É importante mudarmos de paradigma em relação às plantas que nos rodeiam e que tantos odeiam e apelidam de infestantes, daninhas, indesejadas.
Reconhecer a flora silvestre e a urgência da sua conservação é o fio condutor deste trabalho que teimosamente tenho vindo a desenvolver há já 11 anos. Enfatizo assim a urgência de mudarmos de paradigma em relação às plantas que nos rodeiam e que tantos odeiam e apelidam de infestantes, daninhas, indesejadas.
Ora, essas plantas têm uma tremenda importância na preservação da biodiversidade, na nossa alimentação e na nossa saúde.
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A utilidade das plantas silvestres
Sempre estiveram acessíveis ao comum dos cidadãos que as reconhecia, respeitava e utilizava no seu dia a dia. Com a vulgarização da comida processada e dos medicamentos sintéticos, as pessoas foram-se acomodando à rapidez e ao tempo que estes produtos lhes poupavam — ganhava-se tempo e perdia-se saúde.
Perdia-se e perde-se saúde em modo acelerado, muito acelerado, diria mesmo que epidémico, senão veja-se a quantidade de pessoas a morrerem de cancro, o elevado número de obesos, autistas, bipolares e outras doenças mentais. Portugal é o país da Europa onde o consumo de psicofármacos é mais elevado. Direta e indiretamente, esse grande estigma social está relacionado com o rápido distanciamento da Natureza. Dos passeios ao ar livre, à beira-mar ou no meio das serras, respirando ar puro e interagindo de forma saudável com rios, árvores, flores, pássaros e insetos.
Pouco a pouco foi-se esquecendo este verdadeiro tesouro que constitui a nossa flora silvestre. Esqueceram-se os nomes das plantas e vão-se esquecendo os seus usos medicinais e culinários numa espécie de fitofobia instalada. Um síndrome que é da responsabilidade de uma certa indústria que vai tirando proveito deste medo; da desconfiança que as pessoas têm das plantas para tratar e prevenir muitos problemas de saúde. É de lamentar, de facto. Tenho esperança na mudança. Acredito num retorno às coisas que nos fazem bem, que nos dão saúde e alegria.
Algumas ervas daninhas comuns
CALAMINTA – CALAMINTHA NEPETA
Também conhecida por erva-das-azeitonas ou nêveda, esta planta de aroma mentolado e fresco é comum nas orlas de sobreirais, soutos, carrascais, olivais e pinhais e também em alguns prados.
Tem usos culinários e medicinais como planta digestiva e antitússica. Na Madeira, usam-na também para tratar a rouquidão e as dores de dentes e dão-lhe o nome de lêveda ou poejo-da-serra.
ACELGA BRAVA – BETA MARITIMA
Provavelmente, o antepassado silvestre da beterraba. As folhas cruas ou cozinhadas têm uma textura crocante e muitas vezes salgada, sendo excelente em sopas, saladas e sumos verdes.
ALHO-BRAVO – ALLIUM SPP.
Existem vários Allium silvestres, uns parecidos com alho-porro, outros com alho, outros ainda mais semelhantes a cebolinho.
Em comum têm o inconfundível cheiro dos seus compostos sulfurosos que lhe conferem propriedades antibióticas, fluidificantes do sangue, desparasitantes e estimulantes do aparelho digestivo.
Podem usar-se flores, folhas, raízes e sementes cruas ou cozinhadas na alimentação.
ANSARINA-BRANCA – CHENOPODIUM ALBUM
As folhas são polvorentas na margem inferior. O sabor e textura das folhas são muito semelhantes ao espinafre. Muito rica em vitaminas e sais minerais.
Tal como a maioria dos vegetais verdes, tem uma considerável percentagem de ómega-3 agindo como anti-inflamatório, fortalecendo os ossos e prevenindo contra o risco de diabetes.
CHAGAS – TROPAEOLUM MAJUS
As maiores ficam muito bem em rolinhos recheados com arroz, millet ou outros cereais, as flores de tons alaranjados são ricas em betacarotenos.
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