Conheça os maravilhosos jardins deste palácio emblemático de Viena
Como quase todos os grandes palácios, o Shönbrunn não tem uma data única de referência, tendo sido antes um permanente work in progress consoante as consequências das guerras, físicas ou financeiras, e a imaginação e gosto dos seus patronos.
Shönbrunn é paradigmático nestes aspetos, pois a sua construção teve início em 1697 e apenas em finais do século XVIII adquiriu a aparência que lhe conhecemos hoje. Como estava em Viena no passado mês de junho, resolvi revisitá-lo, esperando que as temperaturas estivais lhe dessem um colorido mais animado que o aspeto tristonho que lhe conheci num inverno, há umas décadas.
O meu gosto por jardins fica bem demonstrado pelo facto de, desta vez, ter demorado duas horas a passear pelo parque e 15 minutos a percorrer o palácio, ultrapassando em passada larga perplexos grupos de turistas que seguiam atenta e cuidadosamente os seus guias.
Pode não ser uma atitude muito recomendável, mas a verdade é que, ao fim de vários dias a entrar e sair de palácios, mosteiros e museus por toda a Áustria, a minha apetência estava mais voltada para os prazeres de um passeio no exterior.
Desenho do jardim
Os planos iniciais dos jardins de Shönbrunn são da autoria de Jean Trehet, um discípulo de Le Nôtre. A composição formal está lá bem evidente: o parque desenrola-se em redor de um eixo central, ladeado de parterres em broderie que, por sua vez, confinam com bosquetes (plantações formais de árvores e arbustos). Infelizmente, a plantação de qual se eleva um monte encimado pela Gloriette, construída em 1775, no final do reinado de Maria Theresa, uma imponente estrutura em arcos abertos através dos quais se avista ao longe a orla de um bosque. Em 1779, o parque abriu ao público, passando a ser um dos locais preferidos de passeio para os vienenses, mais um testemunho do poder e da magnificência dos Habsburgo.
O parque é enorme e tem todos os elementos característicos dos jardins do barroco. Para o conhecermos totalmente há que visitar o Labirinto, a Orangerie, o Privy, a Estufa das Palmeiras (Palm House) e até um zoo.
Dada a dimensão da propriedade, existe um comboio panorâmico que leva os turistas mais indolentes e encalorados a visitar todos os pontos de interesse do parque, incluindo uma “Experiência de Deserto” e um museu para crianças (nem um nem outro visitei). Como o calor apertava, resolvi sair do Grand Parterre central e procurar um pouco de sombra nos bosquetes laterais.
Mais sossegados e sem turistas à vista, os percursos laterais conduzem-nos a “quartos de verdura” pouco evidentes que se organizam em torno de pequenos lagos com fontes, proporcionando um ambiente mais privado e mais fresco.
O Shönbrunn, como outros jardins barrocos que já tive a oportunidade de visitar, não está na minha lista de favoritos, mais voltada para espaços menos arrumados e pouco formais. No entanto, há que reconhecer que o jardim cumpre muito bem a sua função de símbolo da riqueza e do poder imperial, consistindo numa bela moldura para o palácio.
Para mais informções: www.schoenbrunn.at/en
Fotos: Vera Nobre da Costa
Gostou deste artigo?
Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no Facebook, Instagram e Pinterest.