Aromáticas e Medicinais

Vara-de-ouro: afinal o que é?

São várias as plantas conhecidas por este mesmo nome vulgar, vara-de-ouro. Veja qual a diferença entre elas e como pode distingui-las.

A tágueda é uma das muitas plantas que se cruza sempre nos meus passeios de norte a sul de Portugal. É muito comum em locais secos e descampados, de aroma intenso e muitíssimo apreciada pelas abelhas.

Quando o verão já começa a encaminhar-se para o outono e escasseiam as flores, sobretudo em anos de pouca chuva, lá está a ela a encher os campos de cor, aroma e alegria, sobretudo para as amigas abelhas. Um dos nomes pelos quais também é conhecida é vara-de-ouro.

No entanto este vernáculo aplica-se também a um Solidago, o Solidago virgaurea conhecido em inglês por golden rod e muito utilizado para fins medicinais.

Ambas pertencem à família das Asteráceas. Tanto o Solidago como a tágueda (Dittrichia viscosa) são conhecidos pelos seus usos na tinturaria.

Tágueda

Existe a superstição de que onde cresce espontaneamente a solidago, é um local protegido.

História

Existem mais de 100 variedades de Solidago, quase todas oriundas da América do Norte, onde muitas delas são desde tempos remotos usadas pelos índios para fins medicinais como cicatrizante e desinfetante de feridas e picadas de insetos.

No século XVII, a planta seca era exportada dos Estados Unidas para os mercados de Londres, onde era vendida como uma panaceia para todos os males.

Mas eis que um dia alguém a avistou a crescer espontaneamente em Hampsted Heath e isso foi o suficiente para que a sua reputação como planta exótica cura-tudo caísse por água abaixo ou melhor, rolasse pelas suaves colinas de Hampstead e caísse no esquecimento das pessoas.

Supõe-se que Solidago virgaurea seja a única nativa da Europa e, acerca do seu habitat em Portugal continental, a Flora.on faz a seguinte descrição: “cresce em pinhais e matos litorais, por vezes, dunas, fendas de rochas, taludes, orlas de bosques e pinhais. Em sítios secos, frequentemente arenosos”.

É muito mais rara do que a Ditrichia viscosa, que abunda nos campos de norte a sul do País. “Em clareiras de matos xerofílicos, pousios, bermas de estradas, pastagens abandonadas, baldios, campos agrícolas incultos e margens de linhas de água degradadas. Ruderal.”

A Solidago ficou esquecida durante mais de dois séculos como planta medicinal, mas foi redescoberta no século XIX, época em que passou a ser muito apreciada como planta ornamental. Em Portugal, podemos encontrá-la em quase todas as floristas e em grande abundância no meu quintal.

Tem de facto um comportamento um pouco atrevido, mas gosto dela talvez por isso mesmo. Suponho que a variedade que tenho seja a Solidago Canadensis ou Solidago gigantea.

Existe ainda a superstição de que o local onde cresça espontaneamente Solidago é um local protegido. Gosto de acreditar nisso, gosto muito.

Propriedades medicinais da Solidago

Quanto às suas propriedades medicinais, essas ninguém as pode tirar e são muitas. Tem propriedades analgésicas, desparasitantes, antifúngicas, anti-inflamatórias, antissépticas, adstringentes, diuréticas, descongestionantes, carminativas e expetorantes.

  • Em uso externo, em infusão, é eficaz para desinfetar feridas, estancar o sangue e cicatrizar.
  • Compressas para aliviar dores artríticas, queimaduras, fungos, eczemas e psoríase.
  • Em forma de gargarejos, no tratamento de dores de garganta e dores de dentes.
  • Em lavagens, no alívio sintomas de candidíase.
Solidago

A Tágueda ou Ditrichia Viscosa tem propriedades anti-inflamatórias, antibaterianas e anti-fúngicas. Pode ser usada como inseticida natural para tratar outras plantas.

No sistema digestivo, é usada em infusão ou em extratos para equilibrar a flora intestinal, aliviar cólicas, indigestão, náuseas e diarreia. Usada para regular o ciclo menstrual e aliviar dores menstruais.

É descongestionante das vias respiratórias, ajudando a combater gripes, tosse, constipações, sinusite, bronquite, dores de ouvidos e catarro crónico. É eficaz como diurético e antisséptico das vias urinárias, sendo recomendado em casos de pedra na bexiga ou no rim.

Fortalece as paredes da bexiga, sendo útil em casos de infeções urinárias e incontinência. Ajuda a eliminar toxinas do organismo, sendo portanto, também recomendado no tratamento da gota.

Estas terão sido são as razões pelas quais esta “vara-de-ouro”, agora ornamental e outrora tão medicinal, era tão procurada nos mercados ingleses.

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