Esta é uma planta que, além de tintória, é também comestível com moderação, sendo habitual as crianças mordiscarem os caules azedos enquanto brincam pelos campos cobertos por flores amarelas.
Durante a coleta consciente da Oxalis pes-caprae, a vizinha passou e disse: “Mijona por todos os lados, vais fazer o quê com elas?” Eu nunca antes havia ouvido esse nome, por um momento achei que estava a insultar-me, mas logo vi que a nossa conexão foi meramente curiosidade mútua. Aprendi que a mijona é uma planta comestível com moderação, algumas crianças da aldeia sugam a seiva mordiscando o caule, enquanto brincam pelos campos cobertos por flores amarelas. O nome vem da palavra grega que significa “azedo”, como seu sabor. Foi usada como um amuleto no passado, pois acreditava-se que a natureza da acidez de Oxalis mantinha as cobras venenosas longe.
Portanto, facilita a conexão do mundo natural com um ritual pessoal. Usa-se essa planta na extração da cor para tingir de forma natural os tecidos. E dar vida e história aos tecidos de fibras naturais.
Aplicação no tingimento natural
A primeira coisa a fazer é a colheita consciente para o tingimento natural antes da chuva; ao colher, o caule sai facilmente junto com a flor do falso trevo. Deve-se então deixar a colheita do lado de fora ou junto da janela por algum tempo, para que todos os insetos que vierem na planta se afastem.
A qualidade tintória dessa planta não é duradoura, sendo por isso recomendada para projetos que não requeiram o uso constante da peça tingida sob exposição do sol ou demasiadas lavagens. Após todos os insetos terem tempo de se irem embora, faz-se um chá da planta e mergulha-se a peça a ser tingida (previamente tratada com mordentes naturais). Como mordentes naturais, usa-se o sulfato de alumínio de potássio para peças de fibras proteicas (como a lã, seda entre outras) e soja para peças de fibras vegetais (algodão, linho, entre outras).
A cor do chá dessa planta torna-se amarelo com o calor e, ao adicionar a fibra previamente tratada, as moléculas da fibra atraem as moléculas de pigmento. A cor amarela, brilhante como o sol do meio-dia, passa para o tecido.
Relação psicoexistencial
A Oxalis pes-caprae é uma das primeiras flores a desabrochar com vividez durante o inverno, suporta e alimenta os insetos polinizadores, representa um excelente estimulante invernal através do palato. Esta planta é capaz de se auto-organizar em seu aspeto conforme a luz solar e apresenta uma flor cálice que se abre em pleno sol. A cor vibrante das flores sobressai sobre os campos; essa mesma cor não engana no tingimento natural, dando-nos amarelo-vivo quando aplicada no tecido. Acalma a impaciência, os tiques, os movimentos involuntários de autossabotagem, os longos discursos e o medo de perder. O impulso curador e transformador refletido na peça de tecido natural tingido por essa planta auxilia a conter a energia e trabalha a reciprocidade.
A quem se dirige
Aconselho o uso dessa planta através do tingimento natural a todas as pessoas que desejam libertar-se de um forte ascendente do corpo emocional sobre os corpos físico e vital.