Considerada a técnica de “esculpir” as plantas, as suas primeiras evidências foram registadas na Antiga Grécia, através de jardins com sebes de murta talhada e com árvores com ramos entrelaçados da espécie de plátano, cipreste e pinheiro. De acordo com bibliografia temática, o termo topia (refere-se a cordel ou corda) foi introduzido na Antiguidade Clássica pelos gregos e posteriormente pelos romanos, tendo o seu registo sido feito através de pinturas, nas quais era esta prática já era patente. O exercício de guiar o crescimento das plantas através de estacas e armações e da poda em forma ornamental foi retomado com sucesso no Renascimento italiano e eternizado nos jardins franceses por André Le Nôtre (1613-1700), quando criou os jardins de Versalhes, em 1662, através de arbustos em formas cónicas e piramidais. Mais tarde, no século XIX, em Inglaterra, a topiária dos arbustos assume formas arredondadas, meias-luas e arcos, entre outras. No século XXI, a topiária continua a ser muito apreciada na arte dos jardins, como, por exemplo, nas obras do espanhol Fernando Caruncho. Além do buxo, muitas outras espécies são utilizadas nesta arte de podar e das quais destacamos: murta (Myrtus communis L.), teixo (Taxus baccata), Ilex crenata Thunb., ligustro (Ligustrum sp.), escalónia (Escallonia sp.) e loureiro-real (Prunus laurocerasus L.).
Buxus sempervirens L.
BUXO – Arbusto alto perenifólio, ocasionalmente pequena árvore quando podado para o efeito. Originário da região mediterrânica, possui folhas oposto-cruzadas, rijas, brilhantes e de pecíolo curto. Flores pequenas agrupadas na axila das folhas superiores, com pouca representatividade.
Família: Buxaceae.
Altura: 0,5 a 1,5 metro.
Propagação: Por estaca.
Época de plantação: Primavera ou outono.
Condições de cultivo: Sol pleno, meia-sombra e sombra. Tolera bem o frio e todo o tipo de solo. Apresenta uma grande longevidade.
Manutenção e curiosidades: Sensível a fungos, principalmente quando regado por aspersão. Não tolera água em excesso. Se temos buxo talhado, para manter a forma deve ser podado pelo menos duas vezes por ano (outono e primavera). Arbusto muito utilizado em sebe, bordadura, vaso, floreira. Geralmente é uma sebe talhada ou topiada.
Ilex crenata Thunb.
AZEVINHO-DA-FOLHA-DE-BUXO, AZEVINHO-JAPONÊS – Arbusto dioico, perene, originário do Japão, Coreia, Sakhalin e leste da China. Conhecido por azevinho-da-folha-de-buxo, possui folhas de pequenas dimensões, 1-3 cm, de margens onduladas e cor verde-escura brilhante. As suas flores de tom esbranquiçado ou amarelo-claro, quando polinizadas, produzem pequenos frutos de cor negra, do tipo drupa. O Ilex crenata pode ser facilmente confundido com o Buxus sempervirens; uma boa forma de os distinguir é através da folha, uma vez que o Ilex apresenta folhas opostas e o Buxus tem folhas alternas.
Família: Aquifoliaceae.
Altura: Até 3 metros.
Propagação: Semente e estaca.
Época de plantação: Primavera e outono.
Condições de cultivo: Preferem condições de elevada exposição solar, embora tolerem bem condições de sombra parcial. Solos férteis e bem drenados.
Manutenção e curiosidades: Uma planta com estrutura masculina pode polinizar de seis a dez plantas femininas, desde que não exceda os nove metros de distância. Este arbusto de folhagem densa e compacta é utilizado em topiária. Poda de limpeza (remoção de ramos secos, fracos ou doentes) e/ou formação (dar ou manter a forma desejada) no final do inverno. Quando cultivado em condições corretas, é bastante resistente a pragas e doenças.
Myrtus communis L.
MURTA – Arbusto aromático de folha persistente, originário da região mediterrânica e norte de África. Folhas opostas ovado-lanceoladas, verde-escuras na página superior e verde-claras na página inferior, brilhantes e aromáticas. Flores completas aromáticas com floração na primavera. O fruto é uma baga azul-escura.
Família: Myrtaceae.
Altura: Até 5 metros.
Propagação: Estaca.
Época de plantação: Todo o ano.
Condições de cultivo: Suporta todo o tipo de solo, mas prefere solos mais secos. Planta com grande longevidade.
Manutenção e curiosidades: Espécie rústica que não precisa de grandes cuidados de manutenção. Regas regulares nos períodos de maior calor. Podar no inverno ou início da primavera antes da floração. Aguenta muito bem poda e topiária. Planta com interesse ornamental e medicinal.
Taxus baccata L.
TEIXO – Pequena árvore de folhagem perene, espontânea em Portugal, originária da Europa, norte de África e sudoeste da Ásia. A sua casca castanho-avermelhada, lisa enquanto jovem, adquire uma textura escamosa com o passar dos anos. As suas folhas são de cor verde-escura, apesar de haver formas douradas. É uma espécie dioica, ou seja, existem exemplares masculinos e exemplares femininos. As plantas femininas produzem bagas vermelhas durante o outono, ganhando um outro encanto por esta altura.
Família: Taxaceae.
Altura: 10-15 metros.
Propagação: Semente e estaca.
Época de plantação: Primavera, outono.
Condições de cultivo: Tolera a plena exposição solar e o ensombramento. Prefere solos calcários e húmidos. Suporta a poluição urbana e o frio, mas não a geada.
Manutenção e curiosidades: Usados como exemplares únicos ou em sebes. É uma espécie de crescimento rápido, forma sebes densas em menos de dez anos. Com exceção do fruto, todas as partes do teixo possuem um alcaloide tóxico, a taxina – perigoso tanto para animais como para o Homem. A sua madeira resistente e flexível é utilizada no fabrico de móveis.
Texto: Ana Luísa Soares e Ana Raquel Cunha, com a colaboração de Teresa Vasconcelos e Miguel Brilhante
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