Se gosta de Vanda e consegue cultivá-las com sucesso, por que não as Rhynchostylis?
São géneros próximos e com muitas características e condições de cultivo comuns. E ninguém pode apontar-lhes um defeito quanto à sua beleza.
O género Rhynchostylis é constituído unicamente por cinco espécies. O nome refere-se à forma nariguda ou ‘como um bico’ do viscidium (pezinho das polinias que se cola nos insetos polinizadores) da flor. É originário da Ásia, desde a Índia, sul da China, Indochina, Indonésia e Filipinas. As mais conhecidas nos colecionadores serão talvez a Rhynchostylis coelestis, com as suas bonitas flores sombreadas de azul, a Rhynchostylis retusa, conhecida como “Rabo de Raposa” pelo seu longo cacho de flores, e as Rhynchostylis gigantea, com as hastes florais mais curtas, mas plantas mais fortes, folhas coriáceas e mais largas que as das Vanda e grossas raízes pendentes.
São plantas monopodiais, crescem de baixo para cima, como as Phalaenopsis ou as Vanda, e as suas folhas são lobadas na ponta, têm um pequeno recorte característico. As suas raízes são cobertas por uma grande espessura de velame, quase da grossura de um dedo, permitindo à planta absorver uma maior quantidade de água em pouco tempo.
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As flores, que duram entre quatro e seis semanas, não são muito grandes, entre 2-3 cm, mas, como estão dispostas muito próximas na haste floral, formam cachos de numerosas flores muito atrativos. Outra particularidade é o seu perfume intenso a especiarias. As cores das flores são muito chamativas, desde brancas até púrpuras, passando por várias tonalidades de rosa e salmão. As mais procuradas são as manchadas de branco e fúchsia.
As Rhynchostylis crescem de forma epífita, agarradas a troncos e ramos de árvores em florestas húmidas e quentes de baixa altitude. As névoas e chuvas mais ou menos constantes em todo o ano mantém as raízes da planta molhadas durante um curto período.
O cultivo
Comparando com as suas “primas” Vanda, as Rhynchostylis não são tão rígidas nos seus gostos por temperatura e luminosidade, podendo haver uma maior variação desde que
As temperaturas podem variar entre os 14o C e os 40o C. É claro que, quando as temperaturas estão altas, as regas devem ser quase diárias. Pode regar deitando água sobre as raízes, ou por imersão do vaso durante uns minutos. Com temperaturas máximas pelos vintes, uma boa rega semanal será suficiente. As fertilizações devem ser feitas com adubo para orquídeas líquido ou dissolvido na água de rega. Não utilizo o fertilizante granulado de libertação lenta nestas plantas, pois as raízes estão muito expostas e a libertação excessiva de fertilizante pode levar à cristalização, que vai provocar queimaduras nas raízes. Uma fertilização quinzenal é suficiente, alternando com uma ou duas regas só com água que vão “lavar” e dissolver alguns sais que possam ter-se acumulado nas raízes.
Na Natureza, as raízes aderem ao tronco das árvores e a única coisa semelhante a substrato que podemos encontrar serão cascas de árvores e folhas que caem e se vão deteriorando. Alguns dejetos de aves ou matéria vegetal decomposta por insetos poderão também acumular-se junto às raízes, especialmente se forem locais onde crescem musgos, líquenes, fetos e outras pequenas plantas que também se fixam na casca das árvores.
Logo o substrato para este tipo de orquídeas não é muito importante e facilmente encontramos Rhynchostylis à venda com raiz nua, num pequeno cesto de plástico suspenso por arames, como uma Vanda. Podem ser também cultivados em cestos de arame ou de madeira ou ainda em taças de plástico ou vasos de plástico transparentes com múltiplos furos no fundo. As plantas devem ser penduradas, especialmente na altura da floração, entre janeiro e fevereiro, porque as hastes florais também pendem, como uma cascata colorida e perfumada. É muito importante um bom arejamento nas raízes e, se cultivadas em vasos, devemos utilizar pedaços de casca de pinheiro grandes, de carvão, de rocha vulcânica ou leca. Algo que dê uma boa drenagem.
No que respeita à luminosidade, as Rhynchostylis gostam de luz filtrada de alguma intensidade, mas nada como as Vanda ou as Cattleya, mais perto do tipo de luz que damos a uma Phalaenopsis.
É um género que ainda não é muito cultivado, mas que aparece cada vez mais à venda nas lojas ou feiras de especialidade. Terão um futuro promissor em orquidários e colecionadores de orquídeas mais exóticas.
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