As suas pétalas e sépalas apresentam cores quentes. Um fundo amarelo com manchas castanho-avermelhadas lembrando o pelo de um leopardo ao qual foi buscar o nome-comum e com quem partilha o continente de origem.
O género Ansellia é constituído por uma única espécie – a Ansellia africana –, que se encontra dispersa por uma vasta área do continente africano. É uma espécie epífita, crescendo nas copas das árvores em zonas tropicais, zonas costeiras quentes e secas ou nos vales ao longo de rios. As plantas são constituídas por pseudobolbos fusiformes, eretos e que vão perdendo as folhas verdes conforme vão crescendo. Podem, com o tempo, tornar-se plantas de tamanho considerável.
As suas raízes são peculiares e de dois tipos diferentes. Há as raízes grossas, fortes e cobertas de velame, que conhecemos em muitas orquídeas epífitas e que lhes permitem fixarem-se nos troncos e ramos das árvores bem como absorver rapidamente a preciosa humidade das chuvas, nevoeiros e orvalhos. A estas junta-se um outro tipo de raízes, aéreas, menos comuns, não absorventes, com um aspeto de agulhas brancas e que crescem na vertical à volta da base da planta, formando uma espécie de ninho ou cesto, e que servem para apanhar folhas, cascas e outros detritos, que, ao se decomporem, servem depois como alimento à planta.
Estas raízes desenvolvem-se em maior quantidade quando a planta tem carências de nitrogénio durante o seu crescimento. As florações aparecem geralmente a seguir ao inverno, quando devemos deixar a planta ter um período mais seco. As hastes florais crescem no topo dos pseudobolbos como um cacho vertical, o número de flores, perfumadas e com cerca de 6-7 cm, varia conforme o tamanho e robustez da planta.
As flores variam muito na cor e manchas, o que acontece frequentemente quando existe uma distribuição por uma grande área. Então, enquanto em todas as variações o labelo é amarelo, podemos encontrar flores com as sépalas e pétalas praticamente creme (um amarelo-esverdeado) e sem manchas, outras só com pintinhas pequeninas até flores quase todas castanho-avermelhadas. Existem muitos padrões diferentes dentro destas duas cores. Tão diferentes que antes se supunha que fossem espécies distintas. Estas orquídeas assemelham-se muito, tanto na fisiologia como nas cores e hábitos de crescimento, com os asiáticos Grammatophyllum.
O cultivo
São plantas de fácil cultivo e muito resistentes que nos presenteiam, ocasionalmente, com mais do que uma floração por ano. Os melhores resultados são geralmente obtidos com um cultivo num vaso ou taça de plástico ou barro com um substrato que dê uma boa drenagem. Podemos também fazer vários orifícios de drenagem nos vasos. As regas devem ser moderadas, pois estas orquídeas são de habitats mais secos, devendo-se ainda fazer uma boa fertilização com fertilizante próprio para orquídeas diluído na água de rega durante a fase de crescimento da planta. No inverno, um período de dormência de cerca de seis semanas onde se reduzem muito as regas permite à planta o enrijecimento dos pseudobolbos e favorece o estímulo à floração.
Alguns usos tradicionais desta planta nas tribos Zulu, na África do Sul, dão o poder aos pseudobolbos desta espécie, quando usados num chá, para provocar o vómito e também se usados como amuleto por amantes rejeitados, impedem os que os rejeitaram de terem filhos. Também na Zâmbia as folhas são usadas num caldo para curar a loucura e a tribo Pedi, no Zimbabué, faz uma infusão desta planta para curar a tosse das crianças. Eu não aconselho o seu uso além de planta ornamental.
Este mês, também floriram no meu orquidário a Cattleya Delta King ‘Tangerglow’, a Maxillaria valiabilis amarela e muitos Cymbidium, entre eles o híbrido denominado ‘Ruby’.