Joseph Hooker, médico e filho do diretor dos ingleses jardins de Kew, explorou durante vários anos as montanhas e florestas da Índia procurando novas espécies botânicas. Em 1849-50, juntou-se-lhe Thomas Lobb, um caçador de plantas originário da Cornualha, que, contratado por um dos mais importantes viveiristas e comerciantes de plantas, tinha como objetivo procurar, coletar e enviar para Inglaterra as mais desejadas plantas da época vitoriana – orquídeas. Durante esses dois anos, Lobb encontrou muitas espécies novas nunca antes vistas na Europa, entre elas, a magnífica vanda-azul (Vanda coerulea). Até Joseph Hooker, um homem da ciência pouco dedicado à poesia, imortalizou o momento da descoberta de modo verdadeiramente poético: “Nas árvores, cresciam em profusão agitando pálidas borlas azuis ao vento, como o esvoaçar de milhares de borboletas da cor do céu”. Deveria ter sido uma visão extraordinária.
As orquídeas do género Vanda (o nome deriva da palavra em sânscrito para a espécie Vanda tesselata) aparecem por toda a Ásia, desde a Índia, China, todo o Sudeste Asiático, Indonésia, Nova Guiné, até à Austrália, no estado de Queensland. Existem numa enorme variedade de tamanhos e cores, como, por exemplo, as pequenas flores laranja do Ascocentrum miniatum até às Vanda coerulea com flores de 13 cm de cor azul, mas também encontradas nas florestas em variações brancas e rosa.
São as grandes “adoradoras” do sol, crescendo em climas tropicais quentes, de forma epífita, agarradas ou suspensas nas árvores decíduas que lhes permitem receber os raios solares em pleno.
Vandas em casa
São orquídeas difíceis e exigentes. Apesar de se encontrarem facilmente, a taxa de sobrevivência pós-venda não é muito grande e muitas começam a sofrer com o transporte mesmo antes de serem compradas, chegando depois às nossas casas já fragilizadas e com problemas difíceis de resolver.
São plantas que crescem em climas diferentes do nosso. As temperaturas, mesmo no inverno, não descem dos 18-19 graus. Nem durante a noite. Existe uma grande humidade no ar nas estações mais quentes, zonas de florestas nebulosas ou florestas das chuvas em que as temperaturas são muito altas, mas também chove bastante e praticamente todos os dias. As raízes destas orquídeas, a crescerem ao longo dos troncos das árvores ou pendendo dos ramos, para captar melhor a água, absorvem a humidade muito facilmente, mas também rapidamente secam. Um bom arejamento é essencial.
Antes de comprar
Não há necessidade de comprar uma planta com problemas. Elas são difíceis de recuperar após terem sido maltratadas. E, por vezes, pomos em risco a nossa coleção por causa de uma planta menos boa que adquirimos porque temos pena.
A planta deve ter as folhas em boas condições, uma cor verde brilhante, sem manchas, sem pontas amarelas e sem falhas. As Vanda são monopodiais, crescem na vertical, formando um “tronco” central. Essa parte central deve estar cheia de folhas, sem áreas nuas ou amareladas. As raízes devem ser grossas e de cor prateada. Raízes enrugadas, cinzento-escuras ou descarnadas, sem a parte esponjosa, não estão em condições e vão criar muitos problemas.
Cultivo
Se não tem uma estufa aquecida ou um lugar na sua casa onde manter as suas Vanda a temperaturas acima de 18 graus durante todo o ano, não vale a pena investir nestas orquídeas. No nosso país, são cultivadas como plantas de interior pois os nossos invernos são demasiado rios para elas. Na primavera e verão, podem até ir para o exterior, mas têm de ter muitos cuidados. Devem ser colocadas num local luminoso, mas sombreado, porque o nosso sol é muito mais forte do que o sol do Oriente e, nos meses mais quentes, poderão precisar de regas diárias. Serão plantas que terá de levar consigo se tirar algumas semanas de férias no verão.
Cultivam-se suspensas ou em cestos com casca de pinheiro grada e precisam de uma adubação semanal.
São orquídeas das mais exigentes, mas, depois de encontrarmos um local de que gostem e onde as condições lhes sejam favoráveis, podem dar-nos duas ou três florações por ano. Desde que tenho estufa quente e bem iluminada, noto que as Vanda florescem muito bem, ao contrário do que acontecia na minha casa anterior, onde apanhavam pouca luz no outono-inverno e onde nunca tive grande sucesso.
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