Este é um dos jardins mais bonitos para visitar em Portugal. O seu solar, é um esplêndido exemplar do Barroco construído em finais do séc. XVIII, e da autoria do arquiteto italiano Niccolò Nasoni. Já os jardins, esses, têm um inconfundível tom português; dado pelas sucessivas mãos verdes de gerações dos Condes de Mangualde, fundadores e proprietários da casa até aos dias de hoje.
Elementos dos jardins
O impato dá-se logo à entrada, quando avistamos o palácio refletido no espelho de água. Este, desenhado por Gonçalo Ribeiro Teles no princípio dos anos 60, dá-nos logo vontade de desacelerar o passo para prolongar o prazer daquela fusão entre arquitetura e jardim.
Mas o deleite prolonga-se na visita porque o entorno de Mateus se compõe de diferentes recantos. Aqui as Artes dos Jardins apresentam no seu melhor. A variedade das formas prolonga-se por jardins em terraços em que esculturas, tanques, parterres, vegetação cortada em topiária e latadas.
Tudo nos remete para um ambiente de bom gosto português, sendo muito bem aproveitadas as características do solo, a exposição solar, e os declives do terreno.
O túnel
O túnel dos Cedros é uma das curiosidades de Mateus. Foi da responsabilidade do 6º Conde de Mangualde, que, em 1948, manda plantar cerca de uma centena de ciprestes, que, cuidadosamente podados ao longo de décadas, formam agora um túnel de 37 metros. Dele podemos espreitar os 3 tanques de água da casa, da autoria de António Lino.
Notáveis são também os enormes arcos de buxo sustentado por armações de ferro que ornamentam outro dos caminhos dos jardins. São estes percursos que dão a impressão de descoberta quando percorremos os vários compartimentos dos jardins de Mateus.
Os dois bem aparados parterres de buxo do terraço de baixo, um geométrico, o outro en broderie, dão um toque de sofisticação europeia. Estes podem ser percorridos ou admirados do terraço de cima, de onde os desenhos da topiária aparecem em todo o seu esplendor.
Na primavera, as flores das árvores e os canteiros dão um toque alegre e colorido que depois fenece no inverno.
O vinho e a fruta são mais importantes produções agrícolas da propriedade. Desta forma, não podia falta uma latada com esteios de granito que remonta às origens do Palácio e dá acesso aos pomares.
O trabalho de gerações
Mateus é o resultado do trabalho e do gosto de uma família que soube conciliar a estética com a utilidade. O Solar de Mateus, como é conhecido, é hoje não só uma propriedade de grande produção agrícola, como um dos mais visitados jardins portugueses (com 90000 visitantes por ano).
Para além disso, possui uma Fundação cultural que tem desempenhado um papel notável. Tem desenvolvido ações importantes na área das Artes e Letras do nosso País através das suas residências artísticas, concertos, prémios literários e cursos de música. Isto só se consegue quando os proprietários têm 2 coisas que não abundam em Portugal: cultura e rigor.
Fotos: Vera Nobre da Costa
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