Palácio de Monserrate um exemplo bem recuperado e, sobretudo, atualizado, assim como a Quinta da Regaleira, ambos em Sintra. Nesses jardins, sublinho a razoável coleção de espécies de que podemos desfrutar, que, enquadrando-os ao nível nacional, são os mais arrojados – se bem que longe das possibilidades que o clima permite – e não tanto pela monumentalidade do edificado, de que naturalmente o nosso País tem exemplos magníficos, porém com coleções botânicas que dificilmente se destacam.

Jardim do Chiado
Recomenda alguns livros sobre jardins? Costuma ler revistas ou jornais sobre o tema?
Observo meticulosamente a paisagem por onde passo, em qualquer circunstância, geografia ou ambiente. Cada exemplar de planta que encontro adiciona sempre algo ao meu conhecimento, pelo comportamento que apresenta, pela forma como é cultivada pelo seu cuidador, pelo modo como se adapta ao meio. Os fóruns de debates e conversas promovidos por pessoas anónimas que discutem sobre espécies e as suas condições ecológicas são manuais atualizados de informação muito precisa. Essa é a minha principal leitura.
Que sites visita sobre o tema?
Elencos de espécies abordadas pelas universidades dos Estados Unidos da América, cujo clima é próximo do nosso, bem como páginas sobre taxonomia e novamente fóruns de discussão entre populares.
Qual o último objeto relacionado com jardinagem que comprou?
Luvas para agarrar de forma mais segura vasos, floreiras e materiais de jardim. Magoo-me constantemente.
Que conselhos dá aos jardineiros amadores que querem aprender mais?
Observação atenta para enriquecimento de conhecimento. Experimentação na adaptação de espécies e liberdade para que as plantas cresçam conforme a sua natureza. Que aprendam rapidamente que a poda está longe de ser essencial na botânica. E, sobretudo, que sejam arrojados no preconceito que as pessoas amarram às plantas.
Tem alguma planta ou flor favorita?
Género Helicónia e Cordyline fruticosa, em especial. Bromeliáceas.
Tem algum horto especial para aquisição das suas plantas?
Todos são um romance que leio devagarinho e folheio demoradamente, a pé, em silêncio acompanhado com a expectativa de me surpreender. Englobo todos os hortos do mundo.
- Jardim no Saldanha
- Jardim da Graça
Que móveis tem no jardim e quais considera indispensáveis?
Gosto de usar mobiliário de interior no exterior e dispor do espaço do jardim como se tratasse de uma sala, com tudo o que os clichés obrigam para essa assoalhada.
Quando começou a interessar-se por jardins?
Quando me levaram a brincar perto de um jardim e tive o contacto com o mundo vegetal. Identifiquei-me logo ali, de modo espontâneo.
Que personalidades no mundo dos jardins, das plantas ou da jardinagem mais o fascinam?
Com absoluta consciência, é o fascínio de poder criar na primeira pessoa, de o conseguir por mim, que efetivamente me fascina. Fico feliz quando alguém jardina, é bom sinal, precisamos muito dessas pessoas, mas não idolatro personalidades em particular.
Há algum evento do mundo dos jardins e da jardinagem em Portugal ou no estrangeiro que não perca e que aconselhe os jardineiros amadores a visitar?
Tenho uma regra de vida, que é o meu propósito neste tema: não perco jamais nenhum jardim botânico onde me encontro ou passo e, por associação, quase todos os museus de história natural do mundo.
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