Conheça as plantas onde as flores se “guardam” dentro dos frutos.
Adiversidade de figueiras, que corresponde a diferentes espécies do género Ficus, tem origens geográficas díspares, desde a Austrália, Índia, Ásia e África à Europa. Pertencem à família Moraceae e caracterizam-se pela sua seiva leitosa e pelos frutos (sicónios), que se designam por figos.
Outra particularidade interessante é as suas flores estarem encerradas dentro de um recetáculo carnudo (que forma o fruto), e a sua polinização ser feita por uma vespa específica. Devido à ausência de contacto com o exterior, as flores não espalham fragrância. No entanto, as flores femininas quando maduras estimulam a que o fruto emita um cheiro que vai atrair as vespas polinizadoras.
Esta multiplicidade de espécies exibe uma panóplia de diferentes portes, formas de folhas e tamanho de frutos desde a figueira-comum (Ficus carica), tradicional em Portugal, que se distingue pelo seu fruto comestível, o figo, até à figueira-trepadeira (Ficus pumila) que se reconhece pelo seu comportamento trepador que reveste muros.
Das outras espécies podemos assinalar, por exemplo, a figueira-da-austrália (Ficus macrophylla), a árvore-da-borracha (Ficus elástica) e a figueira-dos-pagodes (Ficus religiosa), cuja presença marca a identidade dos nossos jardins, pelo seu porte emblemático. Algumas também se adaptam em Portugal como plantas de interior como é o caso da Ficus benjamina e da Ficus lyrata, que são um dos encantos da “selva urbana interior”. Nesta edição, damos destaque às seguintes espécies: Ficus carica, F. macrophylla, F. elastica e F. pumila.
FICUS CARICA L.
(FIGUEIRA-COMUM, FIGUEIRA-DE-PORTUGAL)
A figueira-comum, também designada como figueira-da-europa e figueira-de-Portugal, é uma árvore caduca originária da região Mediterrânica. Possui ramos frágeis e folhas recortadas. Há registos que referem ter sido umas das primeiras plantas cultivadas pelo Homem.
O seu fruto, o figo comestível, apresenta uma estrutura carnuda e suculenta, com uma coloração branco-amarelada que vai até ao roxo, é um alimento muito rico em açúcar. Os frutos desta figueira podem ser provenientes de plantas masculinas ou femininas, sendo os figos comestíveis provenientes da planta feminina. O figo da planta masculina é designado por caprifigo, e não é comercializado, sendo apenas utilizado na alimentação de cabras.
Porte: Até oito metros de altura e com ramos muito retorcidos.
Folhas: Caducas e de forma recortada com 5-7 lóbulos.
Frutificações: Figo comestível.
Curiosidade: A presença dos frutos caprifigos em campos de plantação de figueiras incentiva que as vespas do caprifigo fertilizem os figos das plantas femininas, um processo designado por caprificação.
FICUS MACROPHYLLA ROXB. & BUCH.-HAM. EX SM.
(FIGUEIRA-DA-AUSTRÁLIA OU FIGUEIRA-ESTRANGULADORA)
Árvore perene, nativa das florestas chuvosas da costa leste da Austrália, vulgarmente conhecida como a figueira-da-Austrália ou figueira-estranguladora. Caracteriza-se pelo porte emblemático e copa arredondada. Apresenta um tronco com ritidoma acinzentado e um sistema radicular imponente e escultórico. Geralmente tem raízes aéreas, que saem dos ramos que, ao atingir o solo, engrossam em troncos complementares para apoiar a copa da árvore.
Porte: Altura até 60 metros.
Folhas: Grande dimensão, elípticas, coriáceas, verde-escuras e com 15-30 cm de comprimento, que se dispõem alternadamente nas hastes.
Frutificações: Os seus figos têm 2-2,5 cm de diâmetro e a cor muda de verde para roxo quando amadurecem. Embora comestíveis, os seus frutos são de gosto desagradável e seco.
FICUS PUMILA THUNB.
(FIGUEIRA-TREPADEIRA, UNHA-DE-GATO)
Espécie nativa da Austrália, China e Japão, conhecida como figueira-trepadeira, é uma planta rasteira de crescimento rápido, ótima para revestimento de superfícies. Os seus ramos aderem às superfícies e/ ou suportes por meio de raízes adventícias, sendo que na fase adulta os ramos tornam-se lenhosos.
Porte: Trepadeira de grande porte, atingindo cerca de 12 metros de altura na Natureza, mas em jardim, quando bem podada e bem cuidada, atinge cerca de quatro metros.
Folhas: As suas folhas são pequenas em forma de coração, habitualmente não excedem os 3 cm de comprimento. São finas, ligeiramente dobradas, de tom amarelado quando jovens. À medida que a planta amadurece, começa a produzir folhas maiores e coriáceas, com um tom verde mais escuro.
Curiosidades: Caracteriza-se pelo crescimento rápido, cerca de 30 a 45 cm por ano. Esta planta deve ser cultivada sob a luz solar indireta brilhante, mas é conhecida por tolerar níveis baixos de luz. Apesar de ser uma espécie resistente, exige muita manutenção, uma vez que requer podas periódicas, caso contrário torna-se bastante lenhosa.
FICUS ELASTICA ROXB. EX HORNEM.
(ÁRVORE-DA-BORRACHA)
Árvore perenifólia, conhecida pelo nome comum de árvore-da-borracha, planta da borracha ou falsa-seringueira, é originária desde o subcontinente indiano até à Malásia e à Indonésia. O seu porte é caracterizado pelo tronco curto e grosso (chega aos dois metros de diâmetro), geralmente irregular e muito ramificado desde a base, com ritidoma liso, acinzentado, por vezes com ranhuras horizontais. Esta espécie desenvolve raízes aéreas que ao chegarem ao solo se transformam em troncos auxiliares, suportando os ramos, e também permite o alargamento da copa. Existem cultivares que se adaptam como planta de decoração interior, com folhas variegadas de amarelo ou matizadas de castanho-avermelhado.
Porte: Altura entre 15 e 20 metros de altura, que pode atingir os 60 metros no seu habitat natural.
Folhas: As suas folhas são alternas, tamanho grande, com comprimento entre os 12 cm e os 35 cm (em jovens pode chegar aos 45 cm) e com uma largura de 10 cm a 15 cm, forma oval a elíptica, com consistência coriácea, de cor verde-escura e lustrosa na página superior; clara e com penugem na inferior
Curiosidades: Esta espécie botânica deita um látex tóxico, esbranquiçado e muito viscoso quando se corta. Este látex pode ser usado como matéria-prima no fabrico de borracha, apesar de não ter a mesma abundância e qualidade do produzido pela seringueira. A seringueira (Hevea brasiliensis L.), árvore de onde também se produz borracha, é uma espécie originária da bacia hidrográfica do rio Amazonas, no Brasil.
Com a colaboração de Teresa Vasconcelos e Miguel Brilhante
Referências bibliográficas
Saraiva, G. M.N.; Almeida, A. F. (2016). Árvores na cidade, roteiro das árvores classificadas de Lisboa. Lisboa: By thebook