Revista Jardins

Dente-de-leão, uma planta amiga da saúde

O dente-de-leão, considerado planta daninha, era já conhecido dos médicos árabes da Antiguidade (séc. XI) Rhazes e Avicena que a ela se referiam como uma das grandes plantas estimulantes do fígado.

Aparecia ainda em quase todos os tratados médicos da Idade Média, devido também às suas propriedades diuréticas. Era muito recomendado no tratamento da gota, para além disso não se lhe conheciam nem conhecem efeitos secundários podendo ser utilizado durante largos períodos de tempo.

Depois da Idade Média caiu um pouco no esquecimento, mas no início do séc. XX foi reabilitada, tão universal foi o reconhecimento das suas propriedades que todas as terapêuticas em que era utilizada passou a chamar-se taraxoterapia, em latim Taraxum officinale.

Características

Planta composta da família das asteráceas (margarida, maravilha, etc). Nome latim Taraxum officinale. Também é conhecida por Coroa do Monge, Frango, Quartilho, Amor-dos-Homens.

No Brasil é apelidada por Alface-de-côco; em inglês Dandelion, em castelhano Dente de Leon e, em francês, por Pisenlit devido às suas propriedade diuréticas.

Cresce em estado selvagem em quase todo o mundo, nos prados e relvados, bermas das estradas e caminhos, terrenos incultos, nos jardins dos centros urbanos cresce um pouco por todo o lado pois é muito resistente à poluição. Em França e na Alemanha é cultivada para fins medicinais.

É uma planta vivaz, com folhas bacilares de recorte irregular que se desenvolve em forma de roseta, caules ocos e flores amarelo-dourado medindo entre 30 a 50 cm de altura.

A raiz é aprumada de cor branca ou amarelo acastanhado. Todas as partes contêm um suco leitoso que na primavera se concentra na folha e no verão mais nas raízes. As sementes são leves, esvoaçantes e coroadas de um papilho.

São produzidas inúmeras variantes da forma básica do dente-de-leão dependendo isto do tipo de paisagem, solo, estação, clima, altitude, etc.

Com a sua raiz forte, as folhas em roseta, as flores grandes e brilhantes, de perfume subtil e delicado, o dente-de-leão é a imagem de uma planta alpina. Apesar disso, cresce também nos vales e planícies.

Composição

Taraxacina, que lhe confere o sabor amargo, taninos, ácidos fenólicos, resina, inulina, cumarinas, inositol, carotenóides, açúcar, glicócidos, minerais, cálcio, ferro, magnésio, e bastante potássio e sílica.

Possui ainda vitaminas A, B e C, e fibras solúveis que se encontram na raiz.

Propriedades

As folhas verdes e tenras do dente-de-leão são uma boa fonte de beta-caroteno, que é a vitamina A existente dos frutos amarelos e nos vegetais verdes. Segundo a American Cancer Society, uma dieta rica nestes vegetais poderá diminuir o risco de alguns tipos de cancro.

A vitamina A também protege os olhos. As folhas são ainda uma fonte de cálcio, de ferro e de vitamina C. Uma dieta rica em dente-de-leão reforça o esmalte dos dentes.

As folhas são um potente diurético e ao contrário de muitos diuréticos convencionais que causam a perda de potássio, isto não acontece com o dente-de-leão devido ao alto teor de potássio que este contém, cerca de 5%. Por ser um excelente diurético, é utilizado no tratamento de reumatismo, gota e arteriosclerose e hipertensão, reduzindo o volume de líquidos no organismo.

As infusões de dente-de-leão estimulam o fluxo da bílis e auxiliam a digestão, constituindo um medicamento suave contra a flatulência, digestões lentas ou mau funcionamento da vesícula biliar, evitando a formação de cálculos e ajudando a digerir gorduras.

Purifica o sangue e os tecidos, sendo útil no tratamento de doenças de pele, erupções cutâneas e varizes (tomado internamente em forma de tisana, ou externamente em lavagens).

