Usitatissimum significa muito útil, utilíssimo. A palavra ajusta-se perfeitamente ao linho Linum Usitatissimum, L.). É bastante nutritivo e acentuadamente medicinal através das suas sementes, vulgarmente conhecidas por linhaça.
Utilizações do linho
Na alimentação
Nestes âmbitos, a linhaça pode ser utilizada inteira, esmagada, em papas, em cataplasmas e até directamente em infusões. Possui baixa taxa de açúcar, sendo indicada, nomeadamente, para debelar problemas de prisão de ventre, anemia, aterosclerose e obesidade. Experimente colocá-las em qualquer fluído alimentar. O resultado é imediato: absorvem-no, incham, formando uma massa gelatinosa que as agrega, aumenta de volume, conduzindo à saciedade e agindo como inofensivo laxante. Para pequenos-almoços suculentos e baratos, inclua, no iogurte ou nos cereais não mais de uma a duas colheres de sopa das suas sementes.
Uso medicinal
São igualmente muito usadas nas indústrias cosméticas e farmacêuticas. Contêm elevada e saudável quantidade de gorduras ómega 3. Há-as douradas e castanhas para os mesmos fins. Afora este particular, a verdade é que estas sementes reúnem reconhecidos agentes anti-cancerígenos que previnem a formação de tumores. Desde a Antiguidade tem marcado posição também nas Belas Artes por emprestar excepcionais acabamentos de superfície, durável, lisa e vítrea. Também, tradicionalmente, as conhecemos nas indústrias de tintas e vernizes por o seu óleo se afirmar como excepcional secante e diluente.
Fabrico de vestuário
A utilidade da planta ainda não fica por aqui! A sua palha tem igual dignidade: a sua finura lembra (mal comparado) um sub-nutrido. Como é possível um caule com cerca de um metro de altura e apenas com um a dois milímetros de espessura, ser constituído por fibras tão resistentes à tracção, como atestam os seus têxteis em panos, cordame e redes de pesca? O caule, além de muito fino, é desprovido de nós.
No seu desenvolvimento, para resistir, de pé, é amparado pelos da mesma família, embora caia e se levante várias vezes no seu percurso vegetativo.
Curiosidades e toponimia
Longe de pensar que um dia iria conhecer melhor a história desta planta, em consequência de um passeio de fim-desemana a Belém – aos pastéis! Junto a eles e ao Palácio de Belém reparei na velhinha Travessa das Linheiras; por ela se faz o acesso pedonal directo as Jardins de Belém. Até aí, o meu conhecimento e utilidade de tal planta não passavam da confirmação de que sempre me senti muito confortável ao vestir peças de roupa de linho.
Nesse tempo, nada sabia eu do complexo e tormentoso ciclo desta “frágil” planta! A partir daí, acicatado pelo nome daquela Travessa, procurei saber mais acerca da sua identidade. De tal sorte me entusiasmou o “usitatissimum” que passei a incluí-lo no pequeno-almoço e depois a produzi-lo!
Fiquei então a saber que, mais acima, o linho era produzido nos campos agrícolas desta região e depois transformado por estas linheiras. Mais tarde, elas iriam ver e saborear o resultado do seu árduo labor no velame das caravelas enfunadas ao vento que, da Praia do Restelo, zarpavam, inflectindo para Sul – rumo à aventura do distante e desconhecido.
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