São Tomé continua a surpreender com árvores e frutos maravilhosos. Venha conhecê-los mais de perto.
Fruta-pão (Artrocarpus altilus)
É mesmo o pão dos trópicos e usam-na em tudo: cozida, assada ou frita a acompanhar os mais variados pratos. A fruta-pão, Artocarpus altilus, pertence à família das Moráceas, a mesma família que a jaca e a amoreira. Primeiro dia para me ambientar ao novo lugar, é sempre uma visita ao mercado. Aí sim, encontrei uma enorme variedade de frutos conhecidos e por conhecer e outros que nunca cheguei a saber o nome.
O safu foi dos que mais me intrigou e o sapesape o que mais me deslumbrou. O safu, porque se vendia em todas as bancas, em grandes alguidares como se fossem azeitonas gigantes ou abrunhos mas de um roxo quase preto e muito lustroso. Como tinha referido no artigo do mês passado: quem come safu volta a São Tomé. Aprendi a comer e a gostar. Tem os seus truques, eu comprava já cozinhado no mercado. Cozinham ali mesmo, em grandes tachos e fogões improvisados. Na verdade, tem pouca polpa à volta de um enorme caroço quase tipo abacate e também lhe chamam manteiga verde, tal como o abacate é conhecido em muitos países africanos. É altamente nutritivo, muito rico em vitaminas e sais minerais, usa-se muito em casos de convalescença, raquitismo, falta de apetite, etc., come-se barrada no pão ou apenas simples. Em Angola, é conhecida por mubago.
Caroço ou Terminalia catappa
No caminho do aeroporto para o centro da cidade de São Tomé, adivinhava-se já a monumentalidade das árvores que bordeavam as estradas. Que árvores seriam? É o que queria saber. Grande parte delas eram Terminalia catappa, caroço como lhe chamam localmente, copas muito abertas e amplas quase horizontais, enormes folhas que já tinha encontrado no Brasil, onde também são abundantes, e respondem pelo nome de amendoeira. É das poucas árvores tropicais de folha caduca. Pertence à família das Anacardeáceas à qual pertencem também o caju, Anacardium sp., e o cajá (Brasil) ou cajamanga, Spondias monbin (São Tomé e Príncipe), tão popular nestas ilhas. Vim a descobrir mais tarde, já na ilha do Príncipe, o quão deliciosos eram estes pinhões/amêndoas.
Impaciente como sou, quis logo começar as minhas pesquisas mal pousei o pé em terras tropicais, africanas, com cheiro quente e húmido de tanta planta e tanta chuva. No dia seguinte mal o sol raiou, já eu estava acordada de ouvido atento aos mil e um barulhos do exterior, o que haveria lá fora? Insetos, pássaros e crianças felizes a brincar nas árvores.
Mangueira ou Mangifera sp
Abri a porta e de cada lado da casa uma enorme árvore: à direita, uma mangueira Mangifera sp. de folhas leves compridas e estreitas, verdes e brilhantes, dançando no vento que haveria de trazer chuva para o resto do dia. Olhei melhor, mas das mangas nem sombra, estávamos em fevereiro e sua época aqui em São Tomé é entre outubro e dezembro, azar, eu que adoro mangas. Do outro lado da casa, uma gigantesca árvore de fruta-pão também muito comum nos arruamentos, essa sim carregada de frutos gigantes. Cheguei a ter pena dos seus troncos de uma robustez impressionante, talvez a árvore favorita das crianças, pelo menos sempre que via a pequenada a trepar árvores, eram esta espécie que os acolhia.
Sapesape ou Anona muricata
É o que no Brasil chamam graviola ou fruta-do-conde e que em São Tomé existe em qualquer quintal, sapesape, goiaba e também mangueira se o quintal for maior. Este sapesape, Anona muricata, foi decididamente quem conquistou as minhas papilas gustativas e não prescindia do meu sumo de sapesape matinal. Polpa bem branquinha e espessa, com sabor a anona com um toque meio cítrico. As suas propriedades medicinais são imensas, usa-se como fonte de fibras, vitaminas e sais minerais, e como antioxidante. As folhas em infusão usam-se como desparasitante intestinal, diurético e problemas digestivos.
Goiabeira ou Psidium guajava
É uma Mirtácea, não é uma árvore de grande porte e é uma das frutas medicinais mais importantes: usam a fruta com sal para tratar diarreias e a folha fresca ou seca, normalmente fresca, em infusão para males de barriga, inflamações intestinais e em gargarejo para problemas da boca e das gengivas.
No mercado, encontrei ainda carambola ou fruta-estrela, estrela não pelo sabor, mas sim pela forma e cor, mangostão, cocos, papaias, abacates, tamarindos, laranjas e limões de várias espécies, muita variedade de bananas, sendo as mais comuns banana-maçã, banana-prata, banana-ouro, e ainda muitas variedades de anonas. No terceiro dia na ilha, viajei para norte para conhecer os grandes embondeiros e os gigantes ocás, verdadeiros monumentos vivos.
Na beira da estrada, fomos encontrando muitas papaieiras em flor e em fruto, e campos de café e cacau, que normalmente se plantam juntos na sombra das belíssimas e enormes eritrinas que se encontravam ainda em floração. Que belíssimo espetáculo!
Os embondeiros, também conhecidos por micondeiros, são árvores de savana e daí a sua existência na parte norte da ilha que é mais seca e mais desarborizada, desarborização essa feita por mão humana com interesses comerciais (a mesma história de sempre com a economia a falar mais alto que a ecologia).
Fotos: Fernanda Botelho
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