Jardins & Viagens

Caminhos das pedras e da água: São João das Lampas, entre Moinhos de Vento e de Água

Propomos mais uma aliciante caminhada para toda a família pela região saloia, com início na povoação de Catribana, São João das Lampas, num diversificado percurso circular com cerca de oito quilómetros, com inúmeros de pontos de interesse. Partindo da povoação e seguindo para este, por um caminho de terra batida, encontramos o conjunto classificado como imóvel de interesse público Ponte e Calçada romanas e Azenha na Catribana.

Estas estruturas fariam parte de uma via romana secundária que se juntaria a outra de maior importância, vinda de norte junto à costa em direção a Olisipo (Lisboa), confirmando a importância desta região durante o período de ocupação romana.

A ponte, constituída por arco único de volta perfeita, permite atravessar a ribeira de Bolelas. Construída em blocos de pedra calcária do local, tem-se mantido em bom estado de conservação devido a múltiplas reconstruções que foram ocorrendo ao longo do tempo, sendo a sua origem provavelmente do século III d.C.

Subindo para sul pelo troço de calçada romana localmente conhecida por Caminho do Castelo, entre muros de pedra seca e sebes de Prunus spinosa, abrunheiro-bravo, arbusto autóctone espinhoso que aparece espontaneamente na orla dos bosques, nas bermas dos caminhos e, neste caso, em sebe de campos agrícolas impedindo a passagem do gado, chegamos ao planalto de São João das Lampas, terra especialmente apta para a produção de cereais, pontuada por moinhos de vento.

Junto ao cemitério, virar à direita em direção ao vale da ribeira da Samarra, até ao pitoresco local da Azenha da Fonte da Bolembre, perfeito para uma pequena pausa e onde existe uma ponte romana, uma pequena cascata e uma represa.

Não atravessamos a ponte, retrocedemos um pouco e tomamos o trilho à esquerda pelo pinhal, seguindo pelo vale da ribeira da Samarra sempre para norte até à Ponte da Fonte da Pipa. Pelo caminho da levada, chegamos à Azenha, propriedade privada, recuperada e em funcionamento, sendo possível perceber o funcionamento do engenho e o modo como eram moídos os cereais produzidos nos campos próximos.

Caminhando sempre ao longo da ribeira, encontramos a quarta e última ponte do percurso, a Ponte da Fonte da Anca e Cascata, outro local que convida a permanecer e usufruir durante algum tempo. Tomando o caminho de regresso, deixando para trás o vale e subindo a encosta, onde as vistas se alargam, permitindo perceber o relevo, os vales das duas ribeiras, o ponto onde se encontram e o mar.

Nas encostas, avistamos antigos campos agrícolas divididos por muros de pedra seca ou sebes de arbustos espinhosos e ruínas de construções em pedra.

Na primavera, há que ir especialmente atento ao caminho, pois vamos encontrar inúmeras espécies da flora autóctone em floração, com formas e cores verdadeiramente surpreendentes. Alguns exemplos do que podemos encontrar: Muscari neglectum (1); Romulea bulbocodium (2); Scilla peruviana (3), cebola-albarrã-do-peru e a orquídea Ophrys lutea (4), também conhecida por erva-vespa.

Quase a chegar a Catribana, há que atravessar de novo a ribeira de Bolelas, mas desta vez não existe ponte – dependendo da altura do ano, poderá ser necessário molhar os pés, uma ótima forma de terminar a nossa aventura.

PONTOS DE INTERESSE:

Fonte da Catribana e lavadouro; Ponte e calçada romanas; Moinhos de vento; Azenha da Fonte da Bolembre; Ponte da Fonte da Pipa; Azenha; Fonte da Anca e Cascata.

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