Os passeios pedestres são uma excelente forma de conhecer o património natural e cultural, além de contribuírem para o nosso bem-estar.
A paisagem é muito diversificada, passa-se da encosta norte para a encosta sul da serra quase de repente, de um bosque fechado e sombrio onde o sol mal penetra para uma clareira aberta exposta a sul, com vistas que em dias claros vão desde as Berlengas até ao cabo Espichel.
O percurso são cerca de três quilómetros, no entanto, a estrada que liga à Peninha poderá estar fechada durante a época de incêndios e neste caso o percurso total será de oito quilómetros.
Pela EN247, pouco antes do cruzamento para a Azóia e cabo da Roca, tomar o desvio à direita para a Peninha (vindo da Malveira). No caso de a estrada da Peninha estar cortada, virar para o cabo da Roca e estacionar no terreno logo à direita.
O ponto de partida deste percurso circular é o parque de merendas, que fica a cerca de 1,5 km do início da Estrada da Peninha, o parque fica à esquerda e o caminho fica à direita com início num portão de madeira. Seguindo sempre em frente, passa-se por uma charca − a 600 metros, existem umas marcas do percurso indicando para não seguir em frente, mas é para continuar.
O caminho é largo, em terra batida e sem grandes desníveis.
A vegetação é constituída por povoamentos densos de cedros e pinheiros; devido à pouca luz, praticamente não existe estrato arbustivo, estando o solo coberto por herbáceas de sombra (tradescâncias e fetos), e os troncos das árvores cobertos de trepadeiras (heras), que sobem à procura da luz − estas espécies invasoras proliferam neste ambiente húmido e sombrio.
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Seguir sempre em frente, sem grandes declives. À medida que se vai contornando a montanha em direção à encosta exposta a sul, a paisagem vai-se modificando, o bosque denso e sombrio dá lugar a uma envolvente de matos, prados e árvores baixas dispersas.
Abrem-se as vistas ao mar, inicialmente para o cabo da Roca, ampliando-se um pouco mais à frente desde Lisboa até ao cabo Espichel. Neste lado da serra, exposta aos ventos, com grande exposição solar, com utilização agropastoril ancestral e fogos sucessivos, proliferam as espécies mediterrânicas, como o zambujeiro (Olea europeae var sylvestris), o tojo (Ulex sp.), as estevas (Cistus sp.) e o trovisco (Daphne gnidium), entre outras espécies adaptadas as estas condições edafoclimáticas.
São visíveis as ações de reflorestação com espécies autóctones, constantemente ameaçadas pelo fogo e pela presença de espécies invasoras provenientes de outros locais, como é o caso das acácias (Acacia sp.), da árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum) e da háquia (Hakea sp.), cujas ações de controlo tem de ser constantes.
Cerca de 750 metros mais à frente, há que transpor um novo portão de madeira. A partir deste ponto, o declive acentua-se e o caminho torna-se mais estreito e pedregoso, mas a vista convida a pausas e faz esquecer a subida de 500 metros. Num dia de sol sem neblina, contemplar esta paisagem é de cortar a respiração.
Sempre a subir, após uma curva do caminho, temos o primeiro vislumbre do nosso objetivo, a Peninha, construída sobre gigantescos blocos de pedra.
Objetivo alcançado, espera-nos a merecida pausa, altura para recuperar forças, repor energia, meditar ou, como no meu caso, fazer um desenho rápido como memória do momento.
Junto à Ermida de São Saturnino, seguindo a sinalética, virando à direita e iniciando a descida pelo “caminho da viúva”, espera-nos uma surpresa: um bosque encantado! São cerca de 300 metros a descer com fonte inclinação, um local onde a frescura é constante, mesmo nos meses de verão.
A terra é fofa debaixo dos pés, pela espessa e muito rica camada de matéria orgânica, o musgo cobre os enormes blocos de pedra e os troncos das árvores. É um lugar mágico.
No final da descida, retoma-se o caminho inicial virando à direita a voltando ao ponto de partida.
Motivos de Interesse: Capela da Peninha; Ermida de São Saturnino; Palacete, Bosque de Cedro do Buçaco (Cupressus lusitanica); “Caos de blocos” (pedras sieníticas de grandes dimensões); vistas.
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