Revista Jardins

Jardins de Portugal: Rota do Alto Minho

Conheça a Rota do Alto Minho, que abrange o vale do Lima e a margem esquerda do rio Minho.

A Associação Portuguesa dos Jardins Históricos, com o apoio do Turismo de Portugal e da Câmara Municipal de Lisboa, construiu um projeto de 12 Rotas Turísticas dos Jardins Históricos de Portugal.

A visita inicia-se pelo interior de Portugal, depois pelo litoral com os seus grandes centros urbanos do Grande Porto à Grande Lisboa até à Madeira e aos Açores.

ROTAS TURÍSTICAS DOS JARDINS HISTÓRICOS

Apresentam-se jardins públicos e privados, cercas conventuais, quintas de recreio, jardins botânicos e santuários, selecionados de entre os melhores exemplares que ainda se conservam em Portugal e cujas portas os proprietários privados, generosamente, aceitam abrir ao público.

ROTA DO ALTO MINHO

A Rota do Alto Minho abrange o vale do Lima e a margem esquerda do rio Minho, fazendo fronteira com a Galiza. Reúne um conjunto de quintas de recreio distribuídas junto ao vale dos rios ou na meia encosta, cercas conventuais sobretudo na meia encosta e pequenos santuários nos altos dos montes de onde se desfruta de panorâmicas extensas sobre os vales que, junto à costa, se estendem pelo mar.

Como território de fronteira que é, a rota integra algumas estruturas defensivas que perderam a sua função militar, mas mantêm uma singular valia patrimonial e hoje são geridas e usufruídas como jardins ou parques.

Ambos os rios nascem em Espanha e atravessam o território português perpendicularmente à costa, recebem as águas de importantes afluentes e definem vales encaixados entre altas montanhas que, na sua parte mais próxima da costa, se alargam e congregam férteis e extensos campos agrícolas.

Esta circunstância determinou uma distribuição particular de todas estas estruturas ordenadas, sejam as quintas, as cercas conventuais ou santuários com recintos mais ou menos amplos que ainda mantêm um forte carácter vernacular.

Na parte nascente, nos territórios das serras da Peneda, Soajo e Amarela, encontra-se o Parque Nacional da Peneda-Gerês, distribuído pelos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço e Ponte da Barca. Aqui pontua o impressionante santuário da Senhora da Peneda. A parte sul do parque – o Gerês – estende-se por Montalegre e Terras de Bouro, já na bacia do rio Cávado. Com o parque natural espanhol da Baixa Limia – Serra do Xurés, o Parque Nacional constitui, desde 1997, o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés e a Reserva da Biosfera com o mesmo nome. É a primeira área protegida criada em Portugal no ano de 1971.

1. ALAMEDA DOS PLÁTANOS, Ponte de Lima

É um espaço público em pleno centro histórico de Ponte de Lima, ribeirinho na margem sul do rio Lima. É uma frondosa alameda com cerca de 440 metros com notáveis plátanos.

No topo oeste da alameda, encontra-se a seiscentista Igreja de Nossa Senhora da Guia e, mais ou menos no centro, o complexo dos Conventos de Santo António e da Ordem Terceira de São Francisco, que constituem o Museu dos Terceiros. Fronteiro ao museu encontra-se um pequeno jardim recente envolto por grade – Jardim dos Simples – com canteiros onde estão instaladas diversas ervas aromáticas e medicinais Este importante núcleo de arquitetura religiosa foi fundado em 1480 pelo visconde D. Leonel de Lima e sua mulher, D. Filipa da Cunha, que o doaram à ordem.

2. CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA, Monção

Inscrita num recinto singelo, no alto do monte de Nossa Senhora da Graça, a 300 metros de altitude, nas proximidades da povoação de Badim, oferece uma panorâmica singular e representativa do vale do rio Minho.

A paisagem de amplas áreas aluvionares de Monção que se avistam sobre a margem esquerda do rio é cultivada, sendo um verdadeiro solar da casta Alvarinho – para nascente, distingue-se a Casa do Hospital. Na margem direita do rio, temos a Galiza.

O recinto é murado, constituindo um pequeno adro com carvalhos e oliveiras, com a capelinha maneirista, construída em 1613, virada a poente, sobre um castro, segundo a maioria dos autores, ocupado entre os séculos II a.C. e I d.C., com claros traços de romanização.

3. CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES, Caminha

Inscrita num recinto singelo, no alto de um monte, a oeste da serra de Arga, é particularmente impressiva pelo lugar, pelo carácter vernacular e pelas vistas sobre Caminha, a foz dos rios Coura e Minho, o mar e o monte de Santa Tecla, em Espanha.

O recinto é murado, constituindo um imenso adro em terreno irregular com vegetação esparsa que acolhe os peregrinos, em grande número, a 5 de agosto, o dia da romaria anual. Um caminho calcetado serpenteante conduz à capela alpendrada, do século XVIII, com fachada virada a poente ladeada a sul por quartéis para apoio aos peregrinos.

4. CAPELA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO, Paredes de Coura

Este santuário, sobranceiro à vila de Paredes de Coura, é composto pela igreja com origens no século XVII, embora seja uma construção barroca da segunda metade do século XVIII, e surpreende pelo monumental escadório neoclássico construído em 1886, rebaixado em relação à rua e atrás da igreja. Entre a igreja do Divino Espírito Santo e o escadório medeia um amplo adro arborizado.

O escadório inicia-se por um patamar com uma fonte de espaldar adossada ao muro. A partir daqui saem as escadas em duplo lanço, alternando com patamares com uma fonte e uma decoração exuberante de urnas e pirâmides. No topo, encontra-se um cruzeiro no centro de um vasto terreiro com a inscrição de 1837.

5. CASA DE NOSSA SENHORA D’AURORA, Ponte de Lima

A nascente da vila de Ponte de Lima, na rua do Arrabalde, à face da rua, encontramos uma das mais encantadoras quintas de recreio da Ribeira Lima, construída a mando de João de Sá Sottomaior, cavaleiro da Ordem de Cristo, no primeiro quartel do século XVIII.

É atribuída ao traço do notável engenheiro militar Manuel Pinto de Vila Lobos. Acede-se ao jardim pela casa ou por um portão que nos conduz ao pátio agrícola. A quinta, com 5,5 ha, émuradaemantém4hademataa sul da casa, numa cota superior.

O jardim de buxo serve a sala de jantar e assenta num patamar sobranceiro à rua, redesenhado em 1875, com um lago como peça central. Aqui encontram-se árvores notáveis com origens em continentes diversos. Do jardim de buxo acede-se aos campos das antigas hortas e à mata pontuada pelo cruzeiro com a imagem de Cristo.

Nossa Senhora da Aurora é venerada na casa – na capela e no jardim. O 1.o conde e 1.o visconde de Aurora foi João Sá Coutinho Costa Sousa Macedo Sotomaior Barreto (1838-1888). Vem a ser tio de José de Sá Coutinho, 3.º conde d’Aurora (1896-1969), escritor juiz, etnógrafo, homem viajado e com grande dedicação a Ponte de Lima.

6. CASA DO CRUZEIRO, Ponte de Lima

Quinta de referência em Ponte de Lima, hoje apenas com 5 ha. O acesso é feito por uma alameda de oliveiras com um cruzeiro na parte inicial, que conduz a um terreiro que serve a Capela de Nossa Senhora da Piedade e a um portal que abre para um terreiro interior murado com escada de entrada na casa. Um portão à direita dá acesso à “Mata da D. Inês”.

A construção da casa data do século XVII, tendo sido objeto de sucessivas campanhas de obras. Atrás da casa, existe um pátio com a sua fonte, e a torre integrada na casa é uma reinvenção do século XX.

O jardim de buxo serve a sala de jantar e, ao longo dos anos, tem sido um espaço de amor pelas rosas. É um patamar murado, um miradouro sobre Ponte de Lima, o vale do Lima a apontar ao monte de Santo Ovídeo, e que dá acesso aos patamares superiores onde se encontram o pomar, a horta e a piscina que, por sua vez, dá acesso à matinha.

Na sua origem englobava os terrenos agora ocupados pela Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima, a este, em quota inferior, outrora os campos agrícolas da quinta, e a “Mata da D. Inês”, atualmente pertencente à Câmara Municipal

de Ponte de Lima e integrada no Parque Urbano da Vila de Ponte de Lima.

7. CASTELO DE MELGAÇO, Melgaço

Ergue-se sobre um morro granítico, inserido na linha estratégica de defesa do rio Minho, e com marcas de diversas fases de construção ao longo dos séculos. A origem do castelo remonta a 1199, no entanto, no século XIII, o castelo foi reconstruído a expensas do concelho, do mosteiro de Fiães e do rei.

