Desde os tempos de Hipócrates e Dioscorides que a valeriana é utilizada como tranquilizante do sistema nervoso. Foi, no entanto, entre os séculos IX e XI que esta planta ganhou grande popularidade acreditando-se curaria praticamente tudo. O significado do seu nome em latim valere , significa bom para a saúde. Usava-se como incenso religioso, condimento e perfume. Em Inglaterra era cultivada em vasos e utilizada como tempero.
A sua raíz era considerada uma defesa contra doenças pestilentas e também se penduravam ramos para afastar relâmpagos e seres demoníacos, era ainda costume verter leite através de grinaldas de valeriana para que as bruxas não o conseguissem estragar.
Acredita-se ainda que foi graças à raíz de valeriana que o famoso flautista de Hamelin conseguiu expulsar os ratos da cidade pois o seu forte odor é ainda hoje utilizado para atrair ratos para as ratoeiras, como boa alternativa aos venenos químicos. Este mesmo odor é um grande atractivo para os gatos e pode ser uma forma de os treinar a fazer as necessidades sempre no mesmo sítio tal com a nêveda-dos-gatos (Nepeta cataria L.).
A valeriana era a erva da Deusa Germânica Herta que montava um garanhão e a utilizava juntamente com lúpulo para substituir as rédeas. Posteriormente, foi dedicada a São Benedito. Durante a I Guerra Mundial foi utilizada para tratar uma doença nervosa causada nos combatentes pelas explosões das bombas, empregando-se também no alívio de dores de cabeça.
Habitat
A valeriana (Valeriana officinalis L.), da família das Valerianáceas, é uma planta herbácea e rústica, podendo atingir cerca de 1 metro de altura, produz inflorescências compostas por pequenas flores muito perfumadas e brancas, por vezes raiadas de cor-de–rosa.
As folhas são profundamente divididas com margens dentadas, o caule é oco e estriado, a raíz apresenta uma parte central cónica e curta, quando partida liberta um odor desagradável, é esta a parte utilizada em fitoterapia. É nativa da Europa (excepto zona mediterrânica e Ásia setentrional). É também espontânea e cultivada na América do Norte, gosta de locais húmdos, principalmente florestas e margens de rios. Muito cultivada na Europa Central e Oriental.
Constituintes
A valeriana contém mais de 150 constituintes, entre estes óleos voláteis (cerca de 2%), ácido isovaleriánico, que lhe confere aquele cheiro característico, limoneno, flavonóides, alcalóides, iridóides, taninos, resinas, entre outros.
Propriedades
Têm sido efectuados numerosos estudos farmacológicos sobre os efeitos sedativos da raíz de valeriana, atribuindo-se-lhe efeitos tranquilizantes, hipnóticos e anti-espasmódicos. Recomendada em casos de dores de cabeça, insónias, ansiedade, útil em palpitações, (quando acompanhada por um especialista), baixa a tensão arterial, alívia dores de estômago e dores menstruais,. Na fitoterapia europeia é à muito utilizada como vermífugo, antídoto para venenos e no alívio da asma e outras dificuldades respiratórias, uma infusão de raíz de valeriana e flores de tília é um tratamento caseiro contra a epilepsia.
Precauções
Evitar ingerir bebidas alcoólicas quando tomar valeriana, não usar com outros sedativos, pois potencializa o seu efeito, não usar durante a gravidez, nem em crianças com menos de 3 anos, não utilizar durante longos períodos (cerca de 2 semanas), pois pode causar alguns efeitos adversos como dores de cabeça e taquicárdias.
No jardim
Gosta de meia-sombra, as raízes devem estar sempre húmidas e frescas, dá-se bem junto dos lagos, é uma boa planta para consociar com legumes, pois as suas raízes por serem ricas em fósforo atraem minhocas. Pode plantar em vasos grandes na sombra ou sombra parcial. Desbaste após a floração e junte as folhas ao composto, pois são ricas em sais minerais. Desenterre as raízes com dois ou três anos para secagem
e iStock
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