A seiva leitosa dos pedúnculos serve para tratar verrugas. A raiz é um eficaz desintoxicante do fígado e da vesícula, ajudando a eliminar resíduos e estimulando os rins da expulsão das toxinas via urina.

Estimula a eliminação regular de toxinas causadas por infecções ou poluição. É ainda um laxante suave. As pessoas com tendência para problemas de fígado, vesícula, reumatismo, anemia e diabetes obtêm bons resultados com um tratamento sazonal durante 4 a 6 semanas à base de um extrato da planta.

Um tratamento à base de dente-de-leão, urtiga e agrião é também um excelente tónico de limpeza do organismo podendo ainda utilizar-se como loção cosmética.

Jardim

O dente-de-leão é considerado uma infestaste dinâmica, pois prefere solos fundos tal como a luzerna e o trevo. O solo em redor é apreciado pelas minhocas, dado que a planta é um bom produtor de húmus.

Os pés de dente-de-leão num relvado podem estragar o aspeto (dependendo dos conceitos individuais) mas na verdade não estão em competição com a relva devido às raízes profundas que possuem. Trazem para a superfície os minerais existentes em profundidade, especialmente o cálcio, promovendo desta forma a restauração do solo conseguindo penetrar mesmo nas formas mais endurecidas do solo.

Quando o dente-de-leão morre, as suas raízes servem de via para a penetração das minhocas nas camadas fundas do solo inacessíveis de outro modo a estes vermes tão úteis aos nossos jardins e hortas. O Taraxaco estimula o crescimento de outras plantas de flor e o amadurecimento dos frutos. As flores são ricas em néctar atraindo abelhas, borboletas e alguns tipos de pássaros. O dente-de-leão é muito utilizado nos preparados de agricultura biodinâmica.

Cosmética

Uma infusão de folhas de dente-de-leão é excelente à pele. Funciona como loção de limpeza para peles com tendência a acne e a acumulação de impurezas.

Tinturaria

Dos botões do dente-de-leão pode obter-se uma tinta amarela clara; das raízes outro amarelo acastanhado utilizado para tingir lã e algodão. Para confeccionar estas tintas, esmagar meio alguidar de flores ou raízes, cobrir com água e deixar de molho durante 12 horas.

No dia seguinte, ferver entre 15 minutos a 2 horas, dependendo da intensidade da cor desejada, ir juntando mais água se necessário, deixar arrefecer e coar. Inserir a peça de roupa a tingir e voltar a ferver em lume brando durante meia hora, mexendo sempre. Remover a roupa e enxaguar com água fria até esta não apresentar vestígios de tinta.

Precaução

Usar luvas de borracha, pois o dente-de-leão pode causar irritação em peles sensíveis.

Culinária

Existe um sem número de receitas interessantes e fáceis de confecionar, tanto com as folhas, flores ou raízes do dente-de-leão. As folhas adicionadas em saladas são uma excelente fonte de vitaminas e minerais. Estas são menos amargas quando colhidas jovens e tenras.

No início da primavera, os botões por desabrochar são deliciosos quando cozidos com alhos-porros e temperados ligeiramente com manteiga/azeite, sal e pimenta. Pode também cozinhar a vapor, confeccionar deliciosas tartes de dente-de-leão e urtigas.

As flores podem também ser adicionadas em saladas depois de removidas todas as partes verdes (sépalas e caule), pode ainda fazer um pome de ovo farinha e leite onde se mergulham as flores que depois serão fritas.

Faz também um delicioso vinho com as flores que em Inglaterra se põe a fermentar em abril para ser consumido no Natal. As raízes jovens descascam-se e fritam-se ou cozem-se como se fossem espargos. As raízes de dente-de-leão, depois de lavadas, torradas no forno e moídas, podem utilizar-se como um bom substituto do café.

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