A planta da fortificação que Manuel Pinto de Vila Lobos fez, datada de 1713, permite-nos uma esclarecedora interpretação do sítio na sua expressão máxima enquanto estrutura defensiva. No século XIX, foi perdendo a sua função defensiva e a câmara municipal começou a demolir parte das muralhas.

O que chegou até hoje está envolto em espaços ajardinados, sendo um espaço verde em permanente ligação com o centro histórico de Melgaço. Um bom ponto de partida para esta visita é a estátua da autoria de José de Guimarães (n. 1939) da lendária Inês Negra, uma mulher do povo fiel à causa da independência de Portugal no início do reinado de D. João I, num tempo em que algumas terras eram a favor de Castela.

8. CERCA DO CONVENTO DE SÃO PAIO, Vila Nova de Cerveira

O convento é um lugar isolado, no alto do monte da Pena, numa serra coberta por grandes penedos, de onde se desfruta uma magnífica paisagem sobre o vale do Minho até ao mar. O percurso até ao convento é pontuado por lugares como o miradouro do Cervo ou o Santuário de Nossa Senhora da Encarnação.

Foi fundado em 1392 e destinado a uma comunidade de franciscanos observantes, num local onde já havia uma ermida dedicada a São Paio.

O escultor José Rodrigues (1936-2016), na década de 1960, deparou-se com o lugar em ruínas. Comprou o convento e a ele se dedicou intensamente. Hoje, o convento oferece um museu de arte sacra e de obras do escultor, sobretudo desenhos e barros, que convive com um espaço de alojamento turístico.

A cerca mantém ainda uma área de pomar, mas José Rodrigues foi criando um parque de esculturas. A partir do terreio junto à igreja, acede-se a uma sucessão de jardins de esculturas, ora sobre um plano promontório/miradouro, ora nas encostas orientadas para a cabana, para os lagos e para a mata. Atualmente, a cerca do Convento de São Paio é acima de tudo um palco de obras do escultor, deixando-nos sentir a sua presença, tomados pela grandiosidade da paisagem.

9. CERCA DO MOSTEIRO DE FIÃES, Melgaço

Numa encosta da serra da Peneda sobre a vila de Melgaço e o rio Minho, a cerca de 700 metros de altitude, vem de origens muito antigas. Foi mosteiro beneditino, foi cisterciense filiado no mosteiro de São João de Tarouca. Passou por sucessivas fases de apogeu e declínio até ser extinto, em 1834, passando para a posse de privados.

O que resta do mosteiro é essencialmente a Igreja Paroquial de Santo André, românica construída na primeira metade do século XIII e reformada nos séculos XVII e XVIII. Na fachada principal, entre janelões e nichos encontramos as imagens de Nossa Senhora, São Bento e São Bernardo.

Pouco resta das dependências monacais, no entanto, a igreja, o entorno, a paisagem e a perceção da cerca do mosteiro justificam a visita, o adro em torno da igreja e os muros atrás desta com carvalhais, a aproximação à igreja, a partir do cruzeiro e ao longo da alameda de notáveis carvalhos.

10. CERCA DO MOSTEIRO DE REFOIOS DO LIMA, Ponte de Lima

Passear na cerca deste mosteiro iniciando a visita pelos jardins, atravessando os claustros, passando à horta murada atrás do mosteiro, com o seu grande tanque e aqueduto, e depois percorrer os campos de cultivo ao serviço da escola, hoje constituídos por vinhas, olival e pastagens, é uma experiência de integridade e autenticidade patrimonial, além do contacto com um espaço de grande beleza.

A cerca do mosteiro é hoje gerida pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, cujo projeto de adaptação do edifício é da autoria do arquiteto Fernando Távora, e o restauro da cerca da autoria do arquiteto paisagista Ilídio de Araújo. Fundado em 1094, o antigo mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho uniu-se à Congregação de Santa Cruz de Coimbra no século XVI.

Foram realizadas obras ao longo dos séculos, datando as primeiras grandes transformações do século XIV e, mais tarde, já no século XVI, a reconstrução da igreja, no século XVII, do claustro XVII e da zona monacal ao longo do século XVIII. No século seguinte, foram feitas diversas obras na cerca até à extinção das ordens religiosas, em 1834.

