Decoração

Design biofílico

3Marias - design biofilico

 

A Natureza, a forma, a função e os padrões no espaço.

 

Como prometido no artigo anterior, partilho um pouco sobre um tema que cada vez mais me seduz: a biofilia como parâmetro de qualidade de vida e bem-estar. E porque este tema é tão vasto e cada vez mais explorado e investigado, irei, em cinco artigos, partilhar como podemos adotar este conceito/modus vivendi e transpô-lo para o dia a dia, seja para as rotinas, para a decoração, para a criação de ambientes ou para o design de jardins ou espaços exteriores. Pretendo exemplificar como podemos trazer este conceito para a nossa vida até porque, como o leitor se aperceberá, a biofilia é bastante mais do que decorar ou plantar, é sobre a consciencialização da ligação inata do ser humano como meio ambiente e da forma como este se pode incorporar a Natureza, nas suas diferentes formas ao longo da vida.

 

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Embora já 1964, na Alemanha, Erich Fromm tenha abordado o conceito, foi em 1984 que nos Estados Unidos, um professor de Ecologia, Steven R. Kellert, desenvolveu o tema. Mais tarde, e juntamente com Edward Osborn Wilson, entomologista e biólogo, descreveram a inata relação do Homem com a Natureza. Defendiam estes que o verdadeiro desenho biofílico está intimamente relacionado com a interdependência do Homem com a Natureza e, por isso, que as intervenções deveriam ser aplicadas a vários níveis: não apenas numa divisão, mas numa casa. Não apenas com plantas, mas materiais, cores e texturas. Não no espaço físico por si só, mas na capacidade que este tem de promover a interação social através da emoção e das sensações. Afinal de contas, se considerarmos a etimologia da palavra, conseguimos compreender a base do raciocínio: do grego bios, que significa vida, e philia, amizade ou amor – amor à vida, seja ela de que forma for.

Os benefícios são vários e a diversos níveis, incluindo a redução dos níveis de stress e de ansiedade, o estímulo da mente, a redução da fadiga, a melhoria da performance e função cognitiva e melhoria geral do bem-estar e saúde, de tal forma que este modelo se encontra a ser aplicado a maior escala ao urbanismo, onde o desenvolvimento de áreas verdes ultrapassa os parques e jardins, contemplando edifícios habitacionais, escritórios, hotéis e até aeroportos.

 

 

Em traços gerais, para a conceção de um espaço com design biofílico, conseguem-se aplicar padrões que relacionam aspetos dos ambientes construídos coma Natureza e com a forma como as pessoas reagem a esta.

Um dos padrões referenciados por Browning (2014) e que pode ser usado como uma ferramenta útil para o desenho, indica que padrões e texturas que remetem à Natureza cativam interesse e conforto do Homem, chegando mesmo a funcionar como elementos contemplativos. A utilização de elementos repetidos como as gavetas (restaurante) ou imponentes vasos de barro articulados com material vegetal funciona como organizadora da leitura do espaço, conferindo tranquilidade. No exterior, texturas como a da imagem acima, com decalques de diferentes folhagens, podem servir de inspiração a papel de parede ou, como neste caso, utilizado como pavimento. A aplicação de várias arcadas/treliças com cadência uniforme, outra técnica que se poderá usar para orientar o olhar num único sentido, de forma leve e confortável.

 

 

Muito interessante é também perceber que a complexidade e a ordem de um determinado espaço também influenciam a forma como as pessoas o leem. A ideia de ordem e hierarquia geométrica induz a sentimentos e respostas positivas. pelo que planear um espaço organizado com materiais, arte ou esquemas que se assemelhem a ambientes confortáveis na Natureza é um bónus, sobretudo quando se consideram formas orgânicas em detrimento das retilíneas.

Outro padrão utilizado no desenho biofílico do espaço é a conexão com a Natureza através de materiais que refletem a ecologia local. O uso de inertes como a pedra da região, madeiras ou tecidos tradicionais fazem com que o espaço se torne confortável, acolhedor e autêntico. Materiais reais e cores que existem na Natureza devem ser privilegiados.

Não esquecer: a Natureza não é opcional, mas essencial na qualidade de vida e na saúde do Homem. O uso sustentável de materiais naturais na construção do espaço, seja diretamente ou indiretamente, é um dos princípios basilares da biofilia!

 

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