Hoje, 18 de maio, celebra-se o Dia Internacional do Fascínio pelas Plantas. Que bela ideia dedicar um dia às nossas grandes amigas, aliadas e protetoras. Deixarei aqui alguns dos meus fascínios. Mais do que escrever sobre plantas, gosto de fotografar plantas. No ritmo acelerado que a sociedade nos impõe, pouco tempo nos sobra para nos deliciarmos com as maravilhas do mundo vegetal.
As plantas que nos rodeiam
Vivemos rodeados de plantas, vestimos plantas; a nossa roupa, se não for sintética, é fabricada a partir de plantas. Linho, algodão, cânhamo e até urtigas, sim, a fibra das urtigas é altamente resistente. Calçamos plantas; a borracha dos nossos sapatos também é de origem vegetal, o papel, as mobílias, os materiais de construção, a cosmética, os medicamentos.
As plantas medicinais
Algumas plantas são autênticos salva-vidas como a papoila (Papaver somnifera) no fabrico da morfina, imprescindível no alivio da dor em doentes terminais, o taxol (Taxus sp), proveniente do teixo, no tratamento dos cancros da mama e do útero, essa fantástica árvore mítica, venerada e protegida por muitas culturas sobretudo na mitologia dos povos celtas e do Norte da Europa. A dedaleira, tão utilizada pela indústria farmacêutica para a extração da digitalina e digitoxina, usadas no fabrico de medicamentos cardíacos. A rainha-dos-prados (Filipendula ulmaria) outrora denominada Spirea, de onde foi sintetizada pela primeira vez (só mais tarde se extraiu do Salix alba) o ácido acetilsalicílico, que deu depois origem à aspirina.
Formas e texturas que fascinam
Estou sempre de câmara em punho à espreita de algum detalhe que me fascine – e são tantos. Desde o dente-de-leão (Taraxacum officinalis), de aparência delicada e frágil, irrompendo com firmeza do alcatrão das estradas. As formas e as texturas de várias folhas, todas elas com objetivos bem definidos e inteligentes, as de grande porte como a costela-de-adão (Monstera deliciosa) ou os fetos arbóreos são muitas recortadas para deixar passar o vento sem se rasgarem. Outras desenvolvem ceras por onde escorregam gotículas de água, outras ainda, como as bromélias, servem de copo/casa para algumas rãs.
Algumas, como a piteira (Opuntia ficusindica), por exemplo, desenvolvem picos nas folhas, que afinal não são folhas; são cladódios. Adaptadas para viver em locais quentes e assim evitar a perda de água, acumulando-a no seu interior carnudo e comestível. Não são apenas os figos da piteira ou figueira-da-índia que se podem comer. A polpa dos cladódios descascada pode ser consumida grelhada ou frita em tempura ou adicionada em sumos e batidos. As suas vistosas flores amarelas ou de cor alaranjada (esta exuberância é outra estratégia inteligente para atrair polinizadores) podem também ser utilizadas para fins medicinais, sobretudo no tratamento da tosse e infeções das vias respiratórias e em uso externo no alívio de problemas de pele.
Outro elemento que me fascina são as gavinhas, sobretudo dos maracujás (Passiflora sp), dos chuchus (Suchium edule) ou das capuchinhas (Tropaelum majus). Todas enroladas de formas artísticas e criativas, muitas vezes suspensas no vazio, procurando algo onde se agarrar. Impressionam-me os agaves, sobretudo os que mais visito nos jardins de Monserrate, em Sintra, os de porte gigante, folhas azuladas e acúleos afiados e avermelhados em algumas das espécies. Planta, de grande importância na economia mexicana, tal como as opúncias.
Plantas pré-históricas sedutoras
Para terminar este interminável fascínio, mencionarei mais três sedutoras e autênticos fósseis vivos. Estas plantas têm acompanhado a vida do planeta ao longo das suas várias glaciações. São elas os gingkos (Gingko biloba), que adoro em todas as estações, mas sobretudo no outono, com a sua folhagem cor de oiro. As bétulas (Betula alba), elegantes e portadoras de luz nos longos dias de escuridão dos países nórdicos. Ambas muito medicinais.
Seria impensável deixar de fora as sequoias, monumentos à dignidade arbórea, também elas com muitas histórias para contar sobre a evolução do planeta. Evolução essa que, no que respeita ao rasto deixado pelos humanos na Terra, é uma história feita de destruição, e abuso dos recursos naturais, com um final provavelmente infeliz para nós humanos. A natureza, essa continuará de forma inteligente, adaptando-se e modificando-se como sempre fez através dos tempos, com ou sem humanos.
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