Ornamentais

Os invulgares Catasetum

Originários da América Central e do Sul, os Catasetum são deslumbrantes pela sua beleza e excentricidade, únicos pelas características das suas flores e desafiantes pelo seu cultivo diferente. Cada floração é recebida como um troféu com que a planta nos premeia.

Catasetum - Haste floral completa com flores masculinas

Haste floral completa com flores masculinas

São encontrados praticamente em todos os países do Novo Mundo de climas tropicais. Crescem nos troncos das árvores ou agarrados a rochedos. As suas raízes são grossas, revestidas por uma película esponjosa e aderente – velame – que permite à planta a absorção rápida da água contida nas chuvas, orvalhos e neblinas. A exposição das raízes aos elementos não permite que as raízes fiquem molhadas durante longos períodos.

As plantas

São constituídas por pseudobolbos fusiformes, carnudos que crescem lado a lado ao longo de um rizoma. No ápice superior, várias folhas verdes, ovais e plissadas que eventualmente (com um ou dois anos) vão secar e cair deixando o pseudobolbo nu, muitas vezes coberto por uma película prateada como pele seca. Apesar de não terem folhas e ficarem com um aspeto menos verde, estes pseudobolbos são completamente viáveis, irão florir e outros pseudobolbos irão formar-se a partir deles.

Flores e polinizadores

As florações aparecem como pequenas “borbulhas” ao longo do pseudobolbo que vão evoluir para hastes florais longas e arqueadas. As flores
têm a particularidade de não serem hermafroditas como a maior parte das orquídeas; os Catasetum e os seus “primos” Cycnoches podem dar dois tipos de flores diferentes na mesma planta, flores masculinas e flores femininas. Geralmente cada haste só tem um tipo de flor, mas, quando uma planta dá mais do que uma haste, pode acontecer termos numa mesma planta dois tipos de flores distintos, o que é um grande bónus para um orquidófilo. As flores masculinas são mais vistosas, maiores e mais coloridas, e as flores femininas, mais discretas, de cores esverdeadas e normalmente ovoides, com um labelo arredondado.

Estas orquídeas são polinizadas quase exclusivamente por abelhas de cor verde e azul-metálico, do género Euglossa que existem unicamente
na América do Sul. Estas abelhas fazem verdadeiras danças à volta das flores de Catasetum e também de outros géneros de orquídeas. As abelhas-macho usam o perfume das orquídeas, que é agradável e intenso, para se perfumarem e assim atraírem as abelhas-fêmea. Ao pousarem nos labelos das flores macho para extrair o perfume, as abelhas tocam acidentalmente numa estrutura entre o labelo e a coluna formada por dois apêndices semelhante a dois pelos.

Essa estrutura funciona como um gatilho, que, ao toque, dispara as polinias (sacos de pólen) com uma substância pegajosa que as vai colar,
idealmente, nas costas da abelha. De seguida, a abelha atingida pelas polinias vai ter de encontrar flores de Catasetum femininas e entrar na
flor. Muitas vezes o seu aspeto de casulo atrai as abelhas para aí passarem uma noite protegidas e, entretanto, vão deixar as polinias dentro da flor, polinizando assim a orquídea. Este processo parece tão falível que eu diria que é como acertar no Euromilhões, mas as abelhas são tantas, o seu frenesim para usarem o perfume das flores é tal que numa floresta onde existam várias plantas, muitas flores acabam por ser polinizadas.

Flores femininas de Catasetum. Foto de Florinda Lopes

Flores femininas de Catasetum. Foto de Florinda Lopes

O cultivo

Para compreender o seu cultivo, temos de conhecer os ciclos destas orquídeas. No nosso País, resumidamente, as plantas começam a desenvolver os novos pseudobolbos no final do inverno, quando as temperaturas aumentam e os dias começam a ficar maiores. Nessa altura, espera-se. Não se rega nada além de uns míseros borrifos, se necessário, para a planta não desidratar. Assim que os novos pseudobolbos atingem um certo tamanho e as suas novas raízes atingem os cinco centímetros, aumentam-se gradualmente as regas e começa-se a fertilizar para engordar os pseudobolbos e estimular o desenvolvimento das hastes florais. Dependendo do local de floração, da luz e das temperaturas, as flores abrem no final da primavera ou no verão. Depois das florações, quando as folhas começarem a amarelecer, começa-se a diminuir as regas até ao outono, quando as plantas entram em dormência e assim se vão manter novamente até ao final do inverno. Eu utilizo vasos de plástico transparentes e como substrato uma mistura de casca de pinheiro com musgo de esfagno ou perlite. Normalmente reenvaso todos os anos no inverno, antes de a planta iniciar o seu período mais ativo. O substrato deve ter uma drenagem excelente pois, se ficar molhado muito tempo, as raízes e pseudobolbos podem apodrecer.

Há outros géneros próximos do Catasetum e com cultivos semelhantes como os Cycnoches, os Mormodes, as Clowesia, as Dressleria, as Galeandra e os seus híbridos.

 

Neste vídeo, poderá aprender tudo sobre orquídeas com o especialista José Santos.

 

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