11. CERCA DO MOSTEIRO DE SANFINS DE FRIESTAS, Valença

A visita à cerca deste mosteiro beneditino numa encosta sobre o rio Minho, a cerca de 200 metros de altitude, é fortemente impressiva pelo lugar em si. Tem-se uma leitura percetível da cerca, pese o estado de ruína das dependências monacais onde pontua a enorme igreja românica restaurada nos anos 30 do século XX.

O mosteiro emerge de uma frondosa mata de carvalhos em contraste com a nudez dos montes envolventes. Do terreiro vemos os campos armados em socalcos e um pequeno monte onde se encontra uma capelinha. Impressiona o monumental aqueduto setecentista em cantaria de granito, que tem cerca de 500 metros de comprimento. Dado o estado de conservação, nem todos os locais estão acessíveis.

De fundação antiga, crê-se que do ano de 604, no século XI, foi considerado um dos mosteiros mais ricos do reino de D. Afonso V de Leão. Recebeu carta de couto em 1134 por D. Afonso Henriques. Em 1545, D. João III deu-o à Companhia de Jesus para com as rendas fundarem o Colégio de Coimbra.

Aqui viveu São Francisco de Borja (1510-1572), até que, em 1759, o Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas, a igreja passou a paroquial e o mosteiro e cerca foram vendidos a particulares.

12. CERCA DO MOSTEIRO DE SÃO JOÃO DE ARGA, Caminha

A visita a este antigo mosteiro beneditino, transformado em santuário, implantado no contraforte norte da serra de Arga, é uma experiência única e diferente conforme a hora do dia e a estação do ano não só pelo destino, mas também pelo percurso e a paisagem que dele se desfruta.

Quando nos aproximamos, o mosteiro emerge da vegetação arbórea constituída por carvalhos, pinheiros, bétulas e Chamaecyparis.

Lugar de rara autenticidade, trata-se de um recinto murado com um portão que dá acesso de frente à igreja românica com fachada barroca. Esta está rodeada por um conjunto de quartéis de peregrinos em granito, com varandas viradas para o recinto onde se destaca um outro conjunto notável, agora de sobreiros.

Exterior ao recinto, num ponto mais baixo, existe um cruzeiro que faz parte do percurso processional, sendo a romaria anual nos dias 28 e 29 de agosto.

13. FORTALEZA DE MONÇÃO, Monção

Composta por dez baluartes irregulares e um meio baluarte, envolve o centro histórico da vila de Monção. Guarda a memória de guerras e cercos entre portugueses e castelhanos a que está associada a figura de Deu-la-Deu Martins e os seus lendários atos de bravura durante um cerco no século XIV.

Com o forte de Salvaterra em frente, no lado espanhol, percorrer hoje os baluartes e os panos da muralha proporciona um passeio distintivo, cheio de significado histórico. Acompanha o centro histórico, à cota alta, com amplas vistas.

Interligado com a cota baixa ao longo do rio Minho com a sua densa galeria ripícola, desde o Parque das Termas, a nascente, a uma zona desportiva no prolongamento deste, pode-se usufruir da ecovia Monção-Valença sobre o antigo caminho de ferro. Na encosta, encontra-se o Convento de São Bento ou Quinta dos Frades, hoje Hotel Convento dos Capuchos.

Pouco resta do ‘castelo’ medieval de Monção construído no tempo de D. Dinis, no início do século XIV. As muralhas atuais resultam de uma modificação na 2.ª metade do século XVII, tendo sido interrompidas, a partir do século XIX, para construção do caminho de ferro, abertura da Avenida das Caldas e o alargamento da Estrada de Melgaço.

14. FORTE DE LOVELHE, Vila Nova de Cerveira

O forte de Lovelhe é uma pequena estrutura defensiva implantada a norte de Vila Nova de Cerveira, em pequeno outeiro sobranceiro ao rio Minho.

Foi construído em 1642, após a Restauração da Independência, sendo concluído em 1663 e, em 1809, foi profundamente danificado pelas tropas napoleónicas. Atualmente é um espaço público de fruição, que guarda as suas memórias, constituindo um miradouro singular sobre o rio Minho e Vila Nova de Cerveira.

