A 45 quilómetros do centro de Lisboa, existem paisagens de água, paisagens de lezírias e de valas navegáveis, palácios e santuários medievais.
Venha conhecer estes exemplos de urbanismo oitocentista Iluminista, jardins e quintas históricas de recreio e lazer com desenhos e projetos de arte, e de arquiteturas da paisagem inéditas sonhadas com os olhos postos na vilegiatura e nos grandes projetos históricos de parques e jardins europeus. Aqui, imbuídos de uma escala nacional, de saber mediterrânico, de mãos dadas com vinhedos, pomares, gado bravo e coudelarias, são espaços e testemunhos de acontecimentos ancestrais e de figuras notáveis que remontam aos primórdios da nacionalidade.
O percurso
São 20 quilómetros de um percurso que começa na lezíria e termina no Alto concelho. Na lezíria ou Campo, tudo rodava em torno da via de trânsito de bens e pessoas, a “Vala Real” setecentista, o Palácio das Obras Novas, e da altaneira Quinta do Alqueidão, um imenso edificado nobre, com raízes que remontam ao início da nacionalidade, ocupada atualmente com a Aerodreams um clube aeronáutico. E, já na orla da mata e pinhal, o Santuário medieval de Nossa Senhora das Virtudes.
A igreja e os vestígios do mosteiro – elementos góticos remetem para o Mosteiro da Batalha. A reabilitação da igreja e de partes do mosteiro realizada pela Câmara Municipal da Azambuja foi inaugurada em 2010; hoje podem ser agendadas visitas e é palco de várias iniciativas culturais.
A Mata Nacional das Virtudes
A enquadrar o antigo Mosteiro e Santuário de Nossa Senhora das Virtudes e ladeando a estrada de acesso, encontra-se uma extraordinária mancha florestal de pinhal, a Mata Nacional das Virtudes, com cerca de 200 hectares. Atualmente é utilizada pela população como espaço de recreio, estando em vias de requalificação pelo município, os viveiros, edifícios e instalações administrativas dos antigos serviços florestais.
O caminho das quintas
Entramos num trecho notável do percurso, o Caminho das Quintas da EN 366, que nos oferece uma sequência de quintas históricas enquadradas por uma paisagem agrícola de vinhedos, olivais e pomares. Encontramos a Quinta do Vale dos Fornos, a Quinta do Pilar, o núcleo histórico de Aveiras de Baixo, o palácio dos condes de Aveiras, lá no alto, a povoação de Vale do Paraíso, célebre pelo encontro de Cristóvão Colombo com o nosso rei D. João II.
A Quinta de Vale de Fornos
Uma digna representante das quintas de recreio do estuário do Tejo. Com origens remotas, a sua organização espacial quase intacta faz-nos recuar até ao século XVIII e, mais recentemente, aos meados do século XIX, a uma burguesia brasonada com profundas raízes no mundo vinhateiro, aqui com ligação a D. Antónia Ferreira, a célebre Ferreirinha do Douro e do Vinho do Porto, que adquire e oferece a quinta como dote no casamento da sua filha com o 3.º conde da Azambuja, em 1837. Já na década de setenta é adquirida pela família Duarte Monteiro que restaurou e manteve toda a nobreza dos edifícios e a exploração vitivinícola.
Hoje, dos 200 hectares, cerca de 60 hectares mantêm a produção vitivinícola de renome internacional e acompanhada pela organização de provas e eventos. Logo à frente, Aveiras de Cima, Alcoentre e a Herdade da Torre Bela, célebre pelo seu muro construído pelos duques de Lafões, uma das maiores herdades muradas da Europa com uns largos 1500 hectares, e, por fim, Manique do Intendente.
A Vila de Manique do Intendente
Em plena paisagem rural, este domínio dos senhores de Manique surge através do morgadio instituído em 1773, a favor do intendente Pina Manique (1733-1805) que neste projeto põe em prática um ideal iluminista, muito na linha de pensamento da reconstrução da baixa Lisboeta pós-terramoto de 1755.
Pina Manique investe tudo na construção da sua vila ideal com condições excecionais de racionalidade, salubridade e qualidade de vida muito na linha dos seus projetos de dignificação dos mais pobres e de salubridade e segurança. Num dos extremos da vila e no ponto de cota mais alta, o palácio, a igreja-basílica e a quinta de recreio do intendente continuam como um sonho por realizar.
LÁPIDE COMEMORATIVA DOS 200 ANOS DE MANIQUE DO INTENDENTE
Sobre os distintos serviços que me tem feito Pina manique
Ordeno que a dita povoação
Alcoentrinho
Se denomine d aqui em diante
Manique do intendente
Que esta seja criada vila logo que
Nela houver 120 vizinhos
Chancelaria regia de D. Maria I 11-7-1791
O Paul Natura
Centro de observação e interpretação ambiental, inaugurado em plena pandemia, mesmo ao lado da urbe setecentista, pretende preservar o Paul de Manique onde vivem mais de 180 espécies de aves e mamíferos num sistema palustre com cerca de 18 hectares.
A classificar pelo ICNF como Reserva Natural Local do Paul de Manique, este projeto liderado pela Universidade Lusófona e que entre os parceiros, conta com a Câmara Municipal de Azambuja é cofinanciado pelo Fundo Ambiental Ciência Viva.
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