Os maracujás-roxos (Passiflora edulis f. edulis) são já bem conhecidos de todos, encontram-se com facilidade à venda em mercearias ou supermercados, e cada vez mais em jardins um pouco por todo o país, mas o género Passiflora ainda é no geral um desconhecido em Portugal.
Este género comporta cerca de seiscentas espécies reconhecidas, na sua maioria originárias das Américas, mas também da Ásia e da Oceânia, além de um número crescente de cultivares e de híbridos (resultado do cruzamento de duas ou mais espécies, ou de híbridos).
Como cultivar
As Passiflora podem ser em muitos casos cultivadas no solo ou em vaso, o que nesta segunda opção pode ajudar a limitar o seu crescimento, no caso das mais vigorosas.
As de mais fácil cultivo são trepadeiras; existem outras arbóreas, mas o seu cultivo não é adequado a quem se está a iniciar no cultivo.
Drenagem
Uma boa drenagem é essencial, porque os maracujazeiros são muito sensíveis à podridão da raíz. Devemos colocar argila expandida no fundo dos vasos e misturar perlite ou vermiculite para arejar melhor o solo.
Substrato e fertilização
Por outro lado, apreciam um pH ligeiramente ácido e matéria orgânica abundante. Para estimular a floração e frutificação, é necessária uma fertilização rica em azoto e potássio, sem esquecer o cálcio e os microelementos, aliados a regas abundantes nos meses mais quentes.
Tutoragem
Devemos arranjar tutores para que a planta possa trepar, pode ser até em caramanchão, e podar a planta, quer para controlo do seu tamanho, quer para estimular a floração.
A poda não deve ultrapassar um terço do tamanho da planta — uma poda muito severa pode levar à morte da planta. Os maracujás-roxos são os mais cultivados porque ao contrário da maioria das espécies de Passiflora, são auto-férteis, ou seja, cada planta produz frutos com o seu próprio pólen.
Na maioria das espécies isso não acontece, é necessário fazer polinização cruzada com pólen de duas plantas distintas geneticamente e que sejam compatíveis. Isto já torna o cultivo mais difícil, mas ao mesmo tempo mais desafiante.
Como propagar
As Passiflora são na generalidade fáceis de propagar a partir de semente, mas podem ser propagadas por estacaria, enxertia, ou mergulhia. No caso dos híbridos estes não deverão ser propagados por sementes, para se manterem fiéis às suas características, além de em alguns casos os híbridos serem estéreis.
Para a propagação por semente, podemos utilizar como substrato coco ou turfa, que ajudam a manter a humidade. Colocar o vaso num local quente e com luz solar.
Muitas espécies e híbridos são utilizados como ornamentais dada a beleza, muitas vezes efémera, das suas flores. Os seus frutos na maioria das vezes não têm valor alimentar ou são mesmo tóxicos para o ser humano.
Destacamos neste aspeto a Passiflora ‘Victoria’, um dos mais antigos híbridos, a Passiflora x violacea, a Passiflora ‘constance elliot’ a Passiflora murucuja , a Passiflora citrina e a Passiflora tulae. São no geral plantas de fácil cultivo e que produzem flores abundantemente, mesmo em vasos de pequena dimensão.
Mas outras dezenas de espécies e híbridos produzem frutos comestíveis, apreciados no geral pelo seu sabor ácido e marcante.
Podemos destacar aqui, além do maracujás-roxos, o maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa); o maracujá-azul (Passiflora caerulea, muito resistente ao frio, mas de fruto pouco saboroso), a granadilha (Passiflora ligularis); também a Passiflora actinia, a Passiflora incarnata, o maracujá-doce (Passiflora alata); o maracujá-melão (Passiflora quadrangularis) e várias espécies de maracujás-banana como a Passiflora tarminiana, a Passiflora tripartita var. molissima, ou a Passiflora antioquiensis.
Dos híbridos podemos destacar a Passiflora ‘incense’, a Passiflora x exoniensis, ou mesmo um híbrido recente, que ajudámos a criar, a Passiflora “Cotton Candy”.
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