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Horácio (65 a.C. – 27 a.C.), já no séc. I a.C., se queixava da rotina e do trabalho na cidade e exaltava o refúgio nas casas de campo e de praia (as Villae Rusticae e Marittima). Muito apreciadas pelos Romanos abastados, este era o deleite do otium por oposição às pressões do negotium. Este gosto pelo contato com um entorno natural que lhes repousasse o corpo e o espírito, levou os Romanos a construírem os primeiros jardins de prazer na Europa. Mesmo dentro das cidades, os Romanos planificavam as suas Villae de forma a terem um espaço interior aberto, longe da rua e dos olhares inquisitivos. Eram os Atrium, jardins ou pátios de Peristilo com vários elementos decorativos. Os principais eram estátuas, água e buxos podados em artísticas formas (nemora tonsilia) pelos topiarius, os hábeis jardineiros que cuidavam da manutenção destes jardins.
A explosão do Vesúvio em 79, permitiu perpetuar até hoje a composição desses jardins através das escavações arqueológicas e da descoberta dos frescos das paredes de Pompeia e Herculaneum, muito bem preservados devido às cinzas e pómice da erupção. A literatura também ajudou à reconstituição destes jardins da Antiguidade. Os textos de Plínio, o Jovem (61-112) bem como as cartas que Tusci escreveu a Gallus e a Domitius Apollinari imortalizaram as Villae Laurentina.
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Em Conímbriga temos um magnífico exemplo do que era um jardim de Peristilo dos primeiros séculos da era, na Casa dos Repuxos. Muito bem preservado e conservado, o jardim da casa é constituído por um lago retangular com seis canteiros simétricos. Os cerca de quinhentos repuxos animam a composição que o visitante pode pôr a funcionar com apenas 50 cêntimos.
Como todas a casas Romanas, a Casa dos Repuxos não tinha janelas para a rua. Abriam-se para um jardim interior com luz natural, plantas, água e até alguns pássaros. Isto proporcionava aos habitantes da casa a tal ideia de biodiversidade necessária ao equilíbrio mental, que os Romanos cultivavam. Também os mosaicos no chão e frescos nas paredes decoravam e enriqueciam o jardim e a casa de cor.
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Já não ia a Conímbriga há pelo menos vinte anos e fiquei encantada com o que lá agora vi. A manutenção do local é impecável e proporciona uma visita demorada por todos os recantos da antiga cidade. As termas, o fórum, os vestígios da muralha e outros jardins de Peristilo, permitem-nos reconstruir aquela cidade de antepassados longínquos. Um pequeno museu, bem organizado, exibe as peças encontradas durante as escavações e completa a visita. A não perder.
Fotos: Vera Nobre da Costa
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