No mundo das orquídeas, há pequenas maravilhas que, sendo raras, já se vão encontrando nas coleções privadas de alguns orquidófilos e nas exposições de orquídeas portuguesas. O género Gastrochilus é constituído por cerca de 55 espécies e a espécie-tipo, o Gastrochilus calceolaris, foi descrita pela primeira vez em 1825 pelo botânico escocês David Don. São orquídeas epífitas, de crescimento monopodial – o vegetal lembra uma pequena Phalaenopsis – que são encontradas a crescer nas árvores das zonas montanhosas da Índia, China, Japão, Malásia e em muitas ilhas asiáticas a altitudes entre os 500 e os 2500 metros. Essa variação de altitudes permite-nos encontrar espécies de clima temperado, mas também algumas que estão habituadas a invernos mais frios.
O género Gastrochilus é constituído por cerca de 55 espécies e a espécie-tipo, o Gastrochilus calceolaris foi descrito pelo botãnico escocês David Don.
Neste género podemos encontrar espécies que atingem somente os 4-5 cm de largura como outras com cerca de 12-15 cm de folha. Com estes tamanhos em estado adulto, são o que chamamos de micro ou miniorquídeas. As suas folhas são carnudas, de cor verde e não ultrapassando um ou dois centímetros de largura. Têm uma dobra longitudinal e muitas são bilobadas. A planta principal pode ramificar-se na base originando múltiplas plantas. As raízes são grossas para o tamanho da planta e cobertas de velame.
A floração
As florações aparecem nas axilas das folhas mais baixas e são formadas por pequenas hastes florais, pendentes ou eretas, com múltiplos botões, podendo variar entre cinco e vinte, dependendo da espécie. Esses botões originarão pequenas flores, entre 1-2 cm, com pétalas e sépalas geralmente amareladas com pintas ou manchas mais escuras, até ao tom púrpura. A característica principal das flores é a pequena protuberância no labelo, oca e aberta na parte superior.
O nome Gastrochilus vem da combinação das palavras gregas gaster (barriga) e cheilos (lábio) pela pequena “barriga” encontrada no labelo. Além das bonitas cores e formas, o labelo tem, em algumas espécies, algumas pilosidades que assemelham as flores também a pequenos insetos.
Condições de cultivo
O cultivo destas orquídeas precisa de uma atenção mais cuidada, mas não são de todo orquídeas de grande dificuldade de manter nem de florescer. Grande parte dos cultivadores aconselha que os Gastrochilus sejam montados em placas de cortiça ou xaxim. Se cultivadas em vaso, o substrato deverá permitir uma boa drenagem a fim de obtermos a quantidade de humidade nas raízes para que não apodreçam. A escolha mais favorável serão pedaços de 1-2 cm de casca de pinheiro ou cortiça a que se junta um pouco de musgo de esfagno. Se montadas, as raízes devem também ter algum esfagno à sua volta para manter a humidade nas raízes durante algumas horas.
Preferem luz filtrada e nunca sol direto, com um bom arejamento e humidade do ar até 85%. As temperaturas ideais situam-se entre os 10-26 graus, podendo as máximas e mínimas variar de espécie para espécie. Muitas plantas, se adultas, também se adaptam facilmente a temperaturas diferentes, mas nunca muito frias e, se sujeitas a temperaturas mais quentes, necessitam de regas mais frequentes. As regas devem ser mais abundantes, mais frequentes e com fertilizante (diárias nos dias de maior calor) na primavera-verão, quando a planta está a desenvolver novas folhas, e menores nos meses mais frios de inverno (o período de repouso).
As flores aparecem geralmente no outono, mas, em nossas casas, com condições artificiais e controladas, podem florir numa época diferente ou até mais do que uma vez por ano. Estas pequenas orquídeas com as suas perfumadas florações serão com certeza mais uma razão para aumentar a sua coleção. E, como são pequenas, há sempre espaço para mais uma!
FOTOGRAFIAS GENTILMENTE CEDIDAS POR HELENA CERVEIRA, ISABEL DINIS, JOSÉ ALMEIDA E LUÍS GONÇALVES.
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