As aloeáceas são de origem africana incluindo Madagáscar, mas com maior concentração na África do Sul. Encontram-se muito disseminadas pelos países mediterrânicos, ilhas atlânticas, América do Sul, Ilha Reunião e Índia.
O Aloe vera (erva-babosa, aloé, sábida) e Aloe arborescens (foguetes-de-natal), pertencem atualmente à família das Xanthorrhoeaceae, no entanto, vários estudiosos ainda o consideram como pertencendo à família das Aloeaceae de origem africana incluindo Madagáscar, mas com maior concentração na África do Sul.
O Aloe arborescens Mill. é uma planta robusta, endémica do sudeste da África do Sul, bem adaptada a diferentes habitats, sendo uma espécie com ampla distribuição, muito cultivada em jardins ou bermas de estrada.
O Aloe vera (L.) Burm. fi l. é uma planta herbácea, originária da Arábia, nordeste de África, naturalizado na Madeira, Canárias, Sicília, Grécia, Cabo Verde e em muitos países das regiões tropicais e subtropicais. Na Europa, é uma espécie introduzida e, por vezes, naturalizada não só em Portugal Continental e Madeira, mas também em Espanha (incluindo as ilhas Canárias, onde é conhecida como sábida), Itália e na Grécia (incluindo Creta e outras ilhas). Encontra-se igualmente naturalizada noutros países da região mediterrânica e em muitos países das regiões tropicais e subtropicais.
Parece possível que as plantas de Aloe vera tenham sido introduzidas pelos espanhóis a partir das Canárias para Barbados, Jamaica, México, Porto Rico, Venezuela, Peru, Bolívia e outros países da América do Sul. Tem sido cultivada no Egito desde tempos remotos, especialmente como planta de cemitério, tendo sido também relacionada com superstições. É comum entre os habitantes do Cairo e entre os felás no campo pendurar uma planta de aloé sobre a porta da casa, sendo considerada como um amuleto para assegurar vida longa e felicidade para os moradores. Já na Grécia Antiga, no século I d.C., Dioscórides atribuía-lhe propriedades medicinais e é usada há séculos na China para o tratamento de queimaduras. Apesar destas propriedades, a administração oral não se deveria fazer, a não ser segundo prescrição médica.
Por vezes o Aloe vera é confundido com o Aloe arborescens pela descrição das duas espécies e respetivas épocas de floração; pode constatar-se que são na realidade muito diferentes, sobretudo do ponto de vista morfológico.
O Aloe vera é uma planta estolhosa, rebenta profusamente na base, podendo emitir, raramente, caules até 10 cm de altura. As folhas, cerca de dez, são espessas, suculentas, agrupadas em densas rosetas basais. As inflorescências são cachos, com 30-90 x 5-6 cm, estreitamente cilíndrico-acuminados, multifloros, solitários ou com um a dois ramos. As flores amarelas podem ser observadas de março a junho e de outubro a novembro.
O Aloe arborescens tem um caule simples, muito ramificado e densamente coberto pelas folhas secas persistentes. As inflorescências são cachos, com 20-35 x 10-12 cm, compactos e de pedúnculos que podem atingir 65 cm. As flores vermelhas, geralmente, podem ser observadas de novembro a fevereiro. Na década de 90 do século passado, iniciei os estudos botânicos na Estufa Doce (anexa à Estufa Fria de Lisboa), tendo-me sido possível observar as espécies ali existentes. Durante algumas visitas guiadas, como as proporcionadas a alunos das disciplinas de Floricultura, Jardinagem, Parques e Jardins da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, a surpresa de um exemplar florido e fotografado contribuiu para um conhecimento pormenorizado das características morfológicas de muitas espécies de Aloe.
Saiba como cultivar Aloé
Referindo o interesse didático da Estufa Doce, são de salientar os trabalhos executados pelos alunos de Botânica Sistemática do Instituto Superior de Agronomia, os quais tiveram a possibilidade de estudar uma ou outra família, entre as quais a das Aloeaceae.
Além das espécies já mencionadas, seis espécies de Aloe, podem ser observadas na Estufa Doce:
Aloe aristata Haw. (planta-tocha)
Uma planta acaule que forma rosetas foliares. As inflorescências são cachos, com 50 cm e 20-30 flores. As flores vermelhas ou vermelho-alaranjadas podem ser observadas de junho a setembro.
Aloe ciliaris Haw. (aloé-trepador)
Como a designação vulgar indica, é uma planta trepadora de caule pouco espesso, sarmentoso, que pode atingir 5 m ou mais. As inflorescências são cachos com 24-30 flores. As flores vermelho-alaranjadas a escarlates podem ser observadas de janeiro a fevereiro e de maio a setembro.
Aloe marlothii A. Berger
É uma planta muito bonita, de caule simples não ramificado, podendo atingir 4 m de altura, densamente revestido por folhas secas. A inflorescência é uma panícula com cerca de 80 cm, muito ramificada, formada por cachos mais ou menos horizontais. As flores alaranjadas a alaranjado-amareladas, purpurascentes no ápice, podem ser observadas de março a julho.
Aloe mitriformis Mill.
É uma planta de caule curto, mais ou menos prostrado, podendo atingir 1 m, ramificado próximo da base e formando densos grupos de rosetas. As inflorescências são cachos multifloros, cilíndricos, de 40-60 cm de comprimento, geralmente simples ou agrupados numa inflorescência compacta ou divaricada, ramificada duas ou cinco vezes próximo da base. As flores alaranjado-avermelhadas podem ser observadas de maio a agosto.
Aloe plicatilis (L.) Mill. (aloé-leque)
É um arbusto ou pequena árvore de 3-5 m de altura e caule ramificado dicotomicamente várias vezes. As inflorescências são cachos solitários com 25 a 30 flores, cilíndricos, até cerca de 50 cm de comprimento. As flores escarlates podem ser observadas de março a julho.
Aloe striata Haw. (aloé-coral)
É uma planta acaule ou de caule prostrado, podendo atingir 1 m, geralmente não ramificado ou formando duas a seis rosetas, revestido pelas folhas secas persistentes. A inflorescência é uma panícula até 1 m, muito ramificada, um tanto corimbosa (frequentemente 1-3 panículas por roseta), formando cachos até 7 cm. As flores vermelho-pêssego a vermelho-coral são geralmente esverdeadas no cimo, podem ser observadas de janeiro a março.
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