São as rainhas do outono, as suas florações exuberantes pintam qualquer jardim ou paisagem, não deixando ninguém indiferente.
O outono chegou e com ele trouxe os dias mais curtos e frescos, as primeiras chuvas e os maravilhosos tons ocre que começam a invadir a paisagem enquanto as plantas se preparam para mais um inverno. É uma época fascinante em que as folhas se despedem do verde, dando lugar aos brilhantes amarelos e vermelhos-carmesim à medida que as temperaturas baixam. Mas não só as folhas fazem brilhar a nossa paisagem e os nossos jardins nesta altura. Também as flores de algumas plantas se começam a destacar por entre as folhagens, como é o caso das urzes – Calluna spp. e Erica spp. Ambas pertencentes à família Ericaceae (à semelhança dos rododendros, das azáleas ou mesmo dos mirtilos), são muitas vezes confundidas entre si devido ao seu aspeto semelhante, mas, na verdade as suas necessidades diferem.
As Calluna
Do género Calluna conhece-se apenas a espécie vulgaris, habitualmente tratada por urze ou queiró, com flores pequenas e expostas em espigas terminais que permanecem na planta durante várias semanas. A Calluna trata-se de um pequeno arbusto (ou subarbusto) que surge por todo o nosso País e que se distribui por toda a Europa e norte de África e é comum reconhecê-la na paisagem pois surge em charnecas ou sub bosques incultos, solos pobres, ligeiramente ácidos, e com boa exposição solar.
Trata-se de uma planta melífera (de onde as abelhas retiram o néctar e o pólen para o fabrico do mel) e medicinal, cujas folhas e flores são utilizadas para infusões e licores e ancestralmente utilizada para o fabrico de vassouras. De outubro a maio, não só as flores da urze adornam os campos como também a sua folhagem, que se veste de verdes pálidos e dourados, formando mosaicos extraordinários. Como planta ornamental, estas funcionam bem em bordaduras e canteiros, mas também em rock gardens já que as suas raízes se desenvolvem em profundidade e as tornam muito resistentes.
As Erica
O género Erica inclui espécies como a Erica gracilis, E. carnea, E. multiflora, cujas folhas em forma de agulha e inflorescências variam do branco ao roxo (e escurecem com a idade), surgindo em diferentes condições: enquanto variedades de Erica carnea resistem a temperaturas negativas, as de E. erigena não suportam temperaturas baixas ou vento. As variedades de Erica darleyensis, por sua vez, são as mais frequentes nos centros de jardinagem devido às suas características diferenciadoras: com um longo período de floração, adaptam-se a quase todos os tipos de solo e não carecem de poda para permanecerem limpos e compactos. Como ornamentais, começam a surgir floridas no final do verão/início do outono, prolongando-se até maio!
Como ter Erica e Calluna no jardim:
Solo: Arenoso e bem drenado. Como têm raízes fibrosas que se desenvolvem em profundidade, um substrato rico em turfa irá contribuir para o seu desenvolvimento saudável já que melhorará a drenagem, assim como a sua plantação em canteiros elevados.
Fertilização: Considerando que apreciam solos ligeiramente mais ácidos, se o solo for alcalino, recomendam-se formulações ácidas semelhantes às utilizadas para azáleas ou rododendros aplicadas na primavera.
Exposição solar: As urzes podem tolerar sombra parcial, mas não florescem tanto e tendem a ficar mais lenhosas. Idealmente devem ser plantadas em pleno sol ou com pelo menos quatro horas de sol direto.
Época de plantação: O início da primavera ou início do outono são as melhores épocas para plantio. Embora as raízes se desenvolvam em profundidade, não plante muito fundo e deixe que o sistema radicular se desenvolva. Quando plantadas em vaso, tenha em atenção à altura do vaso escolhido e garanta que o sistema radicular tem espaço para se desenvolver.
Poda: As espécies que florescem no inverno não necessitam de muita poda. Se o fizer, garanta que o faz quando as flores murcharem ou que só corta os ramos mortos e danificados pela passagem do inverno.
Pragas e doenças: A principal causa de morte das Erica e das Calluna utilizadas como planta ornamental é o excesso de água e podridão da raiz causada por fungos. Apostar em substratos bem drenados e controlar a rega poderá evitar este tipo de problemas.
Utilização paisagística: Na Natureza é frequente encontrar estas espécies junto de outras a outras comunidades vegetais autóctones com as mesmas características, como alecrins, lavandas, giestas ou tojos. Se pretende uma bordadura com um ar campestre, esta combinação será certamente bem-sucedida.
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