Muitos de nós, tendo tempo disponível, gostaríamos de recolher as nossas próprias sementes, quer das plantas cultivadas por nós, quer das plantas cultivadas por outros ou ainda dos campos.
A recolha de sementes, no entanto, não é uma atividade assim tão simples e linear, muito pelo contrário!
Exige que se tenham bastantes conhecimentos e que se saiba muito bem o que se está a fazer, pois há inúmeros aspetos a ter em consideração.
Como obter sementes de qualidade
Para obter sementes de qualidade, estas têm de provir de plantas em que as várias fases que constituem o processo reprodutivo tenham ocorrido com normalidade, nomeadamente a floração, a polinização, a fecundação e frutificação.
Para cada variedade existe um processo de seleção que permite manter as características específicas dessa mesma variedade.
Critérios a ter em conta na seleção das sementes
De um modo genérico, há um conjunto de critérios a seguir para manter as características das variedades e selecionar as sementes a guardar de uns anos para os outros, tais como:
• Recolher sempre sementes das plantas e frutos que têm as características que mais nos agradam e que consideramos os melhores exemplares;
• Escolher sempre sementes provenientes de plantas e frutos sãos, sem qualquer indício de sinais de doenças ou pragas;
• Recolher sementes de pelo menos 20 exemplares de plantas diferentes para com isso permitir a diversidade genética da variedade que pretendemos;
• Não recolher sementes de plantas que já sabemos de antemão que são híbridas;
• Não recolher sementes de variedades que estejam próximas umas das outras e possam hibridar com facilidade. Para evitar estas situações, recomenda-se que haja um afastamento entre este tipo de plantas/variedades de 500 a 1000 m e de preferência com barreiras que não permitam ou reduzam significativamente a troca de pólen entre variedades distintas. Se recolhemos sementes de plantas híbridas, o mais certo é que, no ano seguinte, quando as semearmos, iremos obter plantas com características diferentes das que queremos. Acontece frequentemente com curgetes, melão e pepino.
Teste de viabilidade das sementes
Uma vez recolhidas as sementes ou os frutos que as contêm, há que proceder à sua limpeza.
Antes de guardar as sementes, é comum fazer um teste caseiro básico de viabilidade que consiste em colocar as sementes num recipiente com água, aguardar uns dez minutos e verificar que algumas ficam a boiar e outras vão ao fundo.
As que ficam a boiar é porque não estão boas e retiram-se. Deita-se a restante água fora e ficamos apenas com as sementes que foram ao fundo, que secamos e preparamos para guardar.
Conservação de sementes
Para garantir o sucesso da conservação das sementes, é importante evitar locais húmidos, com calor e com variações de temperatura.
Depois de secas, as sementes devem ser guardadas em recipientes de vidro ou plástico, com tampas herméticas, para evitar humidades e oscilações de temperaturas.
Deixe pelo menos um terço dos frascos com ar. Devem ser guardadas num local fresco; muitas podem mesmo ir para o frigorífico. O tempo de viabilidade das sementes varia de espécie para espécie.
Cuidados
Se recolhemos sementes de plantas híbridas, o mais certo é que no ano seguinte, quando as semearmos, iremos obter plantas com características diferentes das que queremos.
Acontece frequentemente com as curgetes, melão, pepino. Uma vez recolhidas as sementes ou os frutos que as contêm, há que proceder à sua limpeza.
Métodos de limpeza das sementes
Os métodos de limpeza de semente que se recomendam são três: a seco, limpeza húmida e limpeza fermentada.
1. Limpeza a seco
O método a seco é utilizado para as sementes grandes ou vagens, espigas e cápsulas (feijões, ervilhas, cereais, couves, alfaces, cebola, nabos, alho-porro, entre outros) e consiste simplesmente em extrair as sementes dos seus “invólucros” (vagem, cápsula, etc.) depois de devidamente secos por um processo mecânico simples como a fricção.
As sementes soltam-se simplesmente e depois há apenas que proceder à sua limpeza e separação dos restos que não são semente.
2. Limpeza húmida
O método húmido aplica-se a sementes que estão acomodadas na polpa dos frutos (melão, melancia, abóbora, etc.) e implica a sua remoção individual manual e posterior lavagem e colocação a secar num local à sombra.
Limpeza fermentada do tomate passo-a-passo
Na limpeza fermentada, distinguem-se três fases: a remoção da semente do fruto, a fermentação, lavagem e secagem das sementes.
1. Apanhe o tomate bem maduro. Como utensílios, vai precisar de um jarro e de um coador.
2. Corte o tomate ao meio e esprema o conteúdo para um recipiente.
3. Junte um pouco de água. Utilize apenas a necessária para variedades com pouco sumo.
4. Coloque-o num local quente à sombra, por dois/três dias. Formar-se-á um manto de bolor à superfície, ao fim de três dias e não mais de quatro (não deve ser remexido neste período).
5. Lave as sementes em água corrente – pode recorrer a um coador ou crivo.
6. Espalhe as sementes num prato e coloque em lugar seguro e à sombra. Depois de algumas horas, esfregue as sementes para que se soltem umas das outras.
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