15. PAÇO DE CALHEIROS, Ponte de Lima

Outrora Quinta do Pinheiro, situa-se na freguesia de Santa Eufémia de Calheiros, em Ponte de Lima, com ampla vista sobre a vila, o vale do Lima e, ao fundo, o mar. A quinta está implantada na meia encosta, com a casa proeminente na paisagem, com as suas duas torres, contracenando com o Paço de Cardido. Acede-se por terreiro ladeado por árvores que nos conduz à casa.

Seguindo pela direita, são vários os patamares ajardinados com amplas vistas, tendo em primeiro plano as vinhas, encontrando-se o jardim de buxo fronteiro à casa. Mantiveram-se as antigas ramadas que proporcionam o conforto de uma sombra sobre caminhos e fontes que nos levam aos antigos pomares e hortas, ao souto e às novas áreas reservadas ao acolhimento dos hóspedes.

A sua origem está ligada à instituição da Honra de Calheiros, em 1336, concedida por D. Dinis. Uma lápide existente no portão da entrada informa que o paço se encontra na posse da família Calheiros desde 1450.

O edificado de Calheiros iniciou-se com uma torre medieval adossada à capela, demolida no fim do século XVII, desenvolvendo-se o atual edifício de ambos os lados da capela dedicada a São Bento. Os atuais proprietários empreenderam obras de restauro de forma a abrir as portas ao turismo de habitação.

16. PAÇO DE VITORINO, Ponte de Lima

Em Vitorino das Donas, na margem sul do rio Lima, encontra-se uma das mais curiosas e antigas quintas de recreio do Alto Minho. Com acesso por alameda de carvalhos, sobreiros e plátanos a culminar num terreiro com acesso à capela e ao portal armoriado.

Este, por sua vez, abre-se para o amplo pátio do paço, hoje Hotel Rural Paço Vitorino. À direita, uma porta leva-nos aos jardins organizados numa sucessão de hortos murados – quais giardini segreti – outrora hortas, pomares e olivais, havendo a destacar, a par com a coleção de camélias, a fonte monumental com as estátuas da Preguiça, Neptuno, Diana e um nicho de Nossa Senhora da Conceição, assim como todo o sistema de condução de águas.

Localizada junto à margem sul do rio Lima, outrora foi chamada Quinta do Barco, devido ao direito de portagem na travessia do rio.

O paço, incendiado durante as lutas liberais (1828-1834), possui referências desde o século XVI, havendo na altura duas propriedades distintas, a Quinta do Barco e a Quinta do Paço, unidas por casamento entre as famílias. O engenheiro militar Manuel Pinto de Vila Lobos, no século XVIII, interveio no edificado da quinta.

17. PALÁCIO DA BREJOEIRA, Monção

É porventura a quinta de recreio mais grandiosa do Alto Minho quer pela qualidade da composição, quer pela dimensão. A sua história está associada a três figuras: Luís Pereira Velho de Moscoso (1767-1837), fidalgo da Casa Real e comendador da Ordem de Cristo, que mandou construir o palácio em 1806, embora só concluído em 1834, Pedro Maria da Fonseca Araújo (1862-1922), deputado e par do reino que comprou a Brejoeira em 1900, sendo da sua iniciativa a construção no interior do palácio do teatro e da estufa/jardim de inverno e o projeto do parque da autoria de Jacintho de Mattos (m. 1948) e Maria Hermínia Silva d’Oliveira Paes (1918-2015), cujo pai tinha comprado a quinta em 1935, e se tornou uma das primeiras produtoras de vinho alvarinho na Região dos Vinhos Verdes.

Outrora conhecida como Quinta do Vale da Rosa, guarda a ermida de São Francisco, com a data de 1605, e a adega velha assemelha-se a uma nave de uma igreja. A visita começa pelo lado nascente, em direção à faustosa fachada, embora na organização primitiva da propriedade, a fachada principal estivesse orientada a norte com um pequeno jardim formal de camélias na frente, com ligação lateral para outros jardins e que hoje se prolonga por uma alameda integrada no parque de Jacintho de Mattos, com um valioso conjunto arbóreo, em torno de um lago ao gosto românticos.

As vistas têm sempre em primeiro plano os campos de vinha da casta Alvarinho.

18. PARQUE DO ARNADO E JARDINS RIBEIRINHOS DE ARCOZELO, Ponte de Lima

Situa-se na margem direita do rio Lima, resultando da reabilitação da antiga Quinta da Casa do Arnado, uma construção com origens no século XVIII, remodelada no século XIX e atualmente usada como Albergue de Peregrinos de Santiago de Compostela, Museu do Brinquedo Português e Centro de Interpretação do Território.

O parque insere-se no Projeto Global de Valorização das Margens do Rio Lima e trata-se de um parque temático onde foram recriados um jardim romano, um jardim labirinto, um jardim renascença e um jardim barroco. No parque encontram-se ainda ramadas, tanques, sistemas de água em pedra que são reminiscências da antiga quinta.

Além do Parque do Arnado, a beira-rio é percorrida por outros parques e jardins, uma zona de relvados e parque de merendas junto à Igreja de Santo António e ponte medieval e, mais a poente, o Festival Internacional de Jardins, constituído por pequenos jardins efémeros resultantes de um concurso anual promovido pelo Município de Ponte de Lima, e ainda o Clube Náutico de Ponte de Lima.

“JARDINS HISTÓRICOS DE PORTUGAL: MEMÓRIA E FUTURO” – Exposição patente até ao final de Março de 2021 na Biblioteca Nacional.

19. PARQUE TERMAL DO PESO, Melgaço

O conhecimento das águas de Melgaço e das suas virtudes associadas a diabetes, a doenças do aparelho digestivo e do sistema nervoso vem de finais do século XIX. A Fonte Principal, um grande pavilhão arte nova, foi construída em 1909.

O Balneário ficou concluído em 1924, altura em que o jardineiro paisagista Jacintho de Mattos (m. 1948) delineou o parque na continuação da arborização anteriormente introduzida. Em 2009, foram criadas condições para a reabilitação e reabertura da Estância Termal, ficando o Município de Melgaço responsável pela sua gestão por 25 anos.

A exploração da unidade fabril, concessão de exploração, captação e engarrafamento das águas continua a ser da empresa Vidago, Melgaço, Pedras Salgadas-Água e Turismo, S.A.

20. QUINTA DA COUTADA, Arcos de Valdevez

Na margem esquerda da vila dos Arcos de Valdevez, estende-se esta propriedade que foi coutada do Paço de Giela dos viscondes de Vila Nova de Cerveira e marqueses de Ponte de Lima que lhe fica sobranceiro e é hoje visitável.

A casa, com escada para o terreiro de entrada, foi construída no final do século XVIII, havendo dois portões no terreiro – um de aparato – que abre para o jardim que se desenvolve a norte, na traseira da casa, com uma posição de miradouro sobre a propriedade murada, avistando-se, num primeiro plano, zonas de pomar e horta, clareiras com os resquícios de campos de cultivo e a mata densa.

O jardim expande-se para nascente, marcado por alinhamentos de buxo e ramadas em direção a umas construções agrícolas e a um notável conjunto de faias rubras.

O passeio na mata, em direção à margem do rio Vez, é inesquecível não só pela beleza como pelo contacto com uma propriedade coutada, onde só os seus senhores caçavam.

21. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA PENA, Paredes de Coura

Este pequeno santuário erguido no alto do Monte da Pena, sobranceiro ao vale do rio Coura com os seus retalhados campos agrícolas e à vila de Paredes de Coura, é um lugar singelo entre impressivos penedos e envolto em arvoredo com a sua capela construída no século XVIII com a imagem de Nossa Senhora da Pena na fachada.

O adro, as árvores, os penedos graníticos e os seus equipamentos, desde o parque de merendas ao miradouro a 556 metros de altitude, mantêm um ambiente de autenticidade – e até ingenuidade – que, associado ao seu sistema de vistas, fazem da visita ao santuário uma experiência tocante. Não é um lugar de passagem, mas mais um destino que, no entanto, implica um percurso de grande e surpreendente diversidade paisagística.

22. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA PENEDA, Arcos de Valdevez

Este é um dos santuários mais impressivos de Portugal, a 690 metros de altitude, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, na Gavieira, na serra da Peneda.

Para isso em muito contribui o vale encaixado do rio Peneda, resultante de uma falha geológica, e a sua implantação numa estreita garganta no sopé da denominada Fraga da Meadinha, envolta em vegetação. Lugar de lendas e de culto, a sua construção é inspirada no Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga.

O início do percurso ascendente é feito pelo Terreiro do Anjo, rodeado pelas capelas de Via Sacra que continuam escadório acima, algumas delas feitas ainda no século XVIII, outras já no XIX, até ao Pórtico dos Evangelistas que se abre para um terreiro onde estão os quartéis e o Escadório das Virtudes, que conduz à Igreja, neoclássica, no topo.

23. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO FARO, Valença

No alto do Monte do Faro, encontra-se o santuário dedicado a Nossa Senhora do Faro ou da Assunção, acompanhado de densa vegetação. O vernáculo prevalece no sítio, embora o significado do lugar e o seu posicionamento, abrindo para um cenário a perder de vista, façam dele um recinto sagrado digno de visita.

O santuário foi construído no final do século XVII, início do XVIII, pelos monges beneditinos do mosteiro de Ganfei, em Valença. Um escadório por entre a vegetação conduz ao topo do monte, onde se ergue a capela, com nicho de São Bento na fachada, ladeada por castanheiros. Mais abaixo, em direção ao mar, encontra-se o monte de Santana, onde se ergue uma singela capelinha e um cruzeiro, com ampla vista sobre a paisagem.

O monte foi arborizado entre 1908 e 1910 e aberta uma nova estrada para o santuário. O lugar é armado em socalcos em cujos patamares percorridos por caminhos, ligados entre si, por escadas e rampas, estão plantados tílias, castanheiros, liquidâmbares e austrálias que oferecem sombra sobre as várias mesas de piquenique.

DESCARREGUE A APP “JARDINS HISTÓRICOS”, obtenha toda a informação sobre cada jardim e planeie as suas visitas pesquisando por jardins ou criando novas rotas.

24. SANTUÁRIO DO BOM JESUS DO CALVÁRIO, Vila Nova de Cerveira

Situado numa encosta sobre Cerveira, data do século XIX, embora tenha sido concluído só no século XX. O escadório apresenta dois tramos retos, sendo mais elaborado o mais alto e mais pequeno, com quatro capelas da Paixão, representando o Senhor do Horto, Ecce Homo, o Senhor da Boa Morte e a Senhora das Angústias, e o Senhor dos Passos.

Culmina no adro da igreja barroca, construída na segunda metade do século XVIII, ladeada por um coreto de 1930 e dois notáveis carvalhos.

O santuário oferece uma panorâmica singular sobre o vale do rio Minho. Lateralmente ao santuário, junto ao escadório mais elevado, em socalcos, encontra-se o parque de merendas envolto em frondosas árvores.

25. SANTUÁRIO DO SENHOR DO SOCORRO, Ponte de Lima

Atravessa-se o rio em Ponte de Lima e segue-se a estrada ao longo da ribeira de Labruja durante 10 km, no Caminho de Santiago, para nos depararmos com o santuário, implantado em encosta, com a sua igreja de fachada cenográfica.

Com escada de acesso decorada por estatuária de anjos, a igreja está inscrita num recinto cuja traseira encosta a um quartel de peregrinos e casa da confraria, numa cota mais elevada que conduz a um escadório neoclássico imponente, mas como que desajustado ao sítio. No lado poente, dois coretos ocupam uma posição singular e, num nível inferior, dispõe-se um conjunto de fornos e mesas que aguardam os romeiros do primeiro dia do mês de julho, a grande festa do santuário.

A igreja, iniciada em 1773, foi alvo de um projeto grandioso por parte do emigrante brasileiro António Augusto Pereira, de Barcelos, que pretendeu reproduzir aqui o Santuário do Bom Jesus do Monte de Braga.

Associação Portuguesa dos Jardins Históricos

Portugal possui um conjunto notável de jardins históricos distribuído por todo o território. A AJH tem por objeto contribuir para o estudo, defesa, preservação e divulgação do património paisagístico com destaque para os parques, as quintas e os jardins históricos.

Criada em 2003, a AJH é uma associação sem fins lucrativos que reúne proprietários de natureza privada e coletiva de jardins históricos, profissionais dos jardins e amantes da jardinagem, do património e da Natureza.

A AJH promove a salvaguarda do património paisagístico privado e público organizando atividades culturais e formativas, procurando apoiar projetos integrados de recuperação e de valorização turística e a divulgação dos jardins.

Para mais informações e marcações de visitas: www.jardinshistoricos.pt

FOTOGRAFIAS: AJH – JOÃO PAULO SOTTO MAYOR

Gostou deste artigo?
Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no Facebook, Instagram e Pinterest.


Exit